Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

sábado, 28 de novembro de 2009

Dos Malvados

Sem prefixo musical. Só porque eu gostei dessa tirinha, roubei lá dos Malvados.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Só pra atualizar

São casas simples, com cadeiras na calçada,
E na fachada escrito em cima, que é um lar
Chico Buarque (Gente humilde)

Só pra manter o blog atualizado, que eu estou há tempos sem escrever. Então eu vou colocar uma foto da praia aqui em frente à minha casa:


Mais: Meu amigo Tito (que tem o mesmo nome do meu pai) tá de blog novo. Eu já li tudo, devorei em menos de duas horas, apesar de ter muita coisa escrita. Mas é tão bom de ler que nem parece, e, quando acaba, a gente fica querendo mais. Tá linkado aí do lado, é o Todo Mundo/Toda Gente, e vale cada palavra. E o mais engraçado é que o nome do blog é Todo Mundo/Toda Gente, mas o link é http://todagentetodomundo.blogspot.com/... viu como o Tito inverteu o nome no link? Acho que foi de propósito, pra afastar curiosos, hehehehe. Esperto, esse Tito!

Hoje é feriado, por isso estou com tempo de sobra. Agora eu vou arrumar a gaveta das camisetas, que eu quase só uso camiseta, aqui na Paraíba.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Formatura (atualizado)

Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor
Chico Buarque (
Flor da idade)

Último dia de aula na facul. Último dia mesmo, pra essa turma. Eles até já fizeram as festas, tiveram colação de grau, baile, aula da saudade (eu até hoje não entendi bem que diabos é isso), mas hoje foi o último dia de aula, por um desses descalabros de calendário escolar.

Eu me lembro que, durante meu doutorado, eu presenciei a última aula de uma turma da disciplina de Materiais Dentários da USP (desculpem a falta do link, não consegui recuperar o post). Essa turminha estava no meio do segundo ano de curso, mas a energia, a alegria, a festa, enfim, tudo foi parecido com essa aula de hoje. Era o mesmo clima de liberdade, de superação, de puro contentamento. Depois eles saíram fazendo buzinaço pelo campus, na maior bagunça.

Deu até inveja (das boas), e uma saudade enorme dos meus tempos de acadêmico.

Ah, e aproveitando o post: hoje, pela primeira vez depois do começo da presbiopia, eu dei aula sem óculos no laboratório. Usei lente de contato. Colocar aquilo no olho é um pesadelo, é anti-natural enfiar o dedo no olho, mas eu consegui. E consegui enxergar o suficiente pra ler a bula dos materiais. Foi uma tremenda vitória, porque eu detesto óculos. Acho que vou me acostumar com a coisa.

Atualização:
Eu já tive outro blog, onde escrevi o tal post sobre a última aula, de que eu falo aqui. Depois de muito pensar, consegui me lembrar onde estava, então, transcrevo aqui o texto, para explicar melhor:

03/06/2004 12:50
Férias chegando! - ou, como as coisas mudam ligeiro...

Estamos chegando perto. O esperado último dia de aulas do semestre está cada vez mais próximo, com toda a adrenalina que esse fato acarreta, a expectativa de ficar uns dias em casa sem fazer nada, pegar um cinema, a turma toda combinando festas de confraternização, um certo clima de véspera de feriado no ar... e por outro lado, estresse por causa das provas. Eu fico sempre muito curioso nesses dias, mais ainda no final do ano, mas agora também pinta uma certa sensação de estranheza em ver como tudo muda em questão de segundos.
Explico: hoje teve prova. Os alunos passaram, em algumas horas, por três estados de ânimo bem diferentes, ou talvez até mais, mas eu consegui identificar três: primeiro estavam excitados, falavam alto, era a antecipação da prova teórica, sempre temida. Depois da prova veio a revolta, porque tinha pergunta mal formulada, pergunta dificílima, pergunta esquisita, e os professores resolveram corrigir a prova na hora. Foi um rebu danado, todo mundo bravo! Em compensação, assim que eles saíram da sala, abriram-se os sorrisos, esqueceram-se dos problemas (ah, que delícia ter vinte e poucos anos, que beleza...) e saíram combinando a festa da sexta à noite. Eu fiquei encantado com a alegria deles!
Eu, que me considero um escargot ainda na melhor das formas física e mental, talvez já tenha perdido um pouco dessa capacidade de me esquecer de TUDO para combinar uma festa, ficar feliz e com o espírito leve só de falar no assunto, me entregar tanto.
Talvez. Mas, pensando bem, ver a moçada tão alegre me contagiou e eu, por alguns minutos, enquanto os observava de novo falando alto, correndo de um lado para outro, sacando os celulares, também me esqueci dos meus miúdos e ridículos questionamentos cotidianos e tive, também, vinte e poucos anos, voei um pouco, e me achei no direito de fazer isso.
Talvez eu ainda tenha vinte e poucos, mesmo que esses poucos sejam mais vinte e poucos, heheheh.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Difícil

