Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

sábado, 31 de dezembro de 2005

Feliz Ano Novo

Hoje é meu aniversário. 4.3 e contando. É meio estranho fazer aniversário no último dia do ano, nunca tem festa exclusiva, sempre mistura com a festa de ano novo, estranho. Mas eu já me acostumei a fazer um balanço do ano que se vai, então vejamos:

2005:
  • 3 livros: Tu carregas meu nome (Norbert Lebert e Stephan Lebert), De Beirute a Jesusalém (Thomas Friedman) e A IBM e o holocausto (Edwin Black). Não entram nessa conta os livros de Odontologia, muitos, muitos nesse ano.
  • Uma tese de doutorado, INTEIRA!!!
  • Muitos defeitos no carro, que já está pedindo aposentadoria.
  • Minha mulher virou chefe de departamento na faculdade em que ela leciona.
  • Comprei mais um violão (agora são 8 no total).
  • Troquei o número do celular (e uso muito pouco).
  • Viajei muito, a trabalho, muito mais do que eu gostaria.
  • Nenhum aluno ficou de exame, na minha disciplina. Foi a primeira vez que isso aconteceu.
  • Finalmente instalei o Windows XP no meu computador, e estou gostando muito.
  • Pela primeira vez fui convidado a ministrar um curso em outra cidade.
  • Comprei uma câmera digital nova.
  • Passei por várias pequenas cirurgias, para remover hemangiomas e pólipos cutâneos.
  • Comecei a praticar natação, como exercício físico. Estou indo bem.
  • Escrevi vários artigos para revistas.
  • Comecei este blog.
  • Refiz o template do meu site oficial. Ficou parecido com um blog.
  • Assisti todos os filmes da série "O senhor dos anéis". Achei legalzinho. Mais ou menos.
  • Estourei o cartão de crédito duas vezes (hehehe). Já está tudo bem, agora.
  • Mudei minha mesa de lugar.
  • Comecei um álbum com as letras das músicas que eu gosto de tocar. Está indo bem.
  • Não fui à praia, nem uma vez.
  • Terminei os tratamentos de vários clientes no consultório
  • Minha mulher abriu um centro de depilação, eu ajudei na infra-estrutura.
  • Bebi cerveja Erdinger, deliciosa. Muita!
  • Tomei chopp no Bar Léo, em Sampa. Menos do que eu gostaria.

2006:

  • Quero ir à praia, pelo menos uma vez.
  • Beber mais chopp. Êta, coisa boa!
  • Tirar mais um hemangioma, de trás da orelha.
  • Continuar o álbum de letras de músicas.
  • Não parar com a natação.
  • Melhorar meu site oficial. Ainda faltam umas coisas com que eu sonho e não consegui fazer.
  • Conhecer o Maranhão. Tenho bons amigos por lá.
  • Trocar as cordas do violão.
  • Começar outra turma da especialização em Odontopediatria.
  • Estudar programação em PHP.
  • Passar o carnaval em uma fazenda. Preciso de um amigo fazendeiro, com certa urgência :^)
  • Parar de fazer listas do que eu fiz e do que eu quero fazer.

Por fim, a frase do ano: "Ladrão é o Inter, que queria roubar o título que o Corínthians comprou"

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

10 Mitos da Ortodontia

O MAIOR DE TODOS - O APARELHO DE GRAÇA*

Hoje é comum oferecerem aparelho ortodôntico grátis. Eu ouvi falar disso há alguns anos, em um curso de marketing. Antes de tudo eu preciso avisar que eu acho marketing muito bom pra quem é incompetente. Dentista que não presta precisa fazer propaganda. Mas naquele tempo eu era jovem, inocente, achava que isso poderia me ajudar em alguma coisa...

Bom, o palestrante perguntava aos ortodontistas se eles cobravam a montagem do aparelho e todos responderam sim. Então ele argumentou: “Se você não cobrar a montagem e aumentar um pouco o preço da manutenção mensal, ao final de 18 meses, que é o tempo médio de duração de um tratamento ortodôntico, terá ganhado mais do que ganharia se cobrasse a montagem e a manutenção nos preços normais.”

Legal, você disse que não cobrava, cobrou até mais do que o normal e todo mundo fica feliz. Só tem um problema: você mentiu. Descarada e vergonhosamente, mentiu na primeira consulta com o seu cliente. Mentiu no começo de uma relação que deve durar um ano e meio, e que deveria se basear na confiança mútua, pois o cliente confia que você vai fazer o tratamento direito e você confia que ele vai colaborar usando e cuidando dos aparelhos.

