Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Porquice

"Quero ficar no seu corpo, feito tatuagem...
Que você pega, nega, esfrega, mas não lava"
Chico Buarque


"ESCOVAR OS DENTESE UMA VEZ POR DIA PODE SER
SUFICIENTE


Um artigo publicado na última edição da revista Oral Health & Preventive Dentistry argumenta que há um consenso na literatura indicando que uma única escovação diária dos dentes seria suficiente para cuidar da saúde bucal e prevenir cáries e doenças periodontais.
O texto ainda faz a ressalva que essa escovação deve ser feita correta e cuidadosamente. O problema, segundo o artigo, é que a higiene bucal realizada pelos pacientes em casa não é eficiente para a remoção da placa, o que pôde ser verificado por uma pesquisa. O estudo da literatura, no entanto, não fornece evidências sobre qual o momento ideal para realizar essa única escovação diária, se antes ou após as refeições. Mas, considerando que a finalidade da higienização é diminuir a duração da ação de algumas substâncias dos alimentos sobre os dentes, o momento após as refeições continua sendo o mais recomendado."


Êta, gente porca! Será que ainda não está estabelecido que escovar os dentes é um hábito de higiene? Nós comemos várias vezes ao dia e depois de cada refeição deve-se proceder à higiene bucal, assim como nós higienizamos nossas partes íntimas TODAS as vezes que vamos ao banheiro. Oras, se eu disser a alguém que é suficiente usar papel higiênico uma vez ao dia, independente de quantas vezes o indivíduo foi ao banheiro, todo mundo vai achar que eu enlouqueci. Pois se eu disser que há muito mais bactérias - em números absolutos, em variedade, em patogenicidade - na boca do que em qualquer outra parte do corpo (incluindo essa que você está imaginando), você acredita? Então, quem não escova os dentes depois das refeições, fica com o bafão, pode ser considerado uma pessoa limpa?

Por outro lado, alguns pesquisadores, na ânsia de criar algo novo e inscrever seu nome na história da odontologia, publica qualquer besteira, sem pensar nas consequências. A odontologia evolui há tanto tempo... e aí vem um esperto e acha que com sua descoberta de fundo de quintal vai revolucionar a ciência.
Estudo... precisa muito estudo.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Clareamento dental

"Essas feridas da vida, Margarida
Essas feridas da vida, amarga vida"
Vital Farias

Ontem tive minha atenção chamada por uma metéria na revista Veja, sobre clareamento dental. O interessante na matéria é que os pequenos problemas que podem resultar de um clareamento, mesmo que muitíssimo bem feito, ficam em segundo plano. O tratamento é citado como um procedimento estético normalíssimo, algo que qualquer mortal pode fazer, independente de ser um tratamento de saúde, que utiliza medicamentos e que tem, como todo tratamento, efeitos colaterais. Claro que tem.

Uma boa parcela dos pacientes que se submetem a esse tratamento apresentam sensibilidade pós-operatória. Isso ocorre porque o principal ingrediente ativo dos géis clareadores, o Peróxido de Carbamida, pode penetrar em trincas do esmalte e causar sensibilidade à dentina subjacente. Essas trincas são muito mais comuns do que se imagina, então é de se esperar que a quantidade de pacientes com sensibilidade trans e pós-operatória seja bastante razoável. E aí, como resolver? É, doutor, clarear você sabe, mas sanar a sensibilidade eu quero ver!

É esse o grande problema da odontologia hoje. Acho que é um dos problemas por que passa também a cirurgia plástica. São oferecidas como tratamentos meramente estéticos, como se fosse uma maquiagem, coisinha básica, fácil, rápida, praticamente indolor e que quase pode ser feita em casa. Eu sei, estou exagerando um pouco, mas sempre tenho essa impressão. Em outra edição, a mesma revista fala dos estrangeiros que vêm ao Brasil fazer tratamentos estéticos. O mais procurado é a cirurgia plástica, em segundo lugar a odontologia. Porquê?

São especialidades que, nos EUA e na Europa custam muito caro. Custam caro porque lá os profissionais precisam pagar seguros caríssimos, que cobrem processos por parte dos clientes. Se o cliente processar e ganhar, o seguro paga. O profissional paga o seguro e repassa o custo ao cliente. Mais ainda: ele aumenta esse custo por conta da dor de cabeça que é encarar um processo, mesmo que você não seja condenado. E esses seguros são caros porque é muito fácil ganhar um processo desses. Clareamentos são completamente imprevisíveis, ninguém consegue prever o quanto vai mudar a cor de um dente.