Me desculpem, está difícil escrever. Meu pai faleceu no dia 30/07, vítima de um câncer de pulmão. Eu até fiquei inspirado quando outras pessoas queridas se foram, como a Miriam Mourão ou a Célia Rodrigues, mas escrever sobre o meu pai é diferente. Então eu acho que vou ficar uns tempos sem escrever aqui. Paciência. Se eu conseguir, escrevo sobre ele. Se não, vou inventar outra coisa. Mas, prometo, não vou deixar de escrever.

sábado, 25 de julho de 2009

Sobre Caymmi e o sábado à noite

Mas eu tô ficanco velho
Cada vez mais doido varrido
Rita Lee (Ôrra, meu)*

Sábado, 10 da noite. Acabo de chegar em casa, achando que é um sintoma do passar do tempo, chegar cedo quando o normal seria ver o sol nascer sobre o mar da Paraíba, mas não estou em férias e amanhã, se não é dia de branco, é prenúncio de segunda-feira de ralo.

Fui jantar no Bahamas. Aqui em Jampa, Bahamas é um restaurante. Em Sampa, puteiro. Aqui tem música ao vivo, e o mais impressionante é que o músico tocou (e cantou, bem) uma tremenda seleção de músicas do Mato Grosso do Sul, com direito a Cuitelinho, Trem do Pantanal (Sobre todos os trilhos da terra, para quem conhece) e Kikyo, uma raridade do Geraldo Espíndola que eu pensava que só eu conhecia fora do MS. Confesso que, aqui no nordeste, eu gosto muito de ouvir música nordestina, até porque as músicas do MS eu toco em casa, mas foi bom ouvir algo que me lembrou de velhos tempos.

Em casa liguei a TV e estavam lá, Danilo, Dori e Nana, filhos do Dorival Caymmi, cantando músicas do pai. Misericórdia, como o Dori toca violão!!! Ele encontra harmonias absolutamente imprevisíveis, uma coisa que eu ainda não tinha prestado atenção. Eu sabia que eles todos eram músicos de primeiríssima qualidade, mas o violão do Dori nas músicas - que não são exatamente sofisticadas - do Dorival foram fantásticas. Marina foi impressionante. Eu toco Marina simplesinha, achando que toco muito bem... que nada! Eu achava que tocava com harmonia sofisticada, mas sou um nada. Ele é o cara. Caymmi é o cara.

Quase decidi nunca mais tocar Caymmi. Mas é muito bom pra não tocar mais. Mesmo tocando mal, eu continuo. Não espero melhorar, mas acho que não passo vergonha tocando.

Minha jangada vai sair pro mar...

* Eu não sei porque a música "Ôrra, meu", da Rita Lee, aparece com a letra de "Obrigado, não", também dela. Bobeira de quem publicou. Imperdoável.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sobre os sapos, o blog e alguns consertos em casa

A sapa, mulher do sapo, falou que o sapo anda meio guapo
Que o sapo véio mascava trapo, espumano a boca de imaginá...
Sapos (M. Rita Toledo)

Inda ontem, a minha amiga Sapavéia reclamou que o meu blog está às moscas. Verdade... sugeri um blog coletivo, eu, ela e mais quem acharmos merecedor de escrever conosco. Se vingar, divulgo oportunamente. Não nego que, no momento, várias skóis lubrificavam nossas normalmente tão circunspectas mentes, mas a idéia é boa.

Por outro lado, consegui terminar algumas coisinhas que tinha pra fazer em casa, um dos motivos do abandono do blog. Mudei o lugar do telefone, que é sem fio e atrapalhava o sinal do router wireless. Perto um do outro, os dois funcionam mal. Também abri meu netbook e instalei um novo pente de memória nele. Um horror, é preciso desmontar o computador INTEIRO (mesmo!) pra instalar um pente de memória. O pior é que o conector do teclado é dificílimo de instalar. Fácil remover, terrível para religar. Mas eu consegui, paciência e perseverança são características minhas (leia-se 'teimosia extrema'). Agora falta chegar meu computador oficial do conserto (pifou a placa de vídeo) pra eu reformar a rede. Vai ficar uma beleza!