Eu acho que o dentista que faz isso deveria ir preso. Sem meio termo. Porque, se por um lado ele mente para o seu cliente, por outro ele joga no lixo a dignidade da profissão. Alguns clientes me perguntam porque eu cobro o aparelho, e eu sou obrigado a dar uma aula de dignidade para a pessoa. Sou obrigado a explicar que TODO MUNDO COBRA, só que alguns mentem e eu não. Que ninguém trabalha de graça e, se trabalhar, é porque não investiu na sua formação e não se valoriza como profissional. Se o profissional não se valoriza, o cliente o valorizará?

Por outro lado, essa história é exatamente igual a conto do bilhete premiado. O cliente acha de deu uma de esperto, conseguiu de graça um aparelho que o vizinho pagou caro, enganou o ortodontista, aquele otário. Mas na verdade, quem sai depenado, quem é o otário é o cliente, que ouviu uma mentira deslavada, fez que acreditou e acabou pagando mais por um tratamento desonesto.

* Este post gerou outros.  Siga a discussão em 

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

O meu rico dinheirinho

Cinco deputados abriram mão do salário extra de R$ 25,7 mil que serão pagos aos parlamentares pela autoconvocação do Congresso Nacional.

Pois é, nossos "nobres" representantes aderem à mamata de receber quase 26 milhas cada, para passar as férias mais abonados. Eu, que só tenho 30 dias (e olhe lá) com o big salário que a faculdade paga, fico maravilhado. Esses senhores merecem. Eles trabalham duro o ano todo, estudaram muuuuito para chegar onde chegaram, renunciam a tantas coisas para servir ao país, na nobilíssima missão de aprovar projetos que vão beneficiar a eles mesmos, aos amigos deles, aos parentes deles, aos que pagam propinas para eles...

Eu não mereceria isso. Eu só estudei a vida toda, vejam só. Eu até tive bolsa de estudo. Eu sou um professor universitário, um curador de dor de dente, um pesquisador. Não mereço receber 26 mil reais para passar as férias. Eu deveria é pagar para trabalhar, pra deixar de ser besta.

Negócio é o seguinte: vou me candidatar. Eu sei que não precisa estudar, não precisa se esforçar, não precisa trabalhar. É só ter dinheiro pra fazer campanha - ou conhecer um Marcos Valério que tenha - para ser eleito. Depois é só alegria, desde que você não seja cassado (ou caçado?) pelos outros "nobres". Bom, mas isso só acontece se você não for amigo deles. Aos amigos, tudo, aos inimigos, a conta.

Em tempo: aos cinco que renunciaram ao dinheiro, nada de elogios. Se renunciaram é porque estão ganhando em outra frente, e eu duvido que seja dinheiro honesto.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Casos de um doutorado VI

Zero

O nome do cara é José Roberto, mas o apelido é Zero. É um daqueles sujeitos que, de tão grande, fazem a gente se sentir maior ainda. Não que ele seja fisicamente grande, ele é um Ser Humano (assim mesmo, com maiúsculas) enorme. Existem pessoas que são grandes e nos fazem sentir pequenos. São aqueles grandes que não nos deixam esquecer que o são. Pois o Zero é dos grandes que não faz a menor questão de ser. Ele simplesmente é. E isso faz toda a diferença.

Ele é aquele cara que eu encontrei no meu primeiro dia em São Paulo. É o cara que me levou pra uma casa com pizza, cerveja e amizade quando eu não tinha pra onde ir. Uma pessoa que sempre enxerga o lado bom dos outros, mesmo quando esses outros estão querendo prejudicá-lo. Que é capaz de se prejudicar para ajudar a um amigo, ou a alguém que nem amigo é, só conhecido. Já o vi brigar com o técnico do laboratório para ajudar um aluno da graduação. Já vi ele pagar passagem para uma mulher no ônibus e ficar sem dinheiro pra voltar (eu tive que dar o passe pra ele, se não ele ia dormir no terminal). Grande sujeito, o Zero.

E grande cientista. Daqueles sem ciúme da sua produção, sem orgulho de estudar na USP, sem estrelismo, com humildade e simplicidade. E, como não poderia deixar de ser, ele consegue as coisas. Não sem esforço, porque tudo depende de inspiração e transpiração em doses mais ou menos iguais, ou nem tão iguais assim, mas sempre os dois. O Zero tem conseguido, além de uma legião de amigos, comprar seus pequenos luxos, realizar sonhos, sanar desejos.

