Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Checkup

E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Chico Buarque (Geni e o zepelim)

Depois de quase 45 anos relevando os pedidos insistentes da família para que eu fosse ao médico, porque eu sou gordinho, porque já passei dos 40, porque já estou precisando de óculos para ler as marcações das bandas, eu resolvi aproveitar o final de ano para um checkup total. T-O-T-A-L!!!

Conversando com outros quarentões, resolvi começar com o cardiologista. O homem resolveu que eu faria todos os exames de que ele já tinha ouvido falar, talvez porque soubesse que estava conversando com outro profissional da área da saúde, com doutorado, ou seja, ele sabia que eu não sou completamente ignorante no assunto. Então preencheu um caderno inteiro com pedidos de exames, que eu terminei hoje:

EXAMES DE SANGUE

Isso eu já tinha feito: jejum de 12 horas e depois colher sangue no laboratório, nada de drama, já passei por coisa pior. Moleza. Fiz um lanche um pouco melhor no dia anterior, às 4 da tarde, depois fiquei só na água gelada até o outro dia. Depois do laboratório, café da manhã normal, que eu também não sou nenhum Pantagruel.

HOLTER 24h

Esse foi barra pesada. É um eletrocardiograma de 24h, ou seja, a gentil enfermeira (ou algo que se equivalha) raspa seu peito, gruda eletrodos, liga todos eles em um gravador. Os fios também são estabilizados na sua pele depilada com esparadrapo (daqueles que só desgrudam quando você não quer) e a central é pendurada no cinto. O problema é que você não pode se mexer: o esparadrapo puxa os pêlos que sobraram, causando dor lancinante e alterando o traçado do eletro, porque dá taquicardia (é claro, dor causa taquicardia, velho), o fio pode se soltar do gravador, os eletrodos podem se soltar da pele, etc, etc. Banho, nem pensar. Sexo, então, neca. Pra dormir, um pesadelo: o tal gravador pendurado no cinto (ficou engraçado, porque eu durmo nu) e eu tentando, em vão, virar na cama. Ou seja, noite em claro.

Na hora de remover, imagine: alguns pêlos grudaram no esparadrapo, né? Pois então. E eu, com o peito xadrez, cheio de quadradinhos depilados, voltei pra casa, tomei um banho de quase uma hora e dormi algumas. Ainda bem que estou de férias.

MAPA DE PRESSÃO ARTERIAL

Contribuintes do meu país: eu não sei que pecado eu cometi pra passar por essa provação, mas, com certeza, minha alma está salva. Já posso morrer sossegado, pelo menos acho que vou poder escolher se quero ir pro céu ou pro inferno. Se não fosse por isso, eu não teria escolha. Vai que o céu é chato...

Fato é que esse tal mapa é feito com um aparelho de pressão (lembra, aquele com um torniquete pneumático, que espreme o seu braço até a mão ficar roxa e vai soltando aos poucos, devagarzinho...), que fica no seu braço POR 24 HORAS, medindo a pressão a cada 15 minutos! É brincadeira? Pior: tem também o tal gravador, pendurado no cinto. Bom, pelo menos esse não tem esparadrapo, o gravador eu consegui tirar do cinto e colocar na mesa de cabeceira durante a noite, o que não ajudou muito, porque a cada 15 minutos o danado começava (com um ronco surdo, brrrrrrrrrrrrr) a inflar o mangote e espremer meu braço. É claro que eu acordava, com o coração aos pulos. É claro que a pressão subiu durante a noite, como é que você quer que a descarga de adrenalina passe despercebida?

Bom, hoje eu terminei esses exames. Espero que nos próximos seja só o de sangue. Mas o melhor é que não apareceram grandes alterações em nenhum deles, ou seja, este chato aqui ainda vai ficar incomodando por muito tempo!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

CAIU!!!

Mas agora eu também resolvi dar uma queixadinha
Porque eu sou um rapaz latino-americano
Que também sabe se lamentar
Raul Seixas (Eu também vou reclamar)

Estou impressionado! Nem consigo acreditar no que está acontecendo ultimamente, acostumado que estava a esbravejar no vazio, sem esperança, sem resposta, sem retorno... pois agora, cada vez que eu escrevo alguma coisa aqui neste blog, acontece!!! Alguém aí pode acreditar nisso?!?

Pois eu tinha acabado de reclamar dos baixos salários dos professores universitários e me aparece um aumento, pequeno, insuficiente, mas aparece, melhor que nada. Agora, depois de tanto eu dizer que a CPMF é um embuste, um roubo descarado, o pior horror que já apareceu em terras tupiniquins desde a derrama, o bicho cai. Eu, sinceramente, não acreditava que ia cair. Estou acostumado a levar sempre a pior, sempre a corda arrebenta na ponta que eu estou segurando, eu pago o pato. Pois caiu! É verdade, caro leitor, a CPMF acabou, pelo menos por enquanto. Eu sei que esse governo canalha e mentiroso vai reapresentar a proposta, com outra cara, apesar de ter jurado que não vai. De governo mentiroso e bandido, podemos esperar tudo. Mas, pelo menos agora, estamos livres!

Ah, aproveite e veja como votaram os senhores senadores do seu estado. Veja se aquele moço com cara de honesto, em quem você votou, foi contra ou a favor de deixar o governo roubar de você mais um bocado do seu suado dinheirinho. Eu estou decepcionado com os senadores do MS, dois votaram a favor. Pior: Valter Pereira, um sem-vergonha, borra-botas que nem eleito foi, entrou como suplente, votou a favor. Tsc, tsc, que vergonha. Marisa Serrano (da próxima vez, juro que eu voto nela) votou contra. Os senadores da Paraíba, meu próximo estado-natal, votaram um a favor e dois contra, menos mal.

Hehehe, agora vou começar a reclamar que eu não consigo ganhar na mega-sena. Acho que vou ter que começar a jogar, também.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Foi só falar...

Eu não sei dizer nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala, fala
Luli e Lucina (Fala)

Acabei de falar que professor universitário ganha pouco e já anunciam o aumento. Eita, agora eu gostei, não vou ganhar como deputado, mas já é alguma coisa. Pra quem estava há anos sem ver mudança pra mais no holerite (eu vi que diminuiu o total que eu ganho, obra e arte dos aumentos de impostos que o governo jura que não aconteceram). Eu preciso reclamar mais, parece que está começando a surtir efeito!

DINHEIRO

Então, vamos falar da famigerada CPMF, o roubo descarado do governo. Provisório? Pfuiii! É roubo mesmo, e, quando falam que é um instrumento de fiscalização, soa inconstitucional (ei, e o tal sigilo bancário?). O fato é que, muitíssimo bem-intencionado, o Dr. Jatene criou um monstro. Todo mundo sabe que, de boas intensões, o inferno está cheio. Então, o imposto que era provisório, que era pra saúde, que era pra ser 0,1%, virou o dinosauro que aí está, onerando toda a cadeia produtiva e castigando a classe média. Quem consegue sonegar? Grandes banqueiros, grandes industriais, grandes ricos, que têm contas no exterior e não se dão ao trabalho de lidar com as migalhas que se usam aqui na terra dos tupiniquins. Pronto, já reclamei, quem sabe esse horror acabe e nós possamos movimentar nosso dinheiro pagando só as extorsivas taxas dos bancos.

SEGURANÇA

Agora tem boneca por aí fazendo biquinho porque os pobrezinhos dos bandidos são tratados como porcos em SC. Hehehe, mas era só o que faltava, quem reclama disso é porque nunca foi assaltado. Não sabe como os coitadinhos dos bandidos tratam suas vítimas. Porco é pouco. Porco é, até o dia da faca, um bicho feliz. Vive na merda, é verdade, mas não toma porrada, não sofre humilhações, não é torturado. Eu sugiro que todo defensor dos direitos humanos passe pela experiência altamente educativa de virar vítima de seqüestro nas mãos de um desses 'coitadinhos'. Ou, melhor, entregue o filho para o cara seqüestrar, depois ele diz como são as condições das cadeias de SC. Taí a reclamação sobre segurança também. Agora, vamos às mudanças. Mudanças, gente, rápido! Eu não aguento mais esperar!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O Professor Universitário no Brasil

E no escritório, onde eu trabalho,
Sempre complico,
Quanto mais eu multiplico,
Diminui o meu amor
Belchior (Paralelas)

Outro dia eu estava lendo, acho que foi a revista Veja, no consultório de algum dos médicos com que estou fazendo meu primeiro checkup em 44 anos (tudo super normal, por enquanto), que o professor no Brasil não é o pobre-coitado que parece. Informa a reportagem (eu ainda acho esse link) que o professor, na média, ganha melhor que outros trabalhadores do mesmo nível de estudo, não está tão sujeito à violência como se pensa, tem mais férias do que os outros e se aposenta antes. Tá, tudo bem, mas vamos a uma pequena comparação:

Um amigo meu, amigo de infância, estudou a vida toda comigo. Poucas vezes não estávamos na mesma sala, até o final do - na minha época, segundo grau - ensino médio. Eu fui estudar Odontologia, ele foi fazer curso de Direito. Formado, eu fui fazer mestrado e doutorado, publiquei artigos, escrevi capítulo de livro, ralei montando pós-graduação, mandei ver no consultório, entrei na universidade e, hoje, posso me gabar de trabalhar feito doido em 4 coisas diferentes: consultório, graduação na faculdade e duas pós-graduações, para pagar as contas, sempre atrasadas, sempre apertado.

Meu amigo, sem especialização, sem mestrado, sem doutorado, sem publicações, faculdade ou qualquer outra coisa, passou no concurso pra Promotor de Justiça. Tá, ele estudou feito louco, quase foi internado, mas passou. Hoje ele ganha mais de vinte mil reais por mês, trabalha 6 horas por dia, tem férias quando bem entende, vai a congressos no mundo todo com todas as despesas pagas entre outras regalias.

E vem um me dizer que ser professor é bom... só é professor quem tem muito amor à camisa mesmo. Quem é muito idealista e meio bobo. Como eu.

Dos Malvados (link na "leitura diária" aí ao lado)

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Individualização x padronização

Ausente, não sou diferente;
- eu ando nas margens da corrente
Madredeus (À margem)

No último post, um comentário do Camilo me inspirou a escrever sobre brackets. Eu uso, há muito tempo, os brackets Dentaurum, prescrição Roth. No começo, eu achava que a angulação dos anteriores era um pouco exagerada, principalmente dos caninos, mas, ortodontista novo, colava assim mesmo e terminava mal os casos. Em muitos com sobressaliência (que os cariocas chamam de 'overjet', pra imitar os americanos). Depois eu comecei a ver que eu não precisava daquela angulação toda, principalmente nos casos sem extrações, então, como a base dos brackets é redonda, eu comecei a colar incisivos e caninos com as angulações que eu achava que seriam mais adequadas. Acho que aí eu comecei a individualizar as montagens dos meus aparelhos.