Preparando post sobre um novo creme dental que eu, por pura curiosidade, comprei na sexta-feira. Azul escuro, ele tingiu até a minha escova, e promete clarear os dentes. Vejamos.

Com a chuvarada, o bairro onde moro virou um brejo. Ouço sapos cantando todas as noites. Sapos, rãs, pererecas e outros bichos. Adoro esse som, me traz boas lembranças. Agora, ainda mais.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ídolo pop bom é ídolo pop morto (revisitado)

Morreu, que triste fim!
Morreu com o nariz fazendo assim:
Hum hum, hum hum, hum hum, hum, hum.
Dinho (
A mulher que o trem matou)

Quando o Sivuca morreu, os caras do "A torre de marfim" escreveram um post chamado "Sanfoneiro bom é sanfoneiro morto". Eu não consegui recuperar o post, acho que eles se arrapenderam e apagaram. Eu espero que eles gostem do Maicon Jegue, aquele ex-negro, ex-cantor, ex-dançarino, ex-ser-humano que morreu ontem. Acho que, se eles gostarem, o troco tá na medida, porque eu até hoje gosto muito do Sivuca.

Eu nunca gostei do Maicon Jegue. Sempre achei que ele fez sucesso demais, com uma música feia, chata, simplista, além de uma imagem exagerada, dos xiliques, dos escândalos. Abriu estrada pra outras chatices da música americana, como Madona, Britney s'Pinscher, Justin Timberland e etcéteras. E nós, gado, tendo que ouvir esses horrores. E saber das bebedeiras, das fudelanças e outras baixarias dessa turma. Então eu acho que o Maicon Jegue já foi tarde. Causou muito estrago por aqui, antes não tivesse começado. Acho que tem gente sem a qual o mundo seria melhor. Pelo menos ele não teria comprado os direitos sobre as músicas dos Beatles, esses sim, revolucionários que mudaram o rumo da humanidade pra melhor.

Sempre que eu faço uma correção eu coloco em letras pequenas. Hoje coloco em letras grandes e de outra cor, porque eu acho que cometi uma tremenda injustiça com os amigos do A torre de marfim. O Matamoros escreveu, educadíssimo (vide comentários), que eles não fizeram o tal post sobre o Sivuca que eu alego que eles haviam feito, e eu concordo com ele: eu devo ter sonhado com isso. Pesquisei o quanto pude no Santo Google e não encontrei nada sobre o tema, então eu acho que fiz calúnia. Mea culpa, me perdoem, rapazes, eu os admiro muito e não deveria ter sido leviano a ponto de afirmar que vocês escreveram algo que eu não pude comprovar. Mas continuo não gostando do Maicon Jegue, hehehehe.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Uma reforma corajosa

Eight simple rules

Não entendi o enredo desse samba, amor
Já desfilei na passarela do seu coração
Jorge Aragão (Enredo do meu samba)

Eu considero a reforma ortográfica brasileira inútil, inoportuna e, principalmente, covarde. Tá, até que está mesmo na hora de dar uma reformada na forma de se escrever o português do Brasil, tão parecido e tão diferente do de Portugal, mas fazer isso da forma atrapalhada e ridiculamente ineficaz como foi feito, sem uma consulta popular, por um bando de velhos caquéticos, desinformados, beletristas, caducos e sem ter o que fazer, é sacanagem!

Então, eu, Mr. Teeth, vou propor uma reforma corajosa, que extirpe o que o português tem de pior, tornando-o uma língua razoável, pelo menos para se escrever. Acompanhe:

1. Removem-se TODOS os acentos e demais sinais diacríticos. Eles são completamente desnecessários. Em inglês não há. Em hebraico e árabe não há sequer vogais.

2. Acabam as consoantes dobradas. "SS" e "RR" não serão mais necessários, pois todos os sons de "S" como em massa, isso e nossa serão grafados com um só 's'. Todos os sons de 'rr' podem ser escritos com a letra 'h', que não tem grande utilidade hoje. Então, ao invés de 'carro' você passa a escrever 'caho', ao invés de 'roda', escreveria 'hoda' e assim por diante.