Os brasileiros ainda não descobriram a mina de ouro que é processar médico e dentista. Também, com o sistema judiciário que nós temos, até você conseguir receber uma indenização... é capaz de ter que deixar no testamento!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Duda Mendonça

Meu herói!

Eu já disse em algum lugar que eu odeio publicitários, mas o Duda é o meu herói de verdade. Um dos homens que eu mais admiro no Brasil, e eu não digo isso com qualquer traço de ironia, é a mais pura verdade. Hoje eu li uma reportagem que diz que ele conseguiu arrancar mais de 15 milhões de dólares de políticos brasileiros, argentinos e de outras nacionalidades tão execráveis quanto, e escondeu em uma conta secreta.

UAU, isso era tudo o que eu sonhava em fazer na vida! Eu já não aguento mais ser extorquido pelo fisco brasileiro, ser sangrado do meu dinheiro suado para que os políticos viajem de jatinho particular comendo caviar e tomando Möet & Chandon enquanto eu como torrada seca no café da manhã. Políticos deveriam pagar para exercer cargos eletivos. Ao invés disso eles recebem fortunas arrancadas do meu trabalho, não é justo. Agora, o Duda ganhar uma fortuna e esconder do fisco é o máximo! Eu daria um prêmio pra ele. Ainda por cima, ele nunca extorquiu dentista, nunca falou em arrancar o meu dinheiro.

Tracemos um paralelo: se um ladrão invade a minha casa, faz uma limpa, mas não vê a caixa de sapato que eu escondi embaixo da cama com as notas de $20,00 (sim, caro leitor, nota de 20 pra mim é fortuna, eu escondo direitinho), é a maior felicidade. Eu sou atá capaz de contar pra polícia: "Ó, ele levou o videocassete que eu ainda não terminei de pagar, mas não achou minhas notas de $20!". Se ele acha as notas de 20 eu não tenho o que comer amanhã. Pois o fisco faz a limpa nas minhas contas e, se acha a caixa com as notas de 20 ele não só leva como ainda me processa, eu corro o risco de ir pro xadrez.

Duda: sinto muito pelo ladrão ter achado sua caixa de sapato escondida. Infelizmente você não escondeu tão bem quanto devia, foi um erro seu, você é humano, comete erros, acontece. Espero, sinceramente, que você tenha outra caixinha escondida e que os ladrões não achem, porque você merece ficar com ela. Você trabalhou por essas notas, não roubou de ninguém, ninguém foi obrigado a lhe dar dinheiro algum, pagaram pelo seu trabalho honesto e o dinheiro é seu! Você tem aqui um admirador.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

10 Mitos da Ortodontia 8

A estabilidade pós-tratamento

Não é raro encontrarmos quem diz: "O Joãozinho usou aparelho nos dentes, mas depois que tirou voltou tudo". A percepção das pessoas quanto aos problemas de oclusão é, até certo ponto, distorcida. Normalmente só se vêem as más-posições dentárias mais evidentes, dos dentes anteriores, e mesmo assim quando a coisa é muito visível. Pequenos problemas de alinhamento, mordidas abertas, mordidas cruzadas ou profundas são solenemente ignoradas. Nota-se que a pessoa não tem um sorriso perfeito, mas não se sabe bem porque.

Durante o tratamento ortodôntico, os pequenos desalinhamentos são evidenciados, principalmente quando se instalam os primeiros arcos de nivelamento. Ora, cola-se um bracket em cada dente, bem no meio, depois passa-se um fio por todos os brackets. O fio que deveria passar retinho fica todo cheio de curvas, acompanhando o posicionamento de cada dente e deixando claro que o alinhamento está deficiente. Isso faz com que os familiares e o próprio paciente tomem consciência desses fatos.