Há algum tempo, o prof. Leopoldino Capelozza Filho lançou no mercado seus brackets. Eu acho que o que incomodou o Camilo foi a denominação que eles receberam: brackets pra Cl. I, pra Cl. II e pra Cl. III. Ele argumenta, com razão, que isso mais padroniza do que individualiza os casos: você tipifica o paciente em uma dessas 'classes' e, daí pra frente, é tudo igual. Além do fato de que essa classificação de Angle ter sido proposta em 1899 (veja, amigo leitor, já lá se vai mais de um século), hoje se sabe que ela é bem mais ampla, mas não é esse o foco da conversa. O fato é que se qualquer ortodontista padronizar dessa maneira os seus tratamentos, com certeza terá resultados muito, mas muito pobres.

Mas o que eu achei realmente interessante nos brackets Capelozza (atenção, eu não fui aluno do prof. Leopoldino, nem ganho nada pra falar dos brackets dele) é a possibilidade de uma real e melhor individualização do que eu consigo com os meus Dentaurum. Eu posso colar a arcada superior com brackets padrão II, que me darão torque muito pequeno nos incisivos e angulação zero nos caninos, e padrão I no inferior, caso seja necessário. Eu posso, a exemplo dos brackets Dentaurum, mudar a angulação dos incisivos, porque a sua base permite. Outros brackets, com bases retangulares, não permitem isso, sob pena de ficarem mal adaptados à vestibular, aumentando a camada de resina (eu ainda preciso terminar minha pesquisa sobre camada de resina) e diminuindo a resistência da adesão. Ou eu posso usar brackets padrão III no inferior, com angulação negativa nos caninos. Porque não?

Então eu acho que posso afirmar que eu consigo, usando uma miríade de prescrições e marcas de brackets, realmente individualizar as montagens dos aparelhos, colando um tipo de bracket nos incisivos, outro nos premolares, outro diferente na arcada inferior, e daí por diante. Eu acho que isso é, de fato, individualizar os tratamentos, montando o aparelho adequado ao tratamento que eu vou fazer, e não um padrão imposto pela indústria. Confesso que eu ainda sou daqueles que pedem cefalometria completa, apesar de confiar bastante na minha intuição e na análise facial, sempre muito subjetiva, mas gosto de inovações, renovações e tals.

Puxa, como eu gosto de discutir isso! Ainda bem que o Camilo, sempre traz opiniões e sugestões excelentes e me permite ótimas argumentações.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Histórias de Bauru

Olha reta de chegar, olha a reta de chegar
Mestre proeiro, segundo, primeiro
Edu Lobo (Corrida de jangada)

Como citado no post anterior, fui ao encontro de Ortodontia em Bauru. Ando meio ocupadíssimo com a profissão ultimamente, por isso, me perdoem pelo atraso para contar as histórias, mas quem é vivo sempre desaparece, né?

Pois então, viajei com o meu amigo Cotonette, de carro. Ele tem um pusta carrão, foi uma viagem curta e tranquila, conversamos daqui até lá, nem ouvimos as músicas. O Cotonette é gente boa. Saímos às 14:00h com sol e pouco movimento. Eu tinha reserva no Hotel Arco. Ao fazer essa reserva, o atendente me informou que eles garantiam até às 18:00h, se eu fosse chegar depois disso, deveria avisar por telefone. Eu disse que estaria na estrada, difícil telefonar. Tudo bem, ele anotou que eu chegaria mais tarde.

Chegamos às 21:30 e, adivinha: minha reserva havia sido cancelada! Eu, em Bauru (onde não conheço nada, ninguém, coisa alguma), de mala na mão, às nove e meia da noite, sem ter pra onde ir. O atendente disse que a reserva se foi, virou as costas e foi embora.

Primeira lição: Se for a Bauru, ou a qualquer outro lugar do planeta, NÃO SE HOSPEDE NO HOTEL ARCO!!!

Liguei pro Cotonette e ele me indicou outro hotel, do outro lado da rua; eu atravessei, contei minha história triste e consegui a vaga. Não era um hotel excelente, era meio velhusco, meio caro, mas eu gostei muito. À meia noite o Cotonette e o Alicate passaram no hotel pra me levar pra jantar. Fomos a uma lanchonete temática, onde o Cotonette e o Alicate pediram saladas e eu, bobão, pedi um beirute. As saladas chegaram, eles comeram e nada do meu beirute. Eles pediram batata frita (que costuma demorar), as batatas chegaram, eles comeram e nada do meu beirute. Eu já estava ficando bêbado, de tantas 'Original' que tomei, quando o beirute finalmente chegou.

Segunda lição: Quando sair com a turma, peça coisas parecidas pra todo mundo.

Depois eu conto mais.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Orgulho da Odontologia brasileira

O melhor o tempo esconde
Longe muito longe
Mas bem dentro aqui
Caetano (Trilhos urbanos)

Eu não tenho muito orgulho de ser brasileiro, não. País que não valoriza as melhores coisas que tem, elege políticos absolutamente ineptos, ladrões e bandidos, convive com corrupção e com o "jeitinho", enfim, um país onde, pra se dar bem, é preciso ser desonesto.

Mas na Odontologia, a coisa é um pouquinho diferente. Eu fui ao 11º Encontro Internacional de Ortodontia, em Bauru, promovido pelo HRAC. Como Bauru é o centro da Ortodontia brasileira, é de se esperar que os encontros lá sejam do mais alto nível, e este não me decepcionou. Só o que se poderia estranhar é que o nível das palestras dos brasileiros estava muito superior ao dos americanos. Se eu não soubesse que a Odontologia brasileira é de excelência, reconhecida em todo o mundo, eu ficaria espantado.

Não deu outra: o que os professores estrangeiros trouxeram não era nenhuma novidade, são coisas que fazemos já há mais de 10 anos. Muita expansão, pouca extração, mecânicas pouco invasivas, uso de diagramas ao invés de arcos preformados, essas coisas. Por aqui, já se fala em personalizar a angulação dos brackets (vide os brackets individualizados do Dr. Leopoldino Capelozza), mecânicas não protrusivas, etc. Ou seja: estamos bem, muito bem, na foto. Nossa ortodontia é de primeiríssima qualidade, ciência mesmo, sem empirismos, com evolução sólida. Disso dá orgulho, porque eu participo da coisa, afinal sou pesquisador também.

Então eu tenho que deixar meus parabéns a todos os Ortodontistas e todos os Cirurgiões Dentistas brasileiros que, com material deficiente e parcas condições tecnológicas, conseguem fazer uma Odontologia com "O" maiúsculo. Pra americano nenhum botar defeito.

Este post gerou outro. A discussão continua em Individualização x padronização

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Dia do Cirurgião-Dentista

Parabéns, parabéns a você, muitas felicidades
Muitos anos de vida também, e toda a nossa amizade
Parabéns alternativo (domínio popular)

Eu não sou dentista. No meu diploma está escrito que eu sou Cirurgião-Dentista. Mas eu se eu quiser me associar a um sindicato, não tem um sindicato dos Cirurgiões-Dentistas, tem um dos Odontologistas. Oras, eu não sou odontologista, nem sei o que é isso.

No entanto, hoje é o dia do Cirurgião-Dentista. Já recebi até mensagem no celular me dando os parabéns. Eu sinto orgulho da minha profissão, adoro o que faço, tanto na clínica como na universidade. Sou CD/professor e me sinto muito feliz com isso. Às vezes pode parecer que eu não gosto da Odontologia ou do magistério, de tanto que eu reclamo aqui, mas a verdade é que eu gosto tanto que me sinto no direito, até no dever, de reclamar. Alguma coisa a gente tem que fazer, e eu só faço palas coisas ou pessoas que eu gosto.

Acho que se eu reclamar bastante, é capaz de alguém se juntar a mim e, aí sim, formularmos um plano de ação conjunta e efetiva para melhorar a situação das coisas. Da Odontologia e das Faculdades de Odontologia por esse Brasil afora. Por enquanto, sozinho no meu canto, perdido aqui nas franjas do pantanal, o que eu posso fazer é reclamar e escrever na internet para que qualquer um no mundo possa ler. Estou, a meu ver, jogando minha gota d'água na floresta em chamas. Faço minha parte. Faço o melhor que posso.

Meus parabéns a todos os colegas, que sua jornada seja proveitosa e recompensadora, que você preze o bem-estar e a saúde do seu paciente mais do que o seu ganho financeiro, que você se realize na profissão que escolheu, que seja feliz. E que você consiga mudar alguma coisa no mundo, pois é esse o nosso objetivo final: sanar a dor, prevenir a doença, mitigar o sofrimento.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O meme da página 161

Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Caetano (Vaca profana)

Ninguém me chamou, mas eu vou entrar na brincadeira: O lance é pegar o livro que estiver mais perto, abrir na página 161 e copiar no blog a quinta frase completa da página.

Então, vamos lá, eu tenho aqui um belíssimo volume, Crescimento Facial, de Donald H. Enlow, e a frase é:

"Por muito tempo se questionou qual mudança anatômica ou funcional 'veio primeiro' nessa cadeia evolutiva. Posição ereta? Braquiação? Aumento do cérebro? Arcos dentários e maxila e mandíbula menos prognatas e rotadas para baixo? Flexura da base do crânio? Desenvolvimento das mãos e da visão binocular?"

Bom, podemos ver, através dessa pérola da clareza e da transparência lingüística o quão prazerosa é a leitura desse verdadeiro tratado de crescimento, meu livro de 'cabeceira' (na verdade, ele fica na primeira gaveta da minha escrivaninha, bem ao lado do meu cotovelo esquerdo, enquanto eu digito estas linhas e, quando tenho algum tempinho livre, sempre leio um pouco dele. Apesar de difícil, é uma leitura das mais necessárias e um ortodontista).

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Paraíba

Quando o verde dos teus olhos se espalhar na plantação
Eu te asseguro - não chores não, viu?
Eu voltarei, viu?
Meu coração
Luiz Gonzaga (Asa branca)

Semana em João Pessoa. Jampa, para os íntimos. Já me considero um.