3. Pelo mesmo motivo do ítem 2, desaparece o "ç". Veja só que facilidade para se escrever 'masa' ao invés de 'massa', 'eu meso' ao invés de 'eu meço', 'casa' ao invés de 'caça'. Alguma confusão é esperada, como no caso da maçã, mas hoje nós temos a manga* e ninguém reclama. Então, se eu quiser escrever que "este carro é caro", fica assim: 'este caho e caro'. Pronto.

4. Some o "ch". Todas as palavras com o som de 'ch' serão grafadas com 'x', como no 'xou da xuxa'. Simples e objetivo. E o 'x' só terá som de 'x' mesmo, nada de escrever 'exato', porque o som do 'x' aí é 'z', então escrevemos com 'z', e fica 'ezato'. Casa também vira 'caza' e misantropo vira 'mizantropo'.

5. A letra 'c' terá sempre o som de 'k', mesmo quando preceder as vogais 'e' e 'i'. Ciso vira 'sizo', centavo torna-se 'sentavo'. Então o conjunto 'qu' também se torna obsoleto, e você poderá escrever: "o ce acontesera..."

6. Os dígrafos 'lh' e 'nh' continuariam existindo, eu não consegui pensar em algo melhor. Mas eu acho que seriam os únicos. Até porque são sons que não têm outra forma de ser grafados. Todos os outros dígrafos serão abolidos, como 'ch', 'rr', 'ss', 'qu' e o que mais vier.

7. Aliás, porque é que o 'g' precisa de um 'u' para ter som de 'gue'? Porque é que nós não escrevemos 'je' e 'ge'? São sons diferentes, grafados diferentemente, então, a palavra gente vira 'jente' e gueixa vira 'geixa'. Gueto transforma-se em 'geto' e ginete em 'jinete' (procure isso no dicionário, se você não sabe o que é).

8. Finalmente, abolir as separações de palavras compostas. Todas. Pré-venda, pós-graduação, anti-bomba, essas coisinhas bestas, pode emendar tudo. Fica prevenda, posgraduasao, antibomba. E, acima de tudo, só um jeito de escrever porque. Porque nós temos que escrever isso de três formas diferentes? É ridículo, ter que saber onde separa e onde é junto, se tem acento ou não, se tem hífen ou não... simplifiquemos, o porque só tem uma forma de se escrever.

Tenho dito! Se você tiver alguma sugestão, crítica ou, de alguma forma, discordar disso, pode argumentar, desde que seja civilizadamente. Eu posso publicar aqui o seu argumento.

* Aqui no nordeste eu aprendi que a palavra 'manga' tem 3 significados: parte de uma peça de vestuário, fruta e troça. Esta última é bem regional: "Tá mangando de mim, home?"

sábado, 30 de maio de 2009

Em preparação

Post sobre a reforma ortográfica está em gestação.  Acho que o parto será meio difícil, então, peço um pouco de paciência.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A primeira a gente nunca esquece

Sabia que ia acontecer você, um dia
E claro que já não me valeria nada tudo o que eu sabia
Chico (Lola)

Eu sabia que ia acontecer um dia. Mais cedo ou mais tarde, algum ignorante ia me criticar por eu ter tatuagens pelo corpo. Algum boçal, ou mau-caráter, ou político, ou alguma outra coisa que eu abomino, tinha que priorizar minha aparência física em detrimento da minha personalidade, do meu caráter, da minha história. Ou, mesmo, do fato de eu ser um ser humano, nem melhor, nem pior do que qualquer outro que anda sobre a face da terra.

Pois ontem aconteceu. A figura falou na minha cara que não concordava que eu, um 'educador', tivesse tatuagens pelo corpo. Ora, mas isso é como dizer que você não aceita que exista um professor negro. Nada tem a ver uma coisa com a outra.

Mas o foco, aqui, foi outro. Como o Chico disse na música (que, eu sei, não é sobre preconceito) ela jogou no lixo a minha educação, meu estudo, meu trabalho, minha honra, enfim, tudo o que EU SOU, para se focar no que EU PAREÇO PARA ELA! Bom, eu sei que eu não devo me importar com essas coisas, que isso tinha mesmo que acontecer, que essa pessoa nem merece que eu esquente a minha cabeça, e, de fato, eu estou menos revoltado do que impressionado. Impressionado com o quanto as pessoas se deixam levar pelas aparências. Essa aí até já me conhecia. Mas nunca tinha me visto de camiseta, então me respeitava com o 'professor doutor', pai cuidadoso e marido carinhoso. Quando viu meu braço, pirou!