A expectativa dos envolvidos (paciente, seus pais e, claro, o ortodontista) é que o problema seja resolvido o quanto antes. É claro que a ritmo do tratamento vai depender de diversos fatores, nós já escrevemos sobre isso, mas todos têm pressa. No final, porém, a correção não é estável. As recidivas ocorrem com bastante frequência, por isso são usados os aparelhos de contenção. Mesmo tendo utilizado a contenção por vários meses, ainda não estaremos livres das recidivas, principalmente quando o paciente tem mais de 30 anos. O problema é que os apinhamentos são inerentes à raça humana e aumentam com a idade. O Prof. Leopoldino Capelozza Filho diz que o apinhamento é a ruga da boca, ou seja, você envelhece, o rosto enruga, os dentes apinham, fazer o que? Então, quando o pai vê o moleque com os dentes alinhados, acha que isso vai ser pro resto da vida. Se o guri não usar a contenção, a recidiva é líquida e certa, em algum grau. É claro que não volta TUDO ao que era antes, mas algum grau de recidiva é de se esperar, mesmo com contenções longas.

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Foi só falar...

Pois é, foi só falar e agora todo mundo resolveu ser dentista... não, não é bem assim. Parece que todo mundo agora resolveu achar que pode dar palpite e ganhar dinheiro, mas estudar e botar a mão na boca dos outros, neca. Pois vejam só:

"Uma das novidades nas prateleiras é o livro Belíssima aos 40, 50, 60, 70... (Ed.Conex), da especialista em medicina estética Carla Sallet. Há orientações sobre cosméticos, exercícios físicos e até de cuidados com os dentes."

Pois a doutora se acha em condições de dar conselhos sobre cuidados com os dentes! Será que eu também posso virar cirurgião plástico? Ouvi dizer que eles ganham bem...

Marketing

De novo:

Em outro post, eu reclamei dos publicitários e dos problemas que eles trouxeram para a odontologia, transformando um tratamento de saúde em um produto a se vender. Eu não costumo falar mal de pessoas especificamente aqui, mas tem um que me incomoda: seu nome é Antonio Inácio Ribeiro.

O homem não é dentista, é publicitário com mestrado, doutorado e outros "ados" em marketing, mas ele só vê dentista na frente dele. Impressionante! Fundou uma certa Odontex, empresa que edita livros de odontologia e vende implantes. A maioria dos livros é de... Antonio Inacio Ribeiro. Veja só alguns títulos:
  • Marketing ao sucesso profissional liberal
  • 100 motivos para ir ao dentista
  • Sucesso em Odontologia
  • Marketing odontológico
  • Atendente de consultório dentário
  • Condomínios odontológicos
  • Odont'humor
  • Tudo sobre implantes dentários

Pelo jeito, ele sonhava em ser dentista, mas achou mais confortável arrancar dinheiro dos dentistas, afinal de contas é muito mais fácil escrever e vender livros pra esses idiotas do que estudar a vida inteira pra aprender a tratar canais. Por incrível que possa parecer, ele pensa que é dentista mesmo, tanto que escreveu esse último título que eu citei, "tudo sobre implantes dentários". Como é que um cidadão que NÃO É DENTISTA pode saber TUDO sobre implantes dentários? Ora, eu sou dentista, com mestrado e doutorado em odontologia, e não sei tudo sobre implantes nem sobre qualquer outro tema na odontologia. Mas o "doutor" Inácio sabe. Pelo menos sobre implantes ele sabe.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Solidão

Atenção: este é um post de teor pessoal.

"Eu hoje acordei tão só, mais só do que eu merecia
E acho que será pra sempre, mas sempre não é todo dia"
Oswaldo Montenegro
Inveja. Eu gostaria de ser menos cercado de pessoas do que eu sou hoje. Solidão me faz muito bem. Eu adoro ficar sozinho, ler um livro, ver TV (se tiver cabo, porque a Grobo ninguém merece) ou bricar com a internet. Cada vez menos as pessoas me fazem falta, e eu sei bem o motivo: das que eu conheço, 99% são loucas ou têm caráter duvidoso, quando não apresentam as duas características. Por "pessoa de caráter duvidoso" entenda "mau-caráter" mesmo, se quiser ser menos delicado.
Encontrar uma pessoa que seja razoavelmente racional e razoavelmente honesta é uma raridade. Eu conheço pouquíssimas... deixa eu ver, contando nos dedos da mão esquerda... sobraram dedos. Essas pessoas, por mais que não estejam nem aí pra mim, acabam se tornando meus melhores amigos. Porque eu não suporto falta de caráter. Digo sempre às minhas filhas, quando elas acham alguém feio: "Feiura não é defeito. Defeito é ser mau-caráter".
O pior de tudo é que eu sou obrigado a conviver com essas pessoas no meu dia-a-dia. Se eu pudesse me isolar mais, ligar meu MP3 com fone de ouvido, abrir meu livro e ficar assim o dia todo, seria excelente. Acabo ficando com inveja do personagem da música, que acordou mais só do que merecia. Eu acho que isso, pra mim, seria meio difícil, porque eu merecia muito mais solidão do que eu tenho. Solidão é uma bênção, assim como o silêncio. Que maravilha, ficar só e em silêncio, para ouvir a própria respiração, sentir o coração batendo, sem ninguém pra incomodar, sem vizinhos pra tocar música ruim, sem cachorro latindo.
Nem precisa ser todo dia.

