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segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Clareamento dental

"Essas feridas da vida, Margarida
Essas feridas da vida, amarga vida"
Vital Farias

Ontem tive minha atenção chamada por uma metéria na revista Veja, sobre clareamento dental. O interessante na matéria é que os pequenos problemas que podem resultar de um clareamento, mesmo que muitíssimo bem feito, ficam em segundo plano. O tratamento é citado como um procedimento estético normalíssimo, algo que qualquer mortal pode fazer, independente de ser um tratamento de saúde, que utiliza medicamentos e que tem, como todo tratamento, efeitos colaterais. Claro que tem.

Uma boa parcela dos pacientes que se submetem a esse tratamento apresentam sensibilidade pós-operatória. Isso ocorre porque o principal ingrediente ativo dos géis clareadores, o Peróxido de Carbamida, pode penetrar em trincas do esmalte e causar sensibilidade à dentina subjacente. Essas trincas são muito mais comuns do que se imagina, então é de se esperar que a quantidade de pacientes com sensibilidade trans e pós-operatória seja bastante razoável. E aí, como resolver? É, doutor, clarear você sabe, mas sanar a sensibilidade eu quero ver!

É esse o grande problema da odontologia hoje. Acho que é um dos problemas por que passa também a cirurgia plástica. São oferecidas como tratamentos meramente estéticos, como se fosse uma maquiagem, coisinha básica, fácil, rápida, praticamente indolor e que quase pode ser feita em casa. Eu sei, estou exagerando um pouco, mas sempre tenho essa impressão. Em outra edição, a mesma revista fala dos estrangeiros que vêm ao Brasil fazer tratamentos estéticos. O mais procurado é a cirurgia plástica, em segundo lugar a odontologia. Porquê?

São especialidades que, nos EUA e na Europa custam muito caro. Custam caro porque lá os profissionais precisam pagar seguros caríssimos, que cobrem processos por parte dos clientes. Se o cliente processar e ganhar, o seguro paga. O profissional paga o seguro e repassa o custo ao cliente. Mais ainda: ele aumenta esse custo por conta da dor de cabeça que é encarar um processo, mesmo que você não seja condenado. E esses seguros são caros porque é muito fácil ganhar um processo desses. Clareamentos são completamente imprevisíveis, ninguém consegue prever o quanto vai mudar a cor de um dente.

Os brasileiros ainda não descobriram a mina de ouro que é processar médico e dentista. Também, com o sistema judiciário que nós temos, até você conseguir receber uma indenização... é capaz de ter que deixar no testamento!

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