O mais engraçado: a tatuagem que ela tanto achou 'imprópria' é uma braçadeira em que estão escritos os nomes da minha mulher e das minhas filhas. Mais família careta, impossível.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Filme

Os letreiros a te colorir embaraçam a minha visão 
Eu te vi suspirar de aflição e sair da sessão, frouxa de rir 
Chico Buarque (As vitrines)

Não sou de postar críticas de filmes, mas essa eu vou cometer.  Assisti ao filme Noel - Poeta da Vila, DVD emprestado pela minha amiga Sapavéia.  Conta a vida de Noel Rosa.

Primeiro eu preciso dizer que eu adoro Noel.  Quem não ouviu, cheirou, fumou, bebeu e se alimentou da arte de Noel não pode dizer que já ouviu samba.  Eu, músico, sambista, injetei Noel nas veias! O homem era simplesmente um monstro, nos poucos anos que viveu, revolucionou a música brasileira.   Mas o filme não chega aos pés do biografado.  A arte é boa, reconstituição da época Ok, os atores são ótimos, inclusive os (pra mim) desconhecidos.  Mas pra quem conhece a história, ficou faltando algo.  

Faltou a correspondência entre os fatos da vida dele e as músicas que ele fez.  Aliás, a música, no filme, é figurante.  Em primeiro plano, os amores, a doença, as desgraças que aconteceram com ele.  Ora, se o homem foi um deus do samba, da poesia e da música, porque não colocar essas coisas em destaque?  Ficaram em segundo plano, como coadjuvantes, como se fosse para ilustrar, um pano de fundo.  Decepcionante.

Figuras importantíssimas na vida dele, como Wilson Batista, Mario Lago e Francisco Alves, aparecem rapidamente.  Quem mais aparece são as mulheres, que não foram, para ele, além de musas.  O samba era seu amor.  Ao invés de um relato histórico sobre uma personalidade importante, o filme virou um romance melado, com final triste, expondo em cores cruas a decrepitude a que a tuberculose o levou.  Melhor seria se mostrasse as situações em que ele compôs cada música, se as músicas fossem tocadas no filme (apenas partes puderam ser ouvidas), se a história fosse mais fiel e real, menos focada no folclore e mais na verdade.

Desnecessárias as cenas de sexo quase explícito, apelativo.  Desnecessária a cena dele vomitando sangue.  Desnecessária a melação e a transformação de um gênio em um fraco.  É uma pena, com aquele ator (Rafael Raposo, ótimo!) poderia ser um grande filme.  Honrou a tradição do cinema brasileiro de transformar ótimas oportunidades em retumbantes decepções.  E, cheio de logotipos de órgãos oficiais, deve ter recebido dinheiro do governo.  Mais uma coisa que eu pago compulsoriamente, revoltado.

sábado, 11 de abril de 2009

Dead blogs

O cadáver do indigente é evidente que morreu
E no entanto ele se move como prova o Galileu
Chico Buarque (O Malandro nº 2)


Às vezes eu olho e me dá a impressão que o meu blog tá morto... mas não, tá só em coma. Eu nunca pensei a sério em matar meu blog, até porque é hoje o único lugar onde eu posso escrever o que vier à cabeça. No meu site pessoal eu só posso escrever certinho, porque meus alunos lêem e sabem quem eu sou, e eu acho que, mesmo sendo um reles professorzinho de subúrbio, eu influencio algumas cabecinhas.

Aqui não, eu posso ser porra-louca o quanto quiser. Mas me entristece ver blogs mortos na minha lista de favoritos, aí à direita. O Enzimas Virtuais tá há 3 meses parado, a Maristela ameaçou matar o Clínica da Palavra (ainda bem que ela não cumpriu a ameaça, é um dos meus favoritos) e agora o Marcurelho resolveu matar o Jesus me Chicoteia.

Esse último pegou pesado. O JMC me deu coragem pra começar o meu blog, me inspirou muito - apesar de que eu sei que não chego aos pés do Marco como escritor - e me provou que ainda existe gente que consegue escrever bem em português, sem ser piegas, doutrinador, chato ou escroto. O Marco foi o meu guia no caminho do blog. O JMC durou 7 anos, morreu à míngua. O meu blog também parece abandonado, mas eu juro que ainda penso nele.