Vida longa a você, meu amigo, que a humanidade se espelhe no seu jeito de ser e na sua filosofia de vida, tão ciente do próximo e tão despreocupado consigo mesmo. Que todos os seres deste planeta se orgulhem de conhecer uma pessoa assim, pois elas são o sal da terra.

sábado, 10 de dezembro de 2005

Os dentes do Tevez

Diagnóstico não solicitado pelo paciente

Eu acho que o maior patrimônio do futebol brasileiro são os seus jogadores. Nunca houve um país com maiores ou melhores jogadores do que o Brasil. Não escrevo isso com ufanismo, com orgulho da pátria, até porque eu não ligo pra futebol, pra mim é um esporte como outro qualquer. O problema é que eu sou um dos poucos brasileiros que não liga pra futebol, então eu acabo tendo que entender um pouco, até pra não boiar nas conversas em torno da garrafa de cerveja.

Então eu vejo um grande time brasileiro importar um jogador de onde? Da Argentina. Justo da Argentina, rival histórica, dona da empáfia e da ousadia de querer comparar um bom jogador decadente com aquele que sempre foi, inapelavelmente, o maior gênio da bola de todos os tempos. Com o gênio que soube administrar a fama, que nunca se envolveu em escândalos e que é, ainda hoje, referência no mundo todo quando se fala em jogar futebol.

Pois eles importaram o jogador, a despeito do enorme número de talentos que o Brasil exporta. Esse jogador fez sucesso, foi recebido até pelo presidente da república. Ora, eu - que estudei a vida toda, me dedico de corpo e alma à minha profissão, formar jovens que vão cuidar da saúde bucal da população - ganho pouco e nunca fui recebido por um presidente. Mas não é esse o meu objetivo hoje. Hoje eu quero falar dos dentes do Tevez. Dos do Lula eu nem ouso falar, eles podem me expulsar do partido...

Bom, eu sou ortodontista, já vi muita coisa na vida, mas dentes iguais aos do Tevez eu estou pra ver. Que coisa terrível! Será que o homem não dispõe de uns trocados pra tratar aquilo? Sim, porque, pelo que ele deve ganhar, o preço do tratamento odontológico é ninharia. Ele deve gastar mais comprando meias. O pior é que ele parece que tem orgulho daquela dentuça, vive rindo e mostrando aquela obscenidade para a TV, como se tivesse um ovo cozido pelando de quente sobre a língua. Não consegue fechar a boca direito, pobrezinho.

Opa, agora me ocorreu uma coisa: será que, por ficar eternamente com a boca aberta, ele respira mais do que os outros? Talvez aí more o segredo do sucesso do cara: ele, com aquele bocão arreganhado, respira todo o ar disponível, enquanto os outros jogadores só dispõe das narinas para esse serviço. Tá, eu sei que não é isso, mas eu não resisti. Eu sei que a respiração bucal é menos efetiva que a nasal, ele deve ter adenóides ou qualquer outra barreira mecânica que impede a respiração nasal, por isso abre a boca, a musculatura entra em desequilíbrio o que favorece o estreitamento do palato (atenção, não é pálato, é palato, com a tônica no “la”, Ok?), resultando em mordida cruzada posterior e mordida aberta anterior, o que lhe dá a aparência de ter o tal ovo cozido quente na boca. Uma cirurgia simples, seguida de expansão palatina, já ajudaria no caso, apesar de que eu acho que para resolver de vez o problema seria necessário um tratamento mais agressivo, provavelmente cirurgia ortognática. Mas eu não examinei a boca do argentino. Fica aqui meu oferecimento: se ele quiser eu posso fazer um orçamento. Juro que não vou cobrar a mais por ele ser rico. Nem por ser argentino.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

Patrimônio


O que me entristece é que, para ser campeões brasileiros, os caras tiveram que pagar pau pro argentino, veja só...

Imagem roubada do Kibeloco

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Casos de um doutorado V

Enganos

Ela é colombiana, foi fazer pós graduação na USP. Levou um trabalho para publicar no congresso do IADR, em Estocolmo, parte da programação do seu doutorado. Lá sempre se fazem festas para as delegações de cada país e, no dia da festa brasileira, lá estava ela, com crachá da USP pendurado quando vê uma turma de rapazes falando alemão. Ela, que já estudara alemão na Colômbia e até falava direitinho, foi lá praticar um pouco e conhecer alguns dos bonitões. Eram estudantes de pós-graduação da Universidade de Berna, Suíça.