domingo, 22 de janeiro de 2006

Marketing

Eu odeio marketing. Eu odeio publicitários. Eles são um dos motivos da grande derrocada da odontologia como profissão no Brasil. Os publicitários e seu decantado marketing descobriram um mercado ainda inexplorado, cheio de imbecis. Aconteceu assim: a publicidade vivia um tempo difícil, não tinha mais de onde tirar dinheiro, mas alguns espertalhões descobriram que eles podiam arrancar dinheiro dos dentistas, completos idiotas que só sabiam tratar dentes e não viviam no mundo real.

Pois bem, publicitários são espertos, muito mais espertos do que dentistas, assim convenceram os infelizes que eles precisavam urgentemente vender a odontologia como um produto de mercado, e não como um tratamento de saúde, que ela de fato é. Então usaram as técnicas de convencimento que aprenderam na faculdade e conseguiram fazer até com que os idiotas dos dentistas mudassem o código de ética profissional para que eles (os publicitários) pudessem arrancar dinheiro deles (os dentistas). Ou seja, nós mudamos as normas da nossa profissão para permitir que outros profissionais ganhem dinheiro às nossas custas. Vem, doutor, vem falar que eu estou exagerando quando digo que os dentistas são um bando de debilóides. Briga comigo, quero ver!

Antes era proibido fazer propaganda. Eu acho isso muito justo, porque na propaganda todo mundo é maravilhoso. Qualquer um pode dizer: "Eu sou bom, faço isso e aquilo, sou capaz", sem o ser de fato. Eu quero ver é na hora de fazer, mas aí o cliente já foi fisgado, não tem mais como escapar. Marketing e propaganda é muito bom pra dentista ruim. Quem é bom não precisa disso, mas agora, com a propaganda liberada pelos 'inteligentíssimos e espertíssimos' dirigentes da odontologia, quem não faz propaganda, não importa se é bom ou não, não tem clientes. Sobra.

Agora, além de sermos extorquidos pelo governo, somos também pelos publicitários. Eu gostaria de ver todos os publicitários amarrados dentro de um saco, sendo jogados no meio do mar. Acho que a humanidade ganharia muito.

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Espelho da vida

Catei essa tirinha lá no Malvados porque achei ótima. Às vezes eu faço isso.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Anestesia

Recebi por e-mail de um colega:

"Gel pode substituir anestesia tradicional

Com receio da anestesia aplicada por seu dentista? Seus dias de sofrimento na cadeira do consultório podem estar chegando ao fim. Um novo gel anestésico foi testado por pesquisadores belgas que buscaram determinar sua eficiência quando comparado a outros métodos anestésicos tradicionais.

O novo produto se destaca por não ser injetável, aspecto que reduz sensivelmente a rejeição de pacientes pelo método. Uma amostra de 170 pacientes foi avaliada segundo os efeitos anestésicos obtidos com o gel ou com a anestesia tradicional, durante procedimentos para tratamento de periodontite.

De acordo com a revista Journal of Periodontology, a maioria dos pacientes preferiu a aplicação do gel anestésico, mesmo diante de uma discreta perda do efeito esperado com a anestesia injetável tradicional. Esse achado provavelmente se deve à ausência de desconforto para o paciente após o procedimento que emprega o novo produto."

Referência: Journal of Periodontology

sábado, 14 de janeiro de 2006

Anarquia

Na descrição deste blog eu me classifico como anarquista. Anarquia, claro, no sentido de ausência da hierarquia, que é uma das piores doenças do ser humano: acreditar que uns são mais do que outros. Eu tenho horror a hierarquias, de qualquer tipo.