Então, caríssimos, vocês que vêm aqui de vez em quando em busca de alguma lamúria ou rabugice de minha parte, tenham um pouquinho de paciência. Eu não sou escritor, então não vou matar o blog por ter arrumado emprego novo (que, de fato, arrumei, mas é emprego de professor, como tive a vida toda).

Na verdade eu não estou escrevendo mais por preguiça mesmo. Me mudei pra Paraíba, moro de frente pro mar e ainda me sinto esquisito: parece que estou de férias e vou trabalhar de vez em quando, pra não ficar entediado, entenderam?

quarta-feira, 18 de março de 2009

Aposentadoria do Prof. Guedes

Diz quem foi que fez o primeiro teto que o projeto não desmoronou 
Quem foi esse pedreiro, esse arquiteto, e o valente primeiro morador 
Diz quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor
Chico Buarque (
Almanaque)

Recebi, há alguns dias, e publico aqui, a informação da aposentadoria do Prof. Guedes-Pinto, baluarte da Odontopediatria no Brasil, meu professor e amigo.  Pessoa que admiro muito, apesar de, ou  - mais provável - pela personalidade fortíssima, que nunca se deixa abater, que nunca recua frente a qualquer desafio, que leva a vida como uma luta constante contra tudo o que acha errado.

Admirável, Prof. Guedes.  Professor e cientista, ser humano de enorme coração e igual capacidade para uma boa briga.

Ele se aposenta com plena capacidade física e a mesma mente sagaz e curiosa que sempre demonstrou, evidenciando uma incoerência do sistema educacional brasileiro, a tal aposentadoria compulsória.  Já fiquei feliz por alguns professores chegarem à idade da compulsória, porque estavam ocupando um lugar que poderia ser ocupado por um profissional jovem e competente, com maior capacidade de trabalho e pesquisa.  São professores que não produzem mais, continuam no cargo talvez por pura vaidade, ou inércia, ou sei lá o quê, lendo jornal na sala dos professores enquanto seus assistetes ministram as aulas.  Não é o caso do Prof. Guedes, ativíssimo tanto em sala de aula como na coordenação de pesquisas.

Bem, só o que eu posso fazer é divulgar o prêmio e o encontro comemorativos e desejar a ele que continue produtivo e curta mais a família.


sábado, 14 de março de 2009

As agruras de ser professor

O que eu queria, o que eu sempre quis
Era ser dono do meu nariz
Arnaldo Antunes (Autonomia)


Ontem, em conversa com os colegas. Discutia-se, em uma animada roda em torno de uma churrasqueira acesa e devidamente abastecida por número bastante e suficiente de espetos, sobre o papel do professor. Devo confessar que alguma cerveja lubrificava nossas normalmente tão conspícuas mentes...

O cerne da discussão seria a possibilidade de auto-avaliação pelos alunos - argumentava-se que nenhum aluno em sã consciência admitiria que foi insuficiente seu desempenho em uma disciplina e merecia ser reprovado, repetindo-a.  Assim, alunos absolutamente incapazes seriam aprovados e nós estaríamos colocando no mercado* alguns maus profissionais.  Foi então que um dos envolvidos fez a seguinte pergunta:

- Qual é o seu papel como professor?

Bela pergunta, cara-pálida.  Como respondê-la?  Por acaso é papel do professor filtrar maus profissionais?  Por acaso é responsabilidade nossa impedir que estes cheguem ao mercado?  Teremos mesmo a missão de depurar a turba que, ano após ano, consegue penetrar os insondáveis mistérios do vestibular e assoberbar as escolas?  As conclusões foram, no mínimo, esclarecedoras:

No ensino superior, espera-se que o aluno tenha consciência e maturidade para procurar seus próprios caminhos.  Cabe ao professor disponibilizar a informação e facilitar o acesso a esta.  Professor não ensina.  Não se pode enfiar a informação goela abaixo do aluno.  Disponibilizamo-la e ele, se achar por bem fazê-lo, assimila.  Já é uma tarefa árdua essa, já é difícil e complicado, sem ter que ficar pensando se aquele aluno será ou não um bom profissional.  Para filtrar maus profissionais existem órgãos competentes (ou nem tanto) como os CRO's da vida.  A nós, professores, cabe tentar fazê-los compreender que só através do conhecimento é que se pode melhorar.  Nos cabe estimular e inspirar o aluno, não segurá-lo dentro da universidade além do que ele quer ficar.  Cada um que encontre o seu caminho.  Quem entra lá pode sair um ótimo ou um péssimo profissioanal, independente de ter bons ou maus professores.  Só depende dele.