Lá não se exagera no uso dos artigos, principalmente os definidos, então eu vou escrever hoje de uma forma que lembra um pouco o falar daquele povo:


  • Conheci Marcela pessoalmente. Já a conhecia daqui do blog, nos correspondíamos por e-mail, mas pessoalmente ela é encantadora. Termina o curso de Odontologia neste ano, quer trabalhar com pacientes fissurados e eu vou fazer de um tudo que estiver ao meu alcance para que ela consiga.
  • Fui recebido pela família Toledo, tradicionalíssima, com um carinho inimaginável. Gente da melhor qualidade, daquelas pessoas que a gente quer ter por perto. As "primas sexy", da minha amiga Sapavéia, são super.
  • Essa amiga, de tantos anos, de tantas histórias, que andava sumida, que reapareceu no meu MSN teclando de lá do nordeste, enforcou o emprego pra ficar comigo. Och! Mulé da moléstia, arretada. Grande companheira de cerveja, violão e cantoria.
  • Lugar lindo. Cidade grande com jeito de pequena, limpa, arejada. Povo simples. Praias... bom, nem vou falar das praias, não consigo encontrar as palavras.

Mr. Teeth quer voltar à Paraíba. À praia de Areia Vermelha. Ao Cabedelo. Eu te asseguro: não chores não, viu?

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Eu sou do mal!

Você diz que eu te desprezo, que eu me comporto muito mal
Também diz que eu nunca rezo, ainda me chama de animal
Adriana Calcanhoto (Medo de amar n.3)

Finalmente descobri porque o governo me rouba, porque meu computador pifou, porque as coisas saem erradas pra mim. Eu sou do mal. Eu sou mau, cruel e desalmado, porque não trato de graça os dentinhos das criancinhas pobrezinhas que precisam de mim.

- Oras, Mr. Teeth, você não sabia que deus castiga quem cedo madruga? Você tinha que ser um dentista do bem! Veja que lindo, os caras trabalham de graça, fazendo o serviço que eles mesmos pagam pro governo fazer e, como o governo não faz, eles vão lá e fazem. Ou seja, pagam duas vezes!!!

Eu até aceitaria tratar dente de graça. Mas pagar pra fazer isso já é meio demais pra mim. Tá, eu estudei em escola pública a vida toda, desde o primário até o doutorado. Não, na verdade o mestrado eu fiz em faculdade particular, mas tinha bolsa CAPES. Mas eu paguei por tudo isso. Eu paguei os impostos que financiam todo esse estudo, e continuo pagando pra financiar outros estudantes. Eu acho que eu não devo nada pro governo, pra sociedade, pra ninguém. Se tivessem me falado que eu ia ter que pagar duas vezes pra trabalhar, eu já teria me mudado pro Chile!

Mas eu sou assim, sou do mal, cruel, malvado, quase o cão. Dane-se, não vou mudar. Hoje, principalmente, porque estou de mau-humor.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Bem acompanhado

Sim, sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Rita Lee (Balada do louco)

Nem sei mais quantas vezes eu já argumentei aqui que tratamento odontológico baratinho sai caro. Aliás, tudo na vida é assim, não existe almoço grátis, se você se dispõe a pagar mais por um produto ou serviço, a probabilidade de ele ser melhor do que o baratinho é enorme. É claro que preço alto não é garantia de qualidade, mas que ajuda, ajuda.

Eu fico muito feliz por ver que não sou o único que pensa assim, que outros colegas vêem que a formação profissional, o investimento em conhecimento técnico-científico e a aquisição de equipamento e material de boa qualidade são importantes para um tratamento bem feito. Um artigo no Jornal do Site Odonto explica essas coisas, tratando da implantodontia. É a mais pura verdade, um profissional bem formado, que estudou a vida toda, que investiu em sua formação, que utiliza material de boa qualidade e o equipamento correto, não trabalha por um preço baratinho. É preciso ter retorno no investimento, afinal de contas, dentista não vive de brisa. Há uma idéia generalizada de que dentista tem que trabalhar baratinho ou até de graça! Porque é que não se pede que médicos trabalhem de graça? Ou vendedores? Ou pecuaristas, agricultores, pedreiros, garis, técnicos em informática...

Parece que acham que dentista e músico tem que trabalhar de graça. O pior é que eu sou as duas coisas.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sailing again

E às vezes largo o afazer, me pego em sonho a navegar
Com o nome 'Paciência' vai a minha embarcação
Chico Buarque (Xote de navegação)

Há três dias estava sem internet. Eu monto e configuro meus computadores, faço cabeamento de rede e ponho pra funcionar, mas o modem ADSL me deu uma surra de gente grande. Na verdade, esse modem que eu uso é um 3Com HomeConnect que foi "transformado" em router por obra e arte da própria companhia telefônica. Assim, quando ele travou, eu dei reset e ele perdeu toda a informação que tinha, ou seja, voltou a ser HomeConnect. Ora, eu preciso de um router, sem ele a rede fica dependendo de proxy pra funcionar, aí não tem graça. Resultado: tive que recorrer a um amigo pra baixar a ROM do OfficeConnect (o tal router), instalar a ROM via telnet e configurar tudo. Três dias de total desespero.

Hoje eu consegui navegar. Ufa! Eu nem me lembrava mais da senha de autenticação. Mas consegui. É engraçado como os dias ficam mais bonitos depois de a gente conseguir uma coisa que tenta há tempos... hoje tem sol, nuvens, previsão de tempestade. Ótimo!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Biossengurança

Cara de palhaço, pinta de palhaço, roupa de palhaço
Foi esse o meu amargo fim
Cara de gaiato, pinta de gaiato, roupa de gaiato
F
oi o que eu arranjei pra mim...
Miltinho (Palhaçada)


Eu me lembro quando escrevi sobre as gravatas dos médicos britânicos e sua relação com a transmissão de doenças. Naquela época, uma pesquisa "descobriu" que as gravatas não são lavadas com a freqüência correta e, por isso, são vetores de transmissão de microorganismos patógenos. Beleza. No mesmo post eu argumento que roupa a gente usa uma vez e lava.

Pois parece que os médicos, lá na Inglaterra, não têm lavado seus jalecos como deveriam, tanto que agora o governo britânico deve obrigar os doutores a mudar o tipo de roupa. Usar jalecos com mangas mais curtas (os normais viviam com as mangas sujas) e nada de gravata. Pois vejam, colegas: aqui no nosso país, a biossegurança manda que se use jaleco de manga comprida, luva por cima da manga (exatamente pra não sujar o punho) e gola de padre (pra proteger o colo e o pescoço). Assim, você até pode usar gravata que esta estará protegida. E, ao final do dia, lave o jaleco, oras.

No final das contas, os médicos britânicos acabam se expondo mais por culpa exatamente da vestimenta inapropriada. Dá a impressão de que, no velho mundo, as coisas demoram mais a mudar do que por aqui. Me veio à cabeça aquela clássica imagem dos médicos de casaca preta e chapelão, dissecando um corpo...

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Vergonha

Se pensas que burlas as normas penais
Insuflas, agitas e gritas demais
A lei logo vai te abraçar, infrator
Com seus braços de estivador
Chico Buarque (Hino de Duran)

Mais uma vez a canalha parlamentar mostra suas garras, por trás de sessões secretas e votações fechadas, onde puderam fazer, à vontade, acordos velados, negociatas escusas, ardis espúrios. Tudo, e de novo, em prejuízo da verdade, da honestidade, da hombridade, da solidez das instituições, em prejuízo do nosso parco e desgastado juízo.

Nem sei bem porque eu fiquei surpreso ou escandalizado com o fato. Eu já deveria esperar, pois aqui neste país só o que se vê, ultimamente, é o florecer de uma geração que, cada vez mais, se acostuma com o fato de que só os canalhas vencem, só os pilantras prosperam, só os maus-caráteres conseguem alçar posições e adquirir prestígio.

E agora, como é que eu vou explicar para as minhas filhas que elas devem estudar e ser pessoas decentes, se elas vêem todo dia na TV os bandidos deitando e rolando? Como eu posso dar exemplo se eu sofro no final do mês para pagar as contas de água, luz, telefone, prestação do carro, e o Sr. Caralheiros vende bois inexistentes e vive no lauto e na fartura? E ainda é louvado e incensado por seus pares, tão ou mais culpados que ele?

Alguém aí, pelamordedeus, me arruma um emprego no Chile.

ATUALIZAÇÃO

Ouço hoje, no noticiário da hora do almoço (não me pergunte qual, eu só ouço a TV ligada enquanto me visto pra vir pro batente) que, com a absolvição do "santo" Caralheiros, o governo ficou em posição delicada no congresso, que vai ser muito mais difícil aprovar projetos do interesse do executivo. E o primeiro teste já tem nome: CPMF! Ora, ora... se for pra acabar com a CPMF, até eu voto no REInan... que ele fique muuuuuito tempo por lá, que mais impostos caiam por causa dele. Vida longa ao Rei!

Credo! Até eu, agora, relendo o post, fiquei impressionado com o nível de cinismo que eu sou capaz de imprimir a um texto. Modéstia às favas!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Sem cigarro

E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão
Chico Buarque (Meu caro amigo)




Eu cresci na casa de um fumante. Meu pai só parou de fumar quando teve diagnosticado um câncer de garganta. Na verdade ele nem parou de fumar, removeu o tumor cirurgicamente e continua fumando escondido. Mas isso é outra história, cada um morre como quer.

Enfim, eu sempre detestei cigarro. Detesto o cheiro - acho pior do que cheiro de esgoto, e por esgoto entenda o conteúdo deste - detesto a fumaça e a atitude das pessoas que fumam, como se fossem donas do mundo. O cigarro incomoda, sim. Eu também faço várias coisas que poderiam incomodar outras pessoas, mas procuro fazê-las escondido. Procuro fazê-las sem incomodar ninguém. Eu acho que fumar é coisa de gente ignorante, é uma coisa completamente anacrônica, fora de moda, burra mesmo. Vai contra tudo o que a gente aprende, tratar bem o corpo* e a mente, respeitar os outros e a natureza, lutar contra a poluição e o aquecimento global.

Hoje leio que a Aliança de Controle do Tabagismo, juntamente com as secretarias de saúde do município e do estado de São Paulo trabalham para que aquele estado tenha ambientes 100% livres de fumo. A notícia vem do Jornal do Site Odonto, e me deixa morrendo de inveja. Como eu queria que aqui em Mato Grosso do Sul, o Estado do Pantanal, tivesse uma coisa dessas. Será que, se eu entrar em contato com a ACT eu consigo uma sucursal deles por aqui? Ter ambientes livres de fumo é um sonho antigo, que eu gostaria de ver realizado. Restaurantes, bares - mesmo ao ar livre - praças, ruas inteiras, cidades inteiras, em que seria proibido fumar. Seria proibido atentar contra a saúde dos outros. Um belo sonho. Uma utopia.