A pior de todas as hierarquias é a que eu chamo de "hierarquia invertida", ou seja, a idéia de que alguém está em posição superior quando, na verdade, está em posição inferior. Vou dar só um exemplo: você acha que o presidente da república é uma autoridade? Pois saiba que ele é seu empregado. Sim, você pode nem ter votato nele, mas a maioria dos brasileiros votou e ele foi eleito para administrar nossos bens. Nós pagamos o salário dele. Ele está lá para nos servir e não o contrário. O mesmo se aplica a vereadores, deputados, senadores, o síndico do seu prédio, o presidente da associação, do CRO, do CFO (ops, você votou nesse?) e a todos os que exercem cargos eletivos ou de confiança no processo democrático. Mas todos esses indivíduos nos passam a impressão de que podem mandar em nós. E podem, porque eles têm a polícia do lado deles.

Na minha clínica eu tenho uma secretária. Eu, como dono da clínica e sendo quem paga o salário da D. Espectronilda, tenho, teoricamente, o direito de mandá-la fazer coisas. Pegar uma bisnaga de resina, lavar e esterilizar o instrumental, varrer o chão. Mas como eu tenho horror a hierarquias, eu sempre peço por favor. Ainda que a D. Espectronilda tenha um QI de ostra e se pareça fisicamente com o Darth Vader, eu peço com toda a gentileza, afinal ela é um ser humano, em nada inferior a mim. Se ela não fizer o que eu peço da forma que eu espero, eu interrompo nosso relacionamento, ou seja, demito-a. Ela não é obrigada a fazer o que eu peço, assim como eu não sou obrigado a pagar seu salário se ela não cumpre o que eu espero dela. Da mesma forma, se ela começa a faltar ao serviço, adeus.

Por outro lado, eu tenho uns empregados que estou louco para demitir. São muito porcarias, gastam meu dinheiro de forma irresponsável, faltam ao trabalho sem a menor compostura, se fazem de grande coisa e ainda se acham mais do que eu. Eu estou tentando arrumar um jeito de demitir esses deputados, alguém aí sabe como? É por justa causa.

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

10 Mitos da Ortodontia 7

O tempo que dura um tratamento

Nenhum tratamento ortodôntico é igual ao outro, assim como não há dois seres humanos iguais. Eu já tive a oportunidade de tratar gêmeos idênticos, que tinham dentes completamente diferentes. Bom, completamente não, mas eram diferentes nas posições que ocupavam na arcada e, assim, os tratamentos foram diferentes também.

O mais importante de se ter em mente quando se inicia um tratamento é a máxima: "a pressa é inimiga da perfeição". É a mais pura verdade. Eu nem diria que um tratamento feito rapidinho fica mal feito, mas o cliente sofre mais. O custo biológico não compensa os pagamentos mensais a menos. Cada dente tem o seu próprio ritmo e é preciso respeitá-lo, sob pena de causar prejuízos irreparáveis. Normalmente a pressa em se terminar um tratamento resulta, no mínimo, em falta de acabamento no caso e algum nível de reabsorção radicular.

O acabamento é o refinamento do caso. É a fase em que o ortodontista faz movimentações mínimas para atingir a posição exata e precisa de cada dente, trabalham-se as inclinações das raízes e o engrenamento da oclusão. Essa fase é importante porque, muito além da questão estética, contribui para evitar recidivas. As inclinações, especificamente, são de extrema importântica para a estabilidade pós-tratamento. Já a questão das reabsorções é mais complicada: além de serem irreversíveis, podem levar à perda do dente. Essas reabsorções são relativamente comuns no tratamento, em pequenos graus. Quando a força utilizada para a movimentação é exagerada, as reaborções se tornam maiores e problemáticas.

Outro fator de importância é a idade do paciente. Jovens têm o metabolismo mais acelerado, os tecidos mais vascularizados e flexíveis, então é de se esperar que a movimentação dentária desses pacientes seja mais fácil e rápida, o que não significa que o tratamento seja mas curto. Como você pode ver, o tempo que dura um tratamento depende de inúmeros fatores, como a idade do paciente, o tipo de má-oclusão que se apresenta, a colaboração do paciente, suas condições de saúde, a velocidade de movimentação que o dente oferece, entre outras.

Mais uma vez eu afirmo: em ortodontia, a pressa é inimiga da perfeição.