* Notem, estimados leitores, que eu capitulei e acabei reconhecendo que a Odontologia virou, mesmo, um comércio desavergonhado.  Assim, nada mais coerente do que chamar de "mercado" o ambiente em que trabalhamos.  Se é pra vender coisas que o cidadão nem sequer sabia que desejava, que seja algo decente, pelo menos.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Artigo do Galvão

Mas se a vida mesmo assim não melhorar
Os beatos vão largar a boa-fé
Chico Buarque (A permuta dos santos)

Sob prévia consulta e com a devida permissão, vou reproduzir aqui texto do meu amigo Galvão, que achei deveras pertinente. Texto também publicado no site dele.
www.galvaoziwm.blogspot.com
www.zedoquiabo.blogspot.com


Geni e o Zepelim no nosso pantanal


*por Galvão

Se Mato Grosso Sul tivesse mudado seu nome pra Pantanal, com certeza, Campo Grande seria uma das cidades sub-sedes da Copa do Mundo de 2014. Mas o problema do nosso nome e, sobretudo do nosso futebol à base de tereré, é mais embaixo e depois da rede rasgada da trave.

O que me espantou, foi que de repente, do nada, pessoas que nunca fizeram nada pelo futebol, "o prefeito de joelhos, o bispo de olhos vermelhos e o banqueiro com um milhão" afora as adjacências de ocasião, formaram um eufórico bloco carnavalesco pró-copa, do qual há muito tempo o torcedor não foi convidado.

O estado do futebol no nosso estado é deplorável, talvez menos. Os jogadores passam fome e nem ao menos têm o passe de ônibus pra ir aos treinamentos, talvez menos também. Nossos dois times históricos: Comercial e Operário, eu nem sem que subdivisão ele se encontram atualmente, talvez até melhor! Há muito tempo ninguém sabe o que é um título nacional. Por descaso dessas mesmas pessoas e outrem, o Morenão estava embargado para jogos por falta de estrutura e mais da metade de seu espaço estava inativo, sem o menor uso de sua potência.

Na música do Chico Buarque "Geni e o Zepelim", a cidade faz apelos para que um travesti de nome Geni, durma com um comandante de um zepelim prateado gigante, que ao chegar àquela cidade se apaixona por ele (Geni), para que aquele lugarejo não fosse destruído. Uma boa causa! Enfim contudo quando o "temível malfeitor" vai embora, a população volta a jogar "pedra na Geni."

Pois bem, ao desembarcar em Campo Grande na próxima terça-feira, o Comitê Organizador da Copa do Mundo da FIFA irá encontrar uma população em clima de festa. Haverá samba, mulher bonita e muitos adereços como camisetas, bonés, leques e adesivos. Entre as belas mulheres estará a atriz Luiza Brunet, embaixadora dessa campanha pela Copa de 2014 na cidade, mais doze escolas de samba para recepcionar o comitê. Duas delas ficarão no aeroporto, as outras ao longo da Avenida Afonso Pena, entre as ruas Calógeras e Bahia. Também haverá blocos nas ruas. Como se vê, uma organização impecável.

Esta imagem acima também acontece na música do Chico, onde aqui o povo é a Geni e o Zepelim é o Comitê: sem a Copa do mundo aqui, adeus sopa paraguaia! Está às vistas que Luiza Brunet é mais bonita que Manoel de Barros e os inteligentes marketeiros sabem que jacarés, tuiuiús, a Morada dos Baís e metáforas poéticas, não vendem mais do que um belo peitão, mas fica capenga
de substancialidade. Quem aqui sabe quem foram os grandes incentivadores do futebol como Elias Gadia e Radio Maia, por exemplo?

André Puccinelli falou que Mato Grosso do Sul vai gastar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão para trazer a Copa, "mas a maior parte dos investimentos será da iniciativa privada", nos tranqüilizou. Imagine se isso fosse investido no nosso futebol, quantos Ronaldinhos não teríamos? Se não formos escolhidos, haverá reforma do Estádio Morenão, onde serão gastos até 500 milhões de reais? Para ver o Operário contra as Moreninhas, duvido? Não querendo desmerecer os times citados, mas sim a falta de incentivos que não favorecem o desenvolvimento de suas potencialidades.