* Ontem eu estava caminhando no velho parque e vi uma coisa completamente doida. Um cara de camiseta, tênis, bermuda e boné, uniforme preferencial dos corôas safenados que vão até lá caminhar por indicação médica. Até aí, nada demais, mas o cara estava caminhando e FUMANDO!!! NO PARQUE!!!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Antonio Fernando Souza e os 40 ladrões

Covarde sei que me podem chamar, porque não calo no peito dessa dor
Atire a primeira pedra, ai, ai, ai, aquele que não sofreu por amor
Ataulfo Alves (Atire a primeira pedra)

Sinto muito, mas não pude resistir ao título do post. Que ninguém duvide que cada um dos acusados tem sua parcela de culpa, então não venham reclamar que eu me outorguei o direito de ser juiz, juri e carrasco dos pobrezinhos. A vítima, aqui, sou eu. E é você também. O mínimo a que temos o direito, depois de sermos obrigados a votar e sustentar esse bando de crápulas, é o de atirar a primeira pedra.

Depois da coragem do Procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, de não se dobrar aos "poderosos" do país, eu só posso me sentir covarde, por não sair às ruas para reclamar da situação. Só posso imaginar as pressões que Antonio está sofrendo. E ele demonstra hombridade suficiente para não retroceder. Precisamos de mais gente assim.

Só pra terminar, frase pinçada do blog do Reinaldo Azevedo, que leio esporadicamente:

"A elite brasileira cultiva, na média, os melhores valores da democracia, sendo certo que existem comportamentos fora do padrão. À medida que diminui a escolaridade, o que costuma ser coincidente com a pobreza, cai o apreço pelos valores democráticos*."

Pois se você, caro amigo, que é formado por uma universidade e acredita que isso é um privilégio para poucos (concordo, de fato, é), não se sinta culpado por ser elite. Se uma democracia há, ela é sustentada pelos valores dos que arcam com o ônus de pagar, em dinheiro, pelo privilégio de poder votar nesses valorosos políticos.

* Esclareça-se: a frase não é de cunho do Reinaldo Azevedo, mas parte das conclusões de uma pesquisa sobre o pensamento da população brasileira. O autor do blog apenas citou o que o autor da pesquisa concluiu.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Novo no pedaço

Agora falando sério: eu queria não cantar
A cantiga bonita que se acredita que o mal espanta
Chico Buarque (Agora falando sério)

Explorando os "referrers" do meu humilde diário - que está mais para semanário, ou mesário (?) pela porca freqüência com que escrevo - me deparo com uma página que vale a pena ser visitada: Orthofree Blog.

O autor, Kelvin, manda muito bem! Não sei se esse é o nome dele, mas o cara é muito mais sério do que eu, que fico reclamando do censo (sem o menor senso) do IBGÉca ou do reinício das aulas. Ele publica links para programas de administração de consultório, artigos científicos, livros, etc. Comenta técnicas e novidades, enfim, um verdadeiro achado. Já está devidamente linkado aí ao lado, visitarei sempre e recomendo.

Espero que esse blog tenha vida longa, porque ele realmente é muito bom. Parabéns ao Kelvin, continue o bom trabalho, porque de blog inútil já basta o meu!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Boa notícia

Você só vai ter o respeito que quer, na realidade
No dia em que você souber respeitar a minha vontade
Raul Seixas (Sapato 36)

Finalmente alguém se tocou para o problema do tal clareamento dental caseiro. E, pra variar, foi a ABO quem tomou a frente. A minha indignação fica por conta de duas coisinhas:

1. Por que motivo a ABO tem que tomar a frente nessas coisas? Temos Conselho, Sindicato e o diabo a quatro que nos roubam todo ano, arrancam nosso dinheiro suado, mas não tomam providência alguma quando é preciso. É sempre a ABO que toma a frente.

2. Por que demorou tanto? Essas coisas já me chamavam a atenção nos idos de 2006, quando eu comentei sobre uma matéria de revista. Depois, em outro post, falei sobre uma bela explicação no site da Colgate.

Bom, agora, que tem propaganda de gel clareador na TV - com campanha jurando que não tem efeito colateral (na verdade eles nem tocam no assunto), dando toda a impressão que você ir ao dentista pra fazer isso é ser otário, que é uma coisinha simples, que pode fazer em casa, que o dentista está ganhando sem merecer - o pessoal se mexe.

Sinceramente, e sem querer exagerar, eu acho que se você pode fazer, assim impunemente, clareamento por conta própria, experimente fazer uma extração dentária também. Porque haveria de ser diferente? Eu não acredito que você, culta e informada criatura, vá tentar um procedimento sobre o qual não tem total domínio, não é? Principalmente um que afete diretamente a sua saúde...

Fato é que a propaganda está aí e a ABO, louvada seja, luta contra. Aleluia!
Só pra terminar, não deixe de ler o post sobre classe média e impostos no Torre de Marfim. Eu não mudaria uma vírgula daquele texto, então nem trascrevi, só coloco o link.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Genética

Eu sou cagado veja só como é que é
Se der chuva de Xuxa no meu colo cai Pelé
Mamonas Assassinas (1406)

O meu pai é alto, magro e calvo. Adivinhe qual dessas três características fenotípicas a dona genética mandou pra mim...

Urubu, quando tem azar, o de baixo caga no de cima.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

FORA, LULA!

A gente não está com a bunda exposta na janela
Pra passar a mão nela
Gonzaguinha (É)

Que vergonha. Eu votei nele, fiz campanha, acreditava que ele traria uma era de paz e decência para o país, fui à rua gritar "Fora, Collor". Agora eu venho aqui gritar "Fora, Lula", e tenho minhas razões:
  • Pelos escândalos dos vampiros e dos sanguessugas, debaixo das suas barbas, e você se fez de morto, fez que não sabia.
  • Pelo escândalo do mensalão, debeixo das suas barbas, e você se fez de morto, fez que não sabia.
  • Pelo sucateamento das universidades públicas, debeixo das suas barbas, e você se fez de morto, fez que não sabia.
  • Pelas condições indignas de trabalho de uma classe de trabalhadores dos quais depende a vida das pessoas, os controladores de tráfego aéreo, debeixo das suas barbas, e você se fez de morto, fez que não sabia.
  • Pelos escândalos de tráfico de influência dos seus chegados amigos Renan e companhia, além do seu querido irmãozinho, debeixo das suas barbas, e você se fez de morto, fez que não sabia.
  • Pela tragédia anunciada e prevista com o avião da TAM, debeixo das suas barbas, e você se fez de morto, fez que não sabia.
  • Por seu desaparecimento em uma hora em que o país precisava de uma satisfação, de uma ação firme, de um sinal indicando que alguém está no comando. Pela sua fraqueza, pela sua covardia, pelo seu "peleguismo", por seu fisiologismo, por sua opção em priorizar seu projeto político em detrimento do país.

Por isso tudo, e por muito mais, que eu não tenho saco de ficar escrevendo aqui, eu venho hoje dizer: "Fora, Lula!"

Afinal de contas, se você não sabe de nada disso, se você se omitiu em todas essas ocasiões, se você continua com o rabo entre as pernas, quem é, diabos, que governa essa merda de país?!?

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Assuntos diversos II

Sim, sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Rita Lee (Balada do louco)

Sumiço

Uma semana (uma só) de férias na praia, com frio o chuva (que, mesmo assim, valeu a pena) e uma de pós-graduação me deixaram impossibilitado de escrever no blog. Aos meus 3,5 leitores assíduos, minhas mais sinceras desculpas.

Conversa de meninas

Encantado com as conversas que ouço, de passagem, entre minha filha adolescente e suas amigas:

- A Maya* já colocou os peitos?
- Sim, 250ml de cada lado.
- Que bom, agora não precisa mais usar sutiã.
- Mas ela usava?!?
- De enchimento.

Outra:

- Amiga, você não emprestou o blush para a Lira*?
- Não. Primeiro porque o meu blush caiu no chão e quebrou tudo, segundo porque a cara dela já é vermelha, não precisa disso.

Não são umas gracinhas?

Aviões, acidentes, aeroportos e viagens de carro

Viajei de carro para a praia. 1200 Km. Com tudo o que está acontecendo por aí, acidentes, atrasos, confusões, eu ainda sinto menos medo de avião do que de estrada. Vi muitos acidentes graves durante a minha viagem, fiquei realmente muito assustado, as estradas estão em péssimas condições, menos no estado de São Paulo que, pelo jeito, não fica no Brasil.

Em Sampa o governo encontrou uma solução simples e realmente eficiente: privatizou as estradas. Eu já falei aqui sobre isso, você paga muito mais por um serviço que acha que não está pagando. Pois em São Paulo você só paga pela estrada se usar, e o pagamento você vê na hora: asfalto perfeito, sinalização excelente, apoio ao usuário que funciona. Pois nas estradas federais, em Mato Grosso do Sul, o Estado do Pantanal, eu pago muito caro por um serviço horrível, asfalto esburacado, sem sinalização, sem fiscalização, sem apoio ao usuário. Eu pago todos os dias por um serviço que eu uso esporadicamente.
Mau, muito mau.

Volta às aulas

Minhas, da Respectiva, das meninas... ah, que preguiça!

* Nomes fictícios. Nenhuma dessas meninas precisa encontrar o próprio nome aqui, se fizer uma simples busca no Google, né?

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Agora vai!

Até Que Enfim Encontrei Você
Até que enfim encontrei você, até que enfim
Tim Maia (Até que enfim)

Finalmente o caso Renangate, em que o nobilíssimo senador Renan Caralheiros cozinha em fogo brando e se agarra ao osso com unhas, dentes e o que mais lhe sobrar ao alcance, deve ter um desfecho digno.

Sim, eleitores e eleitoras (todos voluntários, claro), agora o processo no conselho de ética (sic) tem uma 'comissão de relatores', ou seja, a batata quente deve ser segurada por três dos mais importantes membros da casa: Renato Casagrande (PSB-ES), Almeida Lima (PMDB-SE) e Marisa Serrano (PSDB-MS). Notaram? Sim, sim, Marisa Serrando, do MS (atenção, pra quem não sabe, MS é Mato Grosso do Sul, o Estado do Pantanal).

Eu já estava estranhando o sumiço dos representantes do glorioso Estado do Pantanal nesse furdunço todo. Não que os nossos eleitos sejam menos enlameados do que os outros, mas estavam muito escondidinhos, até agora. Eles precisam mostrar a cara, que é pra PF poder investigar um pouco suas vidas pregressas. Vejam o caso do suplente que é a bola da vez: enrolado até a alma nas mais cabeludas falcatruas, jura que vai assumir e ninguém diz nada. Mas a PF está aí, com os dentes de fora. Enquanto ele estava sumido, tudo bem, mas agora, virou senador, vamos ver do que é feito o rapaz.

Agora, convenhamos: será que a Receita Federal não se interessa em investigar esses moços, pra pelo menos cobrar imposto sobre essa dinheirama toda?