Ela chegou, conversou e se encantou com um dos rapazes. Conversaram muito, trocaram e-mails, telefones... começaram a se comunicar mais depois do congresso, acabaram se apaixonando e resolveram colocar as coisas a limpo. Então ele descobriu que ela não era brasileira e ela descobriu que ele era italiano e não suíço.

Ele pensava que ia namorar uma brasileira com uma bela bunda. Ela achava que ia pegar um suíço com uma bela conta bancária. No final, não havia conta. Nem bunda. Estão casados até hoje, moram no Brasil e se amam muito.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Casos de um doutorado IV

O susto - Onde é que eu fui me meter?

Eu já citei o Zero por aqui. Pois da segunda vez que eu fui a Sampa eu já era amigo do Zero e morava com ele na república. Lá também moravam o Marcos e o Glauco, dois cariocas que, como eu, tinham casa e família em outra cidade e só iam a SP nos dias de aula. Eu não os conhecia e o Marcos acabou aparecendo na terceira semana. Ele é um alemão alto e branquíssimo, olhos azuis e espírito de menino. Um dos maiores cientistas que eu conheci naquela faculdade. Chegou no departamento, nos conhecemos, combinamos cerveja e pizza depois da aula, claro.

Saímos os três juntos da facu, íamos a pé para casa, mas no caminho atravessávamos um terreno baldio, mato alto, ainda dentro do campus, mas bem deserto e isolado. Lá no meio desse terreno o Marcos chama a atenção do Zero:
- E aí, vamos?
- Você trouxe?
- Tá aqui!

Eles praticamente sussurravam, com aquele ar de coisa proibida, enquanto o Marcos tirava da maleta uma sacola de supermercado amarfanhada, no maior segredo. Eu pensei com os meus botões: "Putzgrila, onde eu fui me meter? O que é que esses caras vão aprontar?
De dentro da sacola apareceu uma garrafa de refrigerante PET de 500ml. Dentro da garrafa, pedras de gelo seco. A garrafa foi passada ao Zero, que fez xixi dentro. Tampou a garrafa, jogou longe e saiu correndo feito louco. Eu e o Marcos atrás. Eu ainda não sabia o que estava acontecendo quando ouvi: BUUUUUUUM!

O gelo seco, em contato com água (ou outro líquido similar) vaporiza, a garrafa fechada cria pressão e explode, fazendo um barulhão e espalhando o líquido pra todo lado. Era uma ação terrorista, eu participara sem saber, ainda correndo com o coração a mil e rindo até perder o fôlego. Depois fomos para casa, ainda ofegando, eles me contando as histórias de outras bombas, uma que eles colocaram embaixo de um tijolo que sumiu depois da explosão, outra que explodiu antes do tempo e eles saíram molhados (sabe do que...), uma que até hoje não explodiu. Depois, como combinado, cerveja e pizza. Não há pizza como a de São Paulo. Não há cerveja como a que a gente toma com os amigos. O Marcos é um amigo de quem eu tenho saudades, não o vejo há tempos, mas não me esqueço dele.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

No orkut

Tenho conta no Orkut já há algum tempo, mas tenho preguiça de fuçar. Hoje, meio estressado, recebi um emeio dizendo que alguém tinha deixado um "scrap" pra mim. Fui lá, li e comecei a cavoucar as comunidades, quando topei com uma: "Todo dentista odeia..." que tem frases incríveis. Selecionei algumas:

- Se seu dente dói quando bebe água, modifique seus hábitos, beba cerveja!

- Não me diga que a restauração ficou alta depois que eu tirar a luva!!! Senão, vai pra casa assim mesmo. Toma mingau... não precisa mastigar!!!

- Se estiver gripado ou resfriado, seja delicado... ligue antes e remarque a consulta. Se fungar aqui eu vou enfiar um rolo de algodão no seu nariz!!!

- Seja realista,vc nunca cuidou, agora dê-se por muito satisfeito se ficar bem parecido com o orignal. Igualzinho é impossível. Só nascendo de novo.

Será que todo dentista tem vontade de falar isso pro paciente, de vez em quando?