O secretário de Desenvolvimento do Turismo de Mato Grosso, Yuri Bastos Jorge, em entrevista à imprensa disse que a população de Campo Grande é "sem graça". Sem graça são os nossos políticos e os deles também.

Não pretendo jogar confete de água fria, nessa serpentina chicobuarqueana pantaneira. É claro que todos queremos a copa aqui, mas que pelo menos essa campanha sirva de reflexão para o nosso futebol, quando chegar a quarta-feira de cinzas!

* Raimundo Edmario Guimarães Galvão, é músico e jornalista DRT nº 496-MS

Email : galvaozim@gmail.com

sábado, 31 de janeiro de 2009

Blog pra quê?

Vai trabalhar, vagabundo
Vai trabalhar, criatura
Deus permite a todo mundo uma loucura
Chico (Vai trabalhar vagabundo)

Quando eu comecei meu primeiro blog eu o fiz porque eu não tinha voz. Não, eu não estava afônico, eu só queria escrever bobagens que passavam pela minha cabeça e não tinha onde. Blog era a voz dos "sem voz". Era o lugar onde quem não tinha acesso aos meios de comunicação poderia colocar suas idéias, reclamar, xingar alguém, um espaço democrático e libertário, que as pessoas podiam usar à vontade. E, melhor: 'de grátis'!

Só que agora eu vejo esse conceito deturpado. Eu vejo blogs de políticos (argh!), jornalistas, programas de TV, revistas... ou seja, quem está usando blog são exatamente as pessoas e entidades que SEMPRE TIVERAM ACESSO AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO!!! Eles não precisam disso mas, como a idéia marginal e anárquica começou a fazer sucesso, tinha um público cativo e selecionado, eles resolveram invadir.

Pois eu digo: não leio blog de político, de quem escreve em jornal ou revista, de quem tem acesso a TV, radio e outras mídias. Fora do nosso espaço, seus 'com voz'! Eu me sinto membro de uma comunidade seleta, dos que ainda têm paciência e disposição pra escrever, dos que QUEREM escrever e não têm outro lugar, senão aqui. Esses invasores não podem tornar o blog uma coisa oficial, de terno e gravata, certinha... blog tem que ser esculhambado mesmo, anarquia e democracia, escreve quem pode, escreve o que quer. Eles que vão escrever nas suas revistas, nos seus jornais, eles que vão falar na TV e no rádio. Deixem nosso blog em paz!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Feliz 2009, com considerações sobre a existência de um deus



Hoje leio, entre pasmo e maravilhado, texto do nem sempre admirado Reinaldo Azevedo.  Nem sempre admirado por mim, explico.  Porque o homem é meio radical nos seus posicionamentos, coisa que eu também sou e, só por isso, eu deveria admirá-lo.  Porque ele escreve em português impecável, coisa rara hoje em dia, onde eu (que prezo um texto bem escrito) confesso que cometo deslizes.  Mas eu nem sempre concordo com as opiniões dele e, aí eu não o admiro.  Mesmo com todas as qualidades eu não o admiro sempre.  Talvez seja uma ponta de inveja, sei lá...

Bom, mas o texto que eu li hoje chama-se "Duas ou três coisas que eu sei sobre Ele" e, só pra ter uma idéia da coisa, contém a frase:
"Se há um Deus, por que Ele não nos dá tudo aquilo que um mundo sem Deus nos sonega?"
Leia o texto.  Pra um ateu, à toa e sem-vergonha como eu, foi quase uma revelação.  Nunca eu tinha lido algo tão lúcido e preciso.  Continuo com as minhas convicções, mas ler algo que vá contra as minhas crenças e gostar é coisa rara pra mim.  Acho que pra todo mundo.  Então, se você não é crente, leia!  Se é, leia também, que vale a pena.

Um grande 2009 pra todos vocês, que me lêem esporadicamente, que este seja um ano de grandes realizações, de sonhos alcançados, de promessas cumpridas, de expectativas confirmadas (as boas, só as boas), de paz, saúde e alegria, porque o resto é só resultado disso.  Que as forças do universo - sejam lá quais forem elas, existam ou não - conspirem para que os homens sejam sensatos, para que haja compreensão entre irmãos, respeito aos semelhantes e à natureza e para que possamos viver em harmonia.

FELIZ ANO NOVO!