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Meu canto

A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Silvio Caldas (Chão de estrelas)

Finalmente, um investimento que eu ensaiei muito pra fazer: monitor de LCD. Criei coragem e aproveitei o dólis baixo, comprei o bicho. Meu canto preferido ficou assim:




terça-feira, 3 de julho de 2007

De novo, o censo

Me recuso a ficar só
Antes mal-acompanhado
Pelo menos eu tenho com quem brigar
Rita Lee (Me recuso)

Rá! Não sou só eu! Em Três Lagoas, cidade de Mato Grosso do Sul, o Estado do Pantanal, algumas famílias também se recusam a responder aos todo-poderoros recenceadores do IBGÉca.

Três Lagoas é uma cidade culta, fica na fronteira de Mato Grosso do Sul com São Paulo, adota horário paulista e é mais ligada àquele estado do que a este.

Eu acho que se alguém pedir uma liminar na justiça, alegando que a propalada inviolabilidade dos dados é pura balela e que, ao responder ao questionário nós estamos, na verdade, expondo nossa família aos caprichos de um mundo cada vez mais violento, é capaz de conseguir. O execrável IBGÉca, por sua vez, deve ter mais o que fazer do que ficar multando um bando de ranhetas que não querem ficar de quatro, será que não? E o "coordenador de subárea" (?) diz que o povo deve estar "com receio de passar os dados diante das operações da Polícia Federal".

Não, tio, não é isso não. Eu estou com medo é de bandido mesmo!

Aniversário II

Já te esqueci, fiz minha parte
Só quis pra nós felicidade
Almir Sater (Vaso quebrado)

Raios, passou de novo e eu não comemorei decentemente o aniversário do blog. Fez dois anos no dia 01/06/2007, passei batido. O aniversário de um ano também foi devidamente esquecido, então eu cumpri a tradição. Mas eu não sou muito tradicional, um dia eu comemoro.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Círculo vicioso

Agora já não é normal
O que dá de malandro regular, profissional
Chico Buarque (Homenagem ao malandro)

Já há algum tempo eu ando com uma idéia me martelando a cabeça: a de que a odontologia é uma profissão suicida. Sempre achei isso porque dentista insiste em prevenção. Ora, se a tal prevenção der certo, ninguém mais vai ter cáries, problemas periodontais, gengivites, essas coisas. Pronto, está decretado o fim da necessidade de ir ao dentista. Basta o cidadão cuidar bem dos seus dentes, cumprir direitinho as recomendações de milhares de “entendidos” no assunto - a professora da escola, o médico pediatra, sites na internet.

Pois bem, agora eu estou começando a ver que a história não é bem essa. Começo a perceber que a odontologia, que começou como uma especialidade da medicina (e é até hoje, na Europa) não é assim tão inocente. A odontologia se realimenta, os dentistas nunca vão deixar o seu ganha-pão sumir. A não ser pelos adeptos do marketing, os bons dentistas sempre terão de onde tirar uns caraminguás para sustentar a família. Porque eu digo isso? Porque cáries, doença periodontal, gengivite e outras mazelas bucais sempre existirão enquanto existirem dentistas.

Todos sabemos que algumas pessoas são, naturalmente, resistentes a essas doenças. Se não tratarmos os doentes, a seleção natural cuida de elimina-los e, os que sobram, são os resistentes. Ou seja, se todos os dentistas do mundo, de repente, desaparecerem, dentro de três ou quatro gerações TODAS as pessoas serão resistentes. Acabou-se a dor de dente, o sangramento gengival, o mau hálito. E com isso, acabou-se a tortura das agulhas, alta rotação, raspagens, cirurgia.

Então é assim: os dentistas tratam os doentes porque eles não têm resistência, terão filhos também susceptíveis que deverão ser tratados e o círculo continua indefinidamente, até que o último dentista desapareça e permita que a humanidade se livre desse fardo.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Mais obrigações?!?

Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam um pais inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro
Cazuza (O tempo não pára)


Você sabia, cara-pálida?
Pois eu vou dizer: além de ser obrigado a pagar impostos escorchantes, servir exército, votar, se humilhar em tantos e tantos rituais idealizados por calhordas que não têm o que fazer na vida a não ser inventar humilhações para você, ainda há a obrigação de prestar esclarecimentos ao IBGE. Você consegue acreditar em tamanha canalhice?

Pois então veja só: se você se recusar a contar sua vida ao completo desconhecido que bate à sua porta, tem multa. Nesses tempos de paz e sossego, onde se pode confiar plenamente nas pessoas, tempos em que você pode ter absoluta certeza de que o rapaz que está pedindo as informações não é um bandido com uniforme e carteirinha falsificados, de que as informações que você prestar não serão copiadas de um computador mal protegido, de que tudo aquilo é só para o seu bem. Pois nesses tempos o nosso magnífico governo tem a cara-de-pau de editar uma lei nos obrigando a prestar esclarecimentos ao tal rapaz.

É verdade, hoje nós, cidadãos de bem, que tentamos viver de acordo com as normas de uma sociedade civilizada, só temos o direito de nos ferrar a toda hora. Na verdade, direito mesmo é pra bandido. Pra nós, ferro! Eu não quis receber o fulano, disse que não prestaria as informações e fui ameaçado: "Olha, tio (o feladaputa ainda me chamou de tio, vê se pode...), é obrigatório, se não falar eu volto aqui com a polícia". Eu quase ofereci o telefone pra ele chamar a polícia, mas desconfiei que, neste país de m*r*a (me desulpem, por mais boca-suja que eu seja, não tive coragem de escrever todas as letrinhas) eu ia acabar me ferrando. E ia mesmo.

Agora só me resta constituir advogado e pedir uma liminar que me permita não prestar os tais esclarecimentos. Tenho que inventar um motivo melhor do que achar que esse tal censo só vai servir para os políticos aumentarem mais os impostos...

Atualização (não escrevo mais 'update', uma vez que existe o termo em português, a língua que eu costumo falar em casa): A tal lei que nos obriga a receber e ficar de quatro pro recenceador não é do governo Pulha. É de 1968. Isso mesmo, é dos tempos áureos da ditadura militar, a mesma ditadura que mandou a polícia descer o cacete nas costas do hoje presidente Pulha, quando ele fazia piquete na porta da fábrica da Ford. O IBGÉca cita essa lei em sua página, com todo o orgulho. E o governo Pulha abraça alegremente o autoritarismo reacionário para nos obrigar a mais uma coisinha, não é uma graça?

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Os homens são uns imbecis

Mas quem sou eu nessa vida tão louca?
Mais um palhaço no teu carnaval
Tom Jobim (Tema de amor para Gabriela)

Sábado, 10 horas da manhã, solzão em dia sem núvens, beleza de manhã para tomar uma cerveja e jogar conversa fora. Minha filha me pede que a acompanhe em uma atividade da escola: medir, regar, adubar e fazer um relatório sobre uma das 450 árvores da flora nativa plantadas no Parque das Nações Indígenas, local que freqüento com certa assiduidade, para tomar água de coco. Fomos até o local (o danado do parque é grande, demanda bem uns 15 minutos de caminhada até chegar às tais árvores) e a cena era interessantíssima: todos os rapazes, com idades variando entre 15 e 17 anos, trabalhando bastante (menos dois espertos, que ficaram numa sombra tomando tereré e tocando violão), cavando trincheiras em torno das plantas para colocar adubo, carregando água e fazendo 'regra de três' para medir as árvores mais altas pela sombra que estas projetavam no chão.

As moças, em sua esmagadora maioria, arrumaram um marmanjo pra fazer o trabalho pesado. Espertinhas. Com 15, 16 anos, já sabem bem o poder que têm. É só pedir, com a dose certa de manha, que logo aparece um rapaz bem-intencionado (muitíssimo bem-intencionado, diga-se de passagem) para sujar as mãos. A minha filha, nessa, se saiu muito mal. Com o paizão do lado, teve que fazer, ela mesma, o serviço. Como era trabalho de escola, eu não ajudei, pois tenho por norma não fazer trabalho de escola para elas. Ajudo no que for possível, mas não faço.

Ela, que insistiu para que eu ficasse lá (eu queria ir embora e voltar depois, para buscá-la) ficou sem jeito de pedir, dengosa, ajuda de algum moçoilo; cavou o chão, mediu a planta, regou e foi embora comigo. Eu tirei uma foto com o celular.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Assuntos diversos

Tenho que me ver tristonho, tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho, alegrar meu coração
Gilberto Gil (Se eu quiser falar com Deus)

Renan e o Senado

Em Roma o Senado era a representação suprema do povo junto ao imperador. Os romanos inventaram o império democrático. Renan Caralheiros conseguiu esculhambar com tudo, como sói acontecer quando brasileiros desclassificados põe as mãos nas coisas. Brasileiros têm um talento inato e incomparável para esculhambar as coisas. Hoje eu vejo no noticiário que o Senado sangra com a falta de decoro de seu presidente e súplicas para que este deixe o cargo para que não prejudique ainda mais a imagem da casa. Primeiro: Caralheiros está se lixando para a imagem da casa ou dele próprio, o que ele quer é o seu dinheirinho contadinho no final do mês. Segundo: depois de tudo o que nós vimos por aí, será que é possível prejudicar inda mais a imagem dessa instituição?

Inverno/Inferno

Hoje começa o inverno, exatamente às 14:06. Campo Grande, no sublime Estado do Pantanal (vulgo Mato Grosso do Sul) promete temperatura de até 34º. Celsius! E umidade relativa de não mais que 20%. O saara é aqui.

Bacalhau

Pesquisa descobre que o óleo de fígado de bacalhau pode prevenir um monte de doenças, principalmente a depressão. Tá, a gente anda sabendo que as mulheres estão mais sujeitas a essa doença, então eu fico imaginando que os produtos anti-halitose estarão em alta nos próximos tempos, capito?

Energia, energia!

O sublime Estado do Pantanal tem a energia elétrica mais cara do Brasil. Capacidade geradora não nos falta, temos duas hidrelétricas nas fronteiras. Temos portugueses comprando concessões para distribuição da energia. Voltamos a ser colônia, pagamos o quinto e penamos com a sombra da inconfidência. Antes não tivéssemos conseguido a independência, talvez assim pudéssemos ser parte da Comunidade Européia.

Barato sai caro

Neste mês já é o terceiro caso que me aparece no consultório: o cliente foi fazer tratamento baratinho, saiu tudo errado e, depois de um tempão pagando manutenção e sofrendo com um aparelho mal instalado e com tratamento mal conduzido (quando havia algum tratamento), acabou tendo que começar tudo de novo. Pagando. Mas isso é que é economia porca. Infelizmente a falta de informação ainda é o maior problema quando se trata de Odontologia, principalmente da Ortodontia, onde a impressão de que as coisas são fáceis é totalmente enganosa.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Beicinho

Não é pior do que parece ser
Foda-se!
Titãs (Fazer o quê?)

