Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

segunda-feira, 26 de março de 2007

Novas do planeta Brasil

Mesmo com o nada feito, com a sala escura
Com um nó no peito, com a cara dura
Não tem mais jeito, a gente não tem cura
Chico (Vai levando)

Ultimamente eu ando até desanimado para escrever aqui. Meus 3 leitores já devem ter notado que as atualizações são cada vez mais raras, mas isso tem um motivo forte: eu estou tentando ser um pouco mais otimista, andam reclamando que eu sou muito ranzinza, que eu só reclamo... apesar de que eu criei esse blog foi mesmo pra isso, reclamar e ser chato, descer o pau nas coisas que eu não gosto. Mas ultimamente a coisa tem sido feia, vejam só:
  • Prorrogaram a CPMF, de novo. O imposto mais injusto de todos, o mais inflacionário, o mais recessivo, continua, firme e forte. Era pra ser provisório. Quem foi o infeliz que deu essa idéia?
  • Mudaram o cálculo do PIB. O que isso significa? Simples: eu, você e os nossos vizinhos, que não são políticos, estamos ferrados. Só os deputados, senadores e outros ladrões que habitam os círculos governamentais estão a salvo. O resto, danou-se, porque o dinheiro é o mesmo, mas eles dizem que é mais. Pô, isso devia ser bom, mas não é, porque o governo tem uma meta de economizar X% do PIB. Se o PIB é maior, o governo vai precisar de mais dinheiro para juntar esse X, adivinha de onde vai tirar?
  • Os ministros que o presidente escolheu têm, em alguns casos, ficha policial de fazer inveja ao Fernandinho Beira-Mar. O supremo não deixa processar, quando processa julga inocente e nós ficamos com um bandido (só um?!?) no ministério. "I-NO-SENTE" mais nada. Só sente a mão do fulano no seu bolso.

Então, diz aí, cara-pálida, dá pra ficar otimista vendo essas coisas na TV? Eu acho que vou assistir Pânico, com as minhas filhas, pelo menos é engraçado.

terça-feira, 13 de março de 2007

Óxido nitroso (de novo)

Era como a primeira tonteira
Imitando Gilberto Gil
Pra cantar a vida inteira: - Cadê o som? sumiu?
Oswaldo Montenegro (A festa)

Enquanto isso, na 'Sala de Justiça', os ingleses têm que rebolar pra impedir que os patrícios morram inalando o anestésico. Oras, já se viu: sem ter mais o que fazer, sem ter o que construir, sem perspectivas, resolveram usar o 'gás hilariante' do século XIX para se divertir, a despeito dos riscos da coisa. É, eu sei, eu sempre disse que era seguro. Mas é seguro dentro do consultório, administrado por um profissional que sabe o que está fazendo, bem formado e com a responsabilidade de manter seu paciente vivo. Em um bar, beira a estultice.

Tão seguro quanto os kits de clareamento dentário que se vendem pela TV e pela internet. Será que ninguém ainda percebeu que isso é medicação? Ninguém acordou para o fato que todo medicamento tem efeitos colaterais, que para se fazer qualquer tipo de terapia é preciso uma avaliação antes? Até pode ser, mas o lucro é quem fala mais alto na sala, certo? Dane-se o consumidor/contribuinte, eu quero é saber do meu! Se eu ganhar, não me importa quem perde. Perde o otário, que compra essas porcarias e embarca nas ilusões das bruxarias de sempre.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Coisas úteis

Utilidade
Não tem nenhuma utilidade
So - ci - e - da - de
Arnaldo Antunes (Faculdade)

Eu me pergunto, quando fico tentado a tecer elocubrações filosóficas sobre o sentido da vida, porque algumas pessoas só pensam em ganhar dinheiro tirando das outras, ao invés de construir alguma coisa. Eu sempre fui de construir, desde que ganhei meu primeiro carrinho de brinquedo e o desmontei para ver se conseguia fazer algo diferente com ele. Eu nunca me conformei em puxar o carrinho por um barbante, muito menos ligá-lo e ficar olhando ele andar. Eu queria abrir pra ver o que tinha dentro e depois montar de novo, ou, de preferência, montar outra coisa, algo que eu havia construído com as minha próprias mãos. Não preciso explicar que eu nunca tive um brinquedo que funcionasse, certo? 15 minutos depois de eu colocar as mãos em qualquer coisa, aquilo já estava desmontado e irremediavelmente, estragado. Mas eu tentava.

Pois às vezes eu me deparo com notícias sobre pessoas que controem. É muito bom isso! Eu adoro ver as pessoas construindo coisas, mesmo que de utilidade duvidosa. Como o americano que inventou uma geladeira que arremessa latas de cerveja. Ora, pra que diabos serviria uma coisa dessas? É o cúmulo (como dizia a mula...) da preguiça, o cara apertar um botão e a cerveja gelada sair voando pela sala até as mãos dele, esparramado no sofá. Imagine a barriga do fulano!

Mesmo assim o cara construiu a tal máquina. Isso é que é não ter preguiça de ter preguiça. Um ícone dos dias modernos.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Santa Apolônia

Onde queres prazer sou o que dói,
E onde queres tortura, mansidão
Caetano (O quereres)



Santa confusão, Batman! A padroeira dos Cirurgiões-Dentistas é Santa Apolônia. Porque? Porque, durante seu suplício, foram-lhe arrancados os dentes. Ela aparece nas imagens vestida com um manto verde, segurando uma torquês, espécie de alicate com o qual teriam-lhe arrancado os dentes.

Mais uma vez a Odontologia escolhe uma imagem (ou escolheram por nós e ficou por isso mesmo) de tortura e mutilação, ao invés da cura e da prevenção. Podem argumentar que isso vem de uma época em que era assim mesmo, a simples idéia de ir ao dentista causava calafrios no mais corajoso dos machos, mas já mudou. Como tudo na vida, a profissão evoluiu para ciência. E, como tal, não combina mais com a imagem de Santa Apolônia e seu suplício odontológico. Escolhamos, pois, outro padroeiro, de preferência um que se tenha dedicado à cura e à remissão da dor, que é o que nós fazemos no dia-a-dia da clínica. Eu não quero mais ser retratado como carrasco. Eu sou um cientista, eu previno doenças, eu curo. Porque a padroeira da minha profissão tem que ser uma santa torturada?

Em tempo: muita gente pensa que o padroeiro dos "dentistas" é Tiradentes. Não é. Ele não era dentista, era barbeiro. Numa época em que a diferença entre médico e monstro era apenas um diploma, o homem ficou conhecido pela sua principal atividade, pois barbeiros faziam sangrias, arrancavam dentes, tosavam barba, bigode e cabelos. Provavelmente esse mineiro preferia dentes, era um sádico, o moço!