Depois da no mínimo ridícula reação dos muçulmanos às caricaturas do profeta Maomé em uma obscura revista dinamarquesa - que, diga-se de passagem, se não tivessem feito aquele carnaval todo, ninguém teria notado - agora investe-se sobre o governo britânico por este ter condecorado o escritor Salman Rushdie. Mas, será possível que esse pessoal não aprende? Fazem beicinho por qualquer coisa, se acham melhores que os outros seres humanos, insistem em impor sua moral decadente e anacrônica ao resto do mundo... só posso classificá-los de ridículos.

O governo britânico, por sua vez, diz que "lamenta a ofensa causada", o que me deixou sem entender se eles lamentam que tenham ofendido os sensibilíssimos senhores (e aí passam atestado de covardes) ou se eles lamentam que os caras tenham se ofendido (ou seja, fodam-se, nós condecoramos quem quisermos, estamos em um país democrático e livre). Eu espero sinceramente que seja a segunda opção, assim eu o faria, na minha casa mando eu, dane-se quem achar ruim. Quando eu for na sua casa, se eu for, vou me comportar conforme as suas regras.

Me lembrou da academia de caratê. O Sansei não gostava que os atletas fossem à academia sem camisa, o que gerava sempre acaloradas discussões. Ora, Campo Grande faz um calor saárico, a academia era um galpão com teto de alumínio, janelas pequenas, a gente treinava uma hora e meia por dia, perdia muita água e, findo o treino, o pensamento era um só: tirar o quimono o mais rapidamente possível e sair dali com a menor quantidade de roupa possível. Mas o Sansei estava na porta do vestiário e não deixava ninguém sair sem camisa. Eu era o único que achava isso certo, afinal de contas a academia era uma extensão da casa dele, ele tinha todo o direito de não querer um bando de marmanjos sem camisa lá dentro, ainda que isso fosse uma grande bobagem na opinião de todos nós. Tá, eu acho que é bobagem, mas ele não. E é a casa dele, então eu respeito, como eu quero que respeitem a minha.

Assim, eu condecoro quem eu bem entender na minha casa, dane-se quem achar ruim. Se reclamar ainda leva um teco na orelha. E o Rushdie é persona non grata a todos aqueles senhores carrancudos de turbante preto, e só por isso ninguém pode gostar dele. Quem prestar uma homenagem a esse moço vai se ver mal! Mas isso é muita falta de respeito, os britânicos deviam era mandar esses velhos pra um lugar bem bonito, capito?

Update: Acabei de ler um ótimo artigo sobre a questão das charges, dos discursos do papa Chico Bento 15,5 e da situação em geral. Vale a pena, leia você também.

Notícia antiga

A todos João intimida
Faz coisas que até Deus duvida
Dorival Caymmi (João Valentão)

Agora os jornais descobriram que bandidos comuns* se passam por pacientes para assaltar consultórios de dentistas. Isso pra mim é notícia das mais antigas, a minha mulher já passou por um assalto desses, quando morávamos em Sampa, fazendo pós graduação e trabalhando em consultório arrendado. Foi só o susto, mas, que susto! Mas há muito tempo os canalhas descobriram que dentista fica vulnerável no consultório e, às vezes, tem até um dinheirinho.

Fato é que, desta vez, um policial militar reagiu e matou quase todos os assaltantes. Coisa boa! Podem me criticar, mas eu acho que bandido bom é bandido morto. Não é querer pena de morte, eu sei que isso não resolve o problema da criminalidade, mas um bandido morto não vive às minhas custas, tramando rebeliões na cadeia, extorquindo inocentes pelo celular e, finalmente, não volta às ruas para me assaltar de novo. É triste que os direitos humanos só valham para os criminosos, eu não tenho direito a nada. Só tenho o direito de ser assaltado, quietinho, e, se reagir, morrer. Amém!

Pois eu achei muito bom que esses tenham morrido. Pra mim esse policial deveria receber um prêmio: ser transferido para o Chile, que lá é um país civilizado.

* Eu chamo de bandidos comuns àqueles que nos assaltam com revólveres e facas. Existem outros, muito mais perigosos, que nos assaltam com canetas, desses eu nunca consegui me defender, nem mesmo andando armado. Esses, mais do que os comuns, eu gostaria de ver mortos. E ai, Renan, vai um lobby aí?

terça-feira, 12 de junho de 2007

Eu roubei uma torta

Dona raposa só vive na mardade
Me faça a caridade, se vire e dê no pé
Raul Seixas (Capim guiné)

O filme é "Homens de honra". Depois de passar o dia todo sob um sol escaldante junto ao portão do quartel onde fora se apresentar, Carl Brashear (Cuba Gooding Jr.) é autorizado a entrar. A primeira coisa que ele vê é um marinheiro só de cueca no meio do pátio, pulando, batendo uma panela e repetindo sem parar: "Eu roubei uma torta, eu roubei uma torta, eu roubei...".

Depois de ter assistido a essa cena, eu fiquei com aquilo na cabeça. Sempre que me acontece alguma coisa insólita, daquelas que eu diria "eu mereço...", eu digo "eu roubei uma torta", como um amigo diz "eu joguei pedra na cruz" (na verdade, essa de jogar pedra na cruz eu nunca entendi direito), mas acho que eu consegui explicar o sentido da coisa, né?

Pois então, estou inaugurando esse novo marcador hoje com a história que eu assisti ontem no Repórter Record. A rede Record, na minha TV, pega no canal 18, eu não assisto nunca, mas ontem a reportagem me chamou a atenção: uma equipe de TV saiu pra visitar a nascente do Rio Amazonas, no Peru. Ôba, eu gosto de reportagem de aventura, mas essa foi, no mínimo hilária, por conta da repórter, coitadinha. Uma menina bonitinha, delicadinha, praticamente uma princesa. E eu fiquei imaginando quem foi o malvado que escalou a pobrezinha pra fazer uma reportagem de aventura a mais de 5.000m de altitude, com frio de dez graus negativos!!!

Pois ela foi! Nas cidades, não conseguia interagir com as pessoas, provava as comidas locais com cara de nojo, não gostou de nada, reclamou de tudo. A 3.500m tentou tocar uma alpaca, animal selvagem que não aceita ser domesticado. É claro que ela não conseguiu, naquela altitude, correr atrás do bicho. Provavelmente ela estava de botinha de salto alto, pra completar. Depois tentou comer a fruta de um cacto e, novamente, achou horrível. Um pouco mais pra frente, continuava reclamando: "Eu quero um banheiro, eu quero uma cama quente, eu quero um chuveiro, eu quero ir pra casa...". Sem preparo físico, sem equipamento adequado, sem conhecimento da jornada e sem experiência em aventuras, sofreu muito. Foi até engraçado, eu fiquei imaginando a bonequinha de luxo congelando a bundinha pra fazer xixi do lado de fora da barraca.

terça-feira, 5 de junho de 2007

A lenda do ortodontista sábio

Todos me chamam canalha, pode xingar de canalha
Esse apelido me agrada, eu já sei, eu já sei
Rita Lee (Canaglia)

Quando ele se formou em Odontologia, achou que ia ficar rico. Foi estudar Ortodontia, pós graduação, investimento na profissão. Pensava em todos aqueles clientes ricos que ele ia atender, em como ele poderia cobrar o quanto quisesse, porque rico não reclama, paga. Terminou a pós e montou seu consultório, local nobre, bela clínica, secretária bonitinha. Informatizada, climatizada, guarda e estacionamento.

Só que demorava pra aparecer cliente, as coisas não iam muito bem. Ele tinha que sobreviver da mesada do pai (que vergonha, um homem feito e formado...), então ele resolveu apelar: mandou ver no marketing, propaganda de aparelho de graça, "autdór", revistas, jornais, até na TV ele arrumou uma boquinha - diga-se, como ele não tinha grana pra investir nisso, criou um 'factóide' para um repórter aparecer na sua porta e garantir uma divulgação gratuita. Até deu um golpe em um político, propôs a um candidato a vereador uma mutreta irrecusável:

"Olha, você pode oferecer um aparelho ortodôntico de graça para cada um dos seus eleitores, taqui o meu cartão, fala pra eles que é pra ir na minha clínica e falar que você que mandou, ele ganha, na hora, a instalação do aparelho."

É claro que o político adorou, sem perceber que quem estava de trouxa era ele, porque esse dentista dava aparelho 'de graça' pra qualquer um que aparecesse na clínica. E assim o dentista encheu a clínica de clientes. E assim ele acabou com seu nome, porque pra ele, o que importava era o dinheiro, ele mentia aos clientes, dizendo que fazia de graça o que cobrava sem dizer, ele não atendia seus clientes, delegando essa tarefa às auxiliares que não tinham formação para isso, ele não se importava com a qualidade dos seus tratamentos. Quando um cliente desistia do tratamento, era uma vitória, porque esse pagou e não vai mais exigir atendimento.

E esse dentista sofreu preconceito por parte dos colegas, foi processado no conselho, ficou com fama de pilantra, picareta. Ele se achava sábio, pensava que estava indo pelo caminho certo, que o que importava era ele e não os outros. Cliente? Só pra trazer dinheiro. Quando acordou, era tarde. Só ia na sua clínica quem pretendia dar-lhe o golpe, porque quem queria um tratamento sério procurava um ortodontista sério. E ele teve que mudar de cidade, porque ali era conhecido como Dr. Nada. Nada de tratamento, nada de honestidade, nada de nada.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

País de desdentados?

Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um vídeopôquer para se jogar
Gilberto Gil (Pela internet)

Quando eu vi a notícia da agressão sofrida por duas turistas tchecas no Rio, nem prestei muita atenção. Agressão a turista no Rio é mato, eu não entendo porque as pessoas ainda vão lá, deve ser por uma questão social: dar uma forcinha aos assaltantes, 'tadinhos, tão pobrinhos, precisam do nosso dinheiro pra sobreviver. Só fui perceber a graça da coisa quando saiu no Kibeloco. Lá, o argumento é que a notícia é boa, pois as moças foram atacadas a dentadas:
"Garanto que na República Tcheca os moradores de rua não têm uma dentição tão completa e resistente quanto a dos rapazes"

Pois é, o que eu tenho notado nos últimos anos, como professor de pós-graduação em Odontopediatria, é que os dentes das nossas crianças melhoraram muito. Na minha época de acadêmico (e lá se vão mais de 20 anos...) a gente costumava ver com certa frequência aquelas boquinhas destruídas, sem um dente aproveitável, em crianças bem pequenas. Hoje eu vejo condições, se não ideais, um pouco melhores. Não sei se é porque eu moro em Campo Grande, uma cidade que investe relativamente bem em saúde, mas eu vejo melhoras.
Outro dia o Camilo disse uma coisa interessante, comentando o post sobre semântica:
"A verdade é que a saúde bucal do brasileiro é precaria e muitas vezes por falta de informação (nem digo conhecimento). Se esta informação chegasse a todos, mesmo semanticamente errado, quem sabe não contribuiria para amenizar o quadro e por a odontologia em mais discussões."

É, eu concordo, o que falta mesmo é informação. Se a população conhecesse melhor a Odontologia, não seria enganada pelo marketing. Mas eu estou fazendo a minha parte. Acredito que com esse blog eu levo um pouco de conhecimento a quem se interessar em procurar. Outros colegas, como o próprio Camilo, que têm sites, também o fazem. Infelizmente nosso alcance é pequeno, mas nós tentamos.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Mais imposto

Nosso banco tá cotado no mercado exterior
Então taxa a cachaça a um preço assustador
Chico Buarque (O malandro)

Governo quer (e vai!) aumentar o imposto sobre a cachaça. Vejam só, o Chico Buarque, além de excelente músico e letrista, é também um visionário...



segunda-feira, 21 de maio de 2007

A tal da maloclusão (de novo!)

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Chico Buarque (Retrato em branco e preto)

Acontece de, tempos depois de eu escrever alguma coisa, aparecer um comentário. É pena que a maioria não se identifica, para que eu possa argumentar, mas eu não perco o bonde: quando a briga é boa, eu copio e faço outro post, como este. Então, alguém comentou meu artigo sobre a impropriedade da palavra maloclusão. O missivista assina "Mal agradecido", não colocou o endereço de e-mail, mas como o blog é meu e ele comentou aqui, sinto-me no direito de comentar o comentário dele :^)

Mal agradecido disse...
Alô Doutor! Mal estar, mal entendido, mal parado, mal mal explicado. Mal com L indica erro ou equívoco. Mal feita essa teoria contra a mal oclusão, ou seja, oclusão
incorreta.


Não, amigo, não é isso. Mal com "L" é o antônimo de bem, ou seja, os antônimos aí seriam bem estar, bem entendido, bem parado, bem bem explicado. Muito bem explicadinho! E se você disser 'mal oclusão', a oclusão fica pior ainda, porque o contrário teria que ser bem oclusão. Horrível, não acha? A minha "teoria" está muito bem feita! Não é simplesmente uma teoria, é um fato!

Má indole, má rês, mau carácter, mau intencionado, lobo mau!. Mau com U, indica intensão ou caráter, conduta.

Não, de novo você se engana. Mau tempo, mau olhado, mau agouro, são antônimos de bom tempo, bom olhado, bom agouro. Nenhum desses teve intensão, caráter ou conduta. É simplesmente uma questão de ser bom ou mau, bem ou mal. Simples.
Má é feminino de mau: mulher má, "madrasta" é má e não "maldrasta".

Ôpa, aí eu concordo plenamente: má e feminino de mau! Só que 'madrasta' não vem de mulher má, e sim de 'madre',mãe em espanhol, derivado do latim 'mater', assim como padrasto vem de padre, pai. Não basta saber português, a gente tem que conhecer um pouquinho de etimologia, também.

Compreende-se a sua confusão, mas semântica e dialética são ciências como a ortodontia. A Lingua Portuguesa é muito traiçoeira. As vezes chega a ser má, e pode nos deixar mal. Cuidado ao exprimir publicamente opiniões sem embasamento, isso pode deixar sua imagem ficar mal!Um abraço oclusivo de outro ortodontista para desfazer qualquer mal entendido e não parecer má vontade!!!

É, eu entendo que você goste de discutir a língua, mas não aceito seus argumentos. Eu não escrevi isso aleatoriamente, eu pesquisei e me embaso em argumentos sólidos. Maloclusão é pura e simplesmente uma corruptela do inglês malloclusion, macaqueado pelos brasileiros que não vêem opções em sua própria língua, talvez por não a conhecerem a contento. Como quando usam 'performance' ao invés de desempenho. E por aí vai. Me parece que a confusão é sua, pois seu argumento simplesmente não se sustenta. 'Mau' não indica intensão nem caráter, simplesmente indica que não é 'bom'. E 'mal' indica que não está 'bem'. Por favor, não venha me acusar de leviandade com a ciência, eu levo isso MUITO a sério, nunca exprimo opiniões sem embasamento. Ainda quero escrever sobre o encadeamento de preposições e adjetivos.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Tristeza

Quem é essa mulher que canta sempre o mesmo arranjo?
Só queria agasalhar meu anjo e deixar seu corpo descansar
Chico Buarque (Angélica)

Soube ontem do falecimento da Profª. Célia Regina Rodrigues. Para quem não conhece, foi uma das maiores expressões da Odontopediatria brasileira, professora da USP, cientista e um ser humano maravilhoso. Infelizmente ela não sabia dizer 'não', e por isso trabalhava mais do que podia. Mais do que devia. Não sei sua idade, mas sei que era mais nova do que eu, filhos ainda adolescentes.

Deixo aqui registrada minha falta de tato para lidar com perdas assim, pois ela foi orientadora da tese de doutorado da minha mulher, então eu a conheci como professora, orientadora e cientista. E fui aluno do marido dela, o Prof. Leonardo Rodrigues, por quem também tenho grande admiração.

Vá em paz, Célia, temos certeza que você está bem e que olhará por nós.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Mil palavras

Trago em meu corpo as marcas do meu tempo
Meu desespero a vida num momento
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo
Taiguara (Hoje)

Se é mesmo que uma imgem vale mais do que mil palavras, esta aqui é emblemática:

Bem a imagem da Odontologia: propaganda direta, produtos em evidência, qualidade garantida pela quantidade indiscutível de clientes satisfeitos. Rapidez e eficiência a toda prova. Notem a indumentária do profissional, altamente condizente com as mais modernas normas de biossegurança.

Taí o marketing que nossa profissão tanto preza. De volta à idade média. Se a Odontologia se esforça por se tornar ciência, sempre tem um picareta (ou dois, ou mais) fazendo esforço muito maior, e com melhores resultados, para torná-la comércio.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Quanto vale uma vida?

E a vergonha é a herança maior
Que meu pai me deixou
Lupiscínio Rodrigues (Vingança)

Eu não ia escrever sobre isso, mas não aguentei. No meio de toda a barbárie ainda presente no mundo moderno e globalizado (que invasão ianque, que nada!) eu ainda consigo ficar indignado com coisas como o apedrejamento de uma menina do outro lado do mundo. Eu até me surpreendo por ficar indignado com essas coisas, mas tem horas que eu viro meleca e me revolto ao ver crianças e animais sofrendo. Como quando eu escrevi, nem me lembro onde, sobre a MGF que ainda é praticada por aí.

Então, por motivos torpes, as pessoas são torturadas. Nem me importo que morram, um dia iam morrer mesmo e, de toda forma, pessoas existem aos milhares. Talvez essa menina seria a mãe de um terrorista louco que ia explodir meio quarteirão e matar mais um monte de gente inocente, mas a tortura, pra mim, é inadmissível!

Hmmm... será que eu estou sendo sincero? Eu bem que gostaria de arrancar (!) sem anestesia alguns dentes de uns políticos que andam por aí. Na verdade, eu quero vingança. Sangue!

sábado, 28 de abril de 2007

Sumido

Devo desculpas aos meus 3,5 leitores, ando sumido ultimamente. Culpa da maldita (?) profissão de professor, que eu tanto adoro. Um curso de graduação e dois de pós-graduação me rendem centenas de provas e trabalhos pra corrigir e umas tantas aulas pra preparar. Além disso, classificar e tratar as imagens digitais que fizemos na clínica, publicar os roteiros das aulas, organizar as listas de presença, tabular as notas práticas... ou seja, o blog sempre fica por último, infelizmente.

Desculpem-me, novamente, mas na próxima semana tem congresso em Bauru e, como eu gosto da cidade e o congresso é bom, devo ir, mesmo estando curto de grana. Então as reclamações no blog vão ter que esperar mais um pouco.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Quem imita quem...

Mas quem sou eu nessa vida tão louca?
Mais um palhaço no teu carnaval
Tom Jobim (Tema de amor de Gabriela)

Peraí... Aparecer um refrigerante que imita água já é uma coisa bem estranha, mas alguém imitar a "invenção" já é demais!

Nem é demais... na verdade, hoje nós vivemos num sistema em que somos otários pedindo pra ser enganados. Produtos que não valem nada, vendidos por verdadeiras fortunas, coisas de que não precisamos anunciadas como se fossem absolutamente necessárias, pessoas mentindo na maior cara-de-pau. E nós, imbecis, acreditando.

Então eu me pergunto: se o refri imita água... mas eu tenho água em casa. Eu coloco limão e faço tereré*, não preciso pagar uma grana por uma garrafinha de água com limão no restaurante. Até porque eu prefiro cerveja. Será que não vão lançar um cigarro que imita o ar, ou uma água que imita pinga?

*Pideite: Tereré é bebida da minha infância, na oficina do meu pai, que foi torneiro mecânico até se formar em Odontologia. Hoje ele é mestre e doutor, professor aposentado, mas ainda guarda ferramentas e conserta de um tudo o que lhe cai nas mãos. Eu eu, às vezes, vou tomar tereré com ele, pra relembrar a oficina.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Como é mesmo?

O que será que será
Que dá dentro da gente que não devia
Que desacata a gente que é revelia
Chico Buarque (
O que será)

Eu vivo recebendo e-mails totalmente inúteis, normalmente com anexos .pps ou .wmv que eu apago sumariamente, mesmo que vindos de amigos queridos ou familiares. Eu tenho mais o que fazer, não vou ficar horas lendo uma apresentação pesadíssima no Power Point, com música melosa ao fundo, dizendo pra eu ser mais paciente com as pessoas. Eu sou impaciente, sim, e daí? Quem acha isso ruim, não fique perto.

Hoje recebi um falando de odontologia, e só abri porque era texto puro, sem firulas. Li tudo, concordo com uma porção de coisas e discordo frontalmente de outras. É um texto escrito pelo colega Otávio Colonna, publicado no site Medcenter, falando sobre a diferença que faz a 'consulta inicial' ser chamada de 'orçamento'. Até aí eu concordo, o colega afirma que para se fazer a primeira consulta nós investimos na nossa formação e isso não se resume a fazer um orçamento, mas ele coloca que isso é um hábito que nós temos e que vai em detrimento (sic) do marketing odontológico.

Ora, vocês todos sabem o quanto eu a-d-o-r-o (atenção, um link em cada letra!) marketing! Só de escrever a palavra eu fico todo arrepiado. Credo!

Bom, mas o que me chateou no artigo muito bem escrito, é que ele não afirma categoricamente que essa consulta inicial deve ser cobrada. Talvez o doutor tenha ficado receoso em cutucar a ferida dos adeptos do 'marketing da mentira', onde o profissional diz que não vai cobrar, o cliente acredita, ele cobra de outro jeito e fica todo mundo feliz. Eu acho que um profissional que estudou no mínimo 14 anos para poder colocar a placa na frente do consultório merece receber pelo seu serviço. Ou você não acha que é totalmente indigno pedir para que o CD faça a consulta inicial de graça? Você pede ao jardineiro que corte a grama de graça? Ou ao vendedor, que lhe dê uma camisa? Não. São serviços que são pagos sem qualquer discussão, mas o dentista tem que 'dar uma olhadinha', sem cobrar. Bonito, né?

Então, eu não ligo se chamam de orçamento, desde que paguem pelo meu serviço. Eu vivo dizendo que não está certo colocar o dinheiro à frente do bem-estar do seu paciente, mas pedir pra fazer de graça já é demais!

segunda-feira, 26 de março de 2007

Novas do planeta Brasil

Mesmo com o nada feito, com a sala escura
Com um nó no peito, com a cara dura
Não tem mais jeito, a gente não tem cura
Chico (Vai levando)

Ultimamente eu ando até desanimado para escrever aqui. Meus 3 leitores já devem ter notado que as atualizações são cada vez mais raras, mas isso tem um motivo forte: eu estou tentando ser um pouco mais otimista, andam reclamando que eu sou muito ranzinza, que eu só reclamo... apesar de que eu criei esse blog foi mesmo pra isso, reclamar e ser chato, descer o pau nas coisas que eu não gosto. Mas ultimamente a coisa tem sido feia, vejam só:
  • Prorrogaram a CPMF, de novo. O imposto mais injusto de todos, o mais inflacionário, o mais recessivo, continua, firme e forte. Era pra ser provisório. Quem foi o infeliz que deu essa idéia?
  • Mudaram o cálculo do PIB. O que isso significa? Simples: eu, você e os nossos vizinhos, que não são políticos, estamos ferrados. Só os deputados, senadores e outros ladrões que habitam os círculos governamentais estão a salvo. O resto, danou-se, porque o dinheiro é o mesmo, mas eles dizem que é mais. Pô, isso devia ser bom, mas não é, porque o governo tem uma meta de economizar X% do PIB. Se o PIB é maior, o governo vai precisar de mais dinheiro para juntar esse X, adivinha de onde vai tirar?
  • Os ministros que o presidente escolheu têm, em alguns casos, ficha policial de fazer inveja ao Fernandinho Beira-Mar. O supremo não deixa processar, quando processa julga inocente e nós ficamos com um bandido (só um?!?) no ministério. "I-NO-SENTE" mais nada. Só sente a mão do fulano no seu bolso.

Então, diz aí, cara-pálida, dá pra ficar otimista vendo essas coisas na TV? Eu acho que vou assistir Pânico, com as minhas filhas, pelo menos é engraçado.

terça-feira, 13 de março de 2007

Óxido nitroso (de novo)

Era como a primeira tonteira
Imitando Gilberto Gil
Pra cantar a vida inteira: - Cadê o som? sumiu?
Oswaldo Montenegro (A festa)

Enquanto isso, na 'Sala de Justiça', os ingleses têm que rebolar pra impedir que os patrícios morram inalando o anestésico. Oras, já se viu: sem ter mais o que fazer, sem ter o que construir, sem perspectivas, resolveram usar o 'gás hilariante' do século XIX para se divertir, a despeito dos riscos da coisa. É, eu sei, eu sempre disse que era seguro. Mas é seguro dentro do consultório, administrado por um profissional que sabe o que está fazendo, bem formado e com a responsabilidade de manter seu paciente vivo. Em um bar, beira a estultice.

Tão seguro quanto os kits de clareamento dentário que se vendem pela TV e pela internet. Será que ninguém ainda percebeu que isso é medicação? Ninguém acordou para o fato que todo medicamento tem efeitos colaterais, que para se fazer qualquer tipo de terapia é preciso uma avaliação antes? Até pode ser, mas o lucro é quem fala mais alto na sala, certo? Dane-se o consumidor/contribuinte, eu quero é saber do meu! Se eu ganhar, não me importa quem perde. Perde o otário, que compra essas porcarias e embarca nas ilusões das bruxarias de sempre.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Coisas úteis

Utilidade
Não tem nenhuma utilidade
So - ci - e - da - de
Arnaldo Antunes (Faculdade)

Eu me pergunto, quando fico tentado a tecer elocubrações filosóficas sobre o sentido da vida, porque algumas pessoas só pensam em ganhar dinheiro tirando das outras, ao invés de construir alguma coisa. Eu sempre fui de construir, desde que ganhei meu primeiro carrinho de brinquedo e o desmontei para ver se conseguia fazer algo diferente com ele. Eu nunca me conformei em puxar o carrinho por um barbante, muito menos ligá-lo e ficar olhando ele andar. Eu queria abrir pra ver o que tinha dentro e depois montar de novo, ou, de preferência, montar outra coisa, algo que eu havia construído com as minha próprias mãos. Não preciso explicar que eu nunca tive um brinquedo que funcionasse, certo? 15 minutos depois de eu colocar as mãos em qualquer coisa, aquilo já estava desmontado e irremediavelmente, estragado. Mas eu tentava.

Pois às vezes eu me deparo com notícias sobre pessoas que controem. É muito bom isso! Eu adoro ver as pessoas construindo coisas, mesmo que de utilidade duvidosa. Como o americano que inventou uma geladeira que arremessa latas de cerveja. Ora, pra que diabos serviria uma coisa dessas? É o cúmulo (como dizia a mula...) da preguiça, o cara apertar um botão e a cerveja gelada sair voando pela sala até as mãos dele, esparramado no sofá. Imagine a barriga do fulano!

Mesmo assim o cara construiu a tal máquina. Isso é que é não ter preguiça de ter preguiça. Um ícone dos dias modernos.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Santa Apolônia

Onde queres prazer sou o que dói,
E onde queres tortura, mansidão
Caetano (O quereres)



Santa confusão, Batman! A padroeira dos Cirurgiões-Dentistas é Santa Apolônia. Porque? Porque, durante seu suplício, foram-lhe arrancados os dentes. Ela aparece nas imagens vestida com um manto verde, segurando uma torquês, espécie de alicate com o qual teriam-lhe arrancado os dentes.

Mais uma vez a Odontologia escolhe uma imagem (ou escolheram por nós e ficou por isso mesmo) de tortura e mutilação, ao invés da cura e da prevenção. Podem argumentar que isso vem de uma época em que era assim mesmo, a simples idéia de ir ao dentista causava calafrios no mais corajoso dos machos, mas já mudou. Como tudo na vida, a profissão evoluiu para ciência. E, como tal, não combina mais com a imagem de Santa Apolônia e seu suplício odontológico. Escolhamos, pois, outro padroeiro, de preferência um que se tenha dedicado à cura e à remissão da dor, que é o que nós fazemos no dia-a-dia da clínica. Eu não quero mais ser retratado como carrasco. Eu sou um cientista, eu previno doenças, eu curo. Porque a padroeira da minha profissão tem que ser uma santa torturada?

Em tempo: muita gente pensa que o padroeiro dos "dentistas" é Tiradentes. Não é. Ele não era dentista, era barbeiro. Numa época em que a diferença entre médico e monstro era apenas um diploma, o homem ficou conhecido pela sua principal atividade, pois barbeiros faziam sangrias, arrancavam dentes, tosavam barba, bigode e cabelos. Provavelmente esse mineiro preferia dentes, era um sádico, o moço!

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Google queries

Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar
Raul Seixas (Gitâ)

Às vezes eu me espanto com o que as pessoas buscam na internet. Usam o Google e acabam caindo aqui. Já postei algumas dessas buscas, interessantíssimas, mas hoje resolvi colocar uma listinha das últimas que trouxeram os desavisados:

"ALVEOLITE DENTÁRIA" - Bom, já escrevi mais de uma vez sobre isso, se alguém quiser discutir comigo esse assunto, manda um e-mail: mrteeth@ig.com.br
"onde professor colocar escovas dente" - E eu lá sei? Manda fazer um armário, que tal?
"sorriso ortodôntico" - Essa veio do Google Images. Eu tenho algumas fotos de sorriso aqui, se alguém quiser, é só avisar.
"frieiras" - Não, essa não é comigo.
"efeitos anestesia dentaria mal aplicada" - É, existem efeitos colaterais, sim, mesmo quando bem aplicada. Pesquise um pouco mais.
"pasta perpendicular" - ???
"crescimento crânio facial" - Ôpa, essa discussão é boa! Pena que a pessoa não me escreveu.
"Quero pesquisar o nome do dentista pelo numero do cro" - no site do CFO você encontra o que procura.
"ONDE VEJO SE O CRO DO DENTISTA É VERDADEIRO?" - Idem o anterior
"como tratar dentes de graça" - Nos postos de saúde, é claro! E o tratamento não é ruim.
"livros caros odonto" - Amigo, se você encontrar UM que não seja caro, me avise, por favor.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Nomes

O que não tem medida nem nunca terá
O que não tem remédio nem nunca terá
O que não tem receita
Chico Buarque (O que será)

Dona Ostra e Dona Ameba são minhas secretárias. D. Ostra, que é mais espertinha, trabalha lá na recepção e D. Ameba me auxiliando na clínica. Os nomes se referem ao nível de Qi das moças.

Outro dia pedi à D. Ameba que comprasse silano* na dental (devia ter pedido 'primer de porcelana', mas nem quero pensar no que ia sair daí). Dois dias depois a D. Ostra vem me dar o relatório:

- Dr. Teeth, aquele tal de 'solano' que o Sr. pediu não existe. Eu liguei para todas as dentais e ninguém nem sabe do que se trata, dizem que isso não existe.

Eu não me lembrava do pedido e também não fazia idéia do que seria. D. Ameba tentou:

- O Sr. me pediu pra comprar 'solano' anteontem, eu disse para a Ostra que era pra ligar nas dentais, mas ela não achou.
- Eu liguei, ninguém nem sabe o que é.
- Eu conheço um bombril chamado 'solano'.
- Humpf, sua boba, aquilo lá é ASSOLAN!!!

Já pensou se eu peço 'primer de porcelana'?

* Informação útil: silano é um agente de união para porcelana. Com seu uso é possível colar resina nas partículas de vidro das cerâmicas. Eu uso pra colar brackets em coroas de porcelana, ou para aplicar na base de brackets cerâmicos que insistem em não parar no lugar.