Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

segunda-feira, 31 de julho de 2006

A última dos convênios

Se agora prá fazer sucesso
Pra vender disco de protesto
Todo mundo tem que reclamar
Raul Seixas (Eu também vou reclamar)

Um leitor (o Demitri) pergunta se eu sei se é possível protestar um convênio. Eu sei, eu tenho absoluta certeza que sim, só duvido um pouco que a justiça seja feita, como sempre, aqui no nosso brasilzão. Mas que é possível, isso é, porque todos os convênios são regidos pela ANS.

Então, o conselho do titio Dentes é que, você querendo protestar o convênio, em primeiro lugar dê uma estudada na legislação, disponível lá no site da ANS. Constitua um advogado e vá atrás dos seus direitos. Guarde TODA a documentação pertinente ao caso, organize-se ao máximo, junte toda a sua paciência, sua fé nas instituições, nos seres superiores do universo ou no que mais você acredite e boa sorte.

Eu espero, sinceramente, que o Demitri consiga receber seu dinheiro (tenho a impressão que ele levou um cano...), o que seria uma vitória e tanto. Estou torcendo.

Pronto, prometo que não reclamo mais dos convênios.

quinta-feira, 27 de julho de 2006

Nova turma

A fé tá viva e sã, a fé também tá pra morrer
Triste na solidão
Gilberto Gil (Andar com fé)

Comecei ontem com a nova turma de alunos. Crianças, praticamente, estão no meio do primeiro ano da faculdade, não conhecem os termos da odontologia nem sabem direito onde se meteram. Cabe a mim mostrar-lhes o início da coisa, proporcionar o primeiro contato com profissão. É sob meus cuidados que eles vão, pela primeira vez, vestir branco e enfiar os dedos na boca de outra pessoa. Profissionalmente, eu digo.

Espero e acredito que teremos um relacionamento extremamente proveitoso, pois devo colocar em prática antigos sonhos de professor, compartilhar o plano de ensino, a avaliação e a busca do conhecimento. Estou motivado e animado. Vamos ver se o resultado compensa.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Desespero

E talvez, desesperado com tanta devastação
Pegou a primeira estrada sem rumo, sem direção
Geraldo Azevedo (Saga da amazônia)

Deve estar duro mesmo, ganhar dinheiro honestamente com Odontologia: só hoje recebi propaganda de duas instituições do Paraná oferecendo cursos e mais cursos de especialização, a preços absurdos.

A impressão que dá é que ninguém mais consegue sobreviver de consultório, todo mundo resolveu virar professor, instituições aparecem como moscas rondando carniça, faculdades das quais nunca se ouviu falar, professores completamente desconhecidos, com currículos altamente duvidosos. Hoje recebi folhetos (bonitos, por sinal) da Uningá e da Cesumar, ambas do Paraná, no desespero de arrumar alunos para seus cursos.

Como se Mato Grosso do Sul fosse terra de ninguém. Como se aqui não houvesse universidade, conselho, abo. Como se aqui não houvesse mestres e doutores. Meio de mato, fim de mundo. Mas os dentistas broncos daqui devem ter um dinheirinho pra gastar, então vamos ciscar nesse terreno, quem sabe sai alguma minhoca.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

Sobre quem paga e quem recebe

Enquanto as piranhas comem, temos que passar ligeiro
Toque logo esse boi velho que vale pouco dinheiro.
Almir Sater (Travessia do Araguaia)

Eu sei que é um direito de qualquer criatura que esteja desembolsando uma certa quantidade em dinheiro pechinchar. Eu sei que, nestes tempos bicudos, de pouco tutu na mão da gente e muito nas mãos dos que não merecem, a gente tem que pagar sempre o mínimo possível por um produto ou serviço, mas isso tem que ter um limite.

É que eu sempre me sinto muito mal quando um cliente acha que eu estou cobrando caro pelo tratamento. Eu me sinto desprestigiado, como se ele estivesse me dizendo: "Doutor, seu trabalho não vale isso tudo". Ou seja, eu estudei a vida toda para fazer um trabalho ao qual me dedico de corpo e alma, capricho extremado, atendo meu cliente pessoalmente todas as vezes, uso material de primeiríssima qualidade, tenho consultório bonitinho e confortável, música, ar-condicionado, local de fácil acesso, estacionamento, secretária educada, atendo na hora marcada, etc, etc, etc... e o cliente vem me dizer que meu trabalho não vale o que eu cobro.

Tá, você pode argumentar que não é nada disso, que o cliente só está pechinchando e que isso é um direito dele, mas eu não posso evitar de me sentir assim. Às vezes o cliente me pede um desconto, diz que a vida tá difícil, que ele quer muito fazer o tratamento comigo, então eu arrumo um jeito de dar um desconto bem camarada pra ele: eu não dou o recibo, você não declara aos ladrões de Brasília que me pagou e eu dou um descontão, bem maior do que o que eu pagaria de imposto. Eu já argumentei que sonegar o IR é legítima defesa quando escrevi sobre o Kapaz, os malvados, o "Brasil Sorridente", o Duda Mendonça e a foto da Veja, então não vamos entrar nessa discussão novamente. O problema é quando o cliente acha que esse desconto ainda não está bom. Ontem aconteceu. Eu não arredei o pé, mantive meus preços e o cliente disse que ia fazer o tratamento. Não sei se vai mesmo, mas eu, no fim, me senti melhor.

Me senti como se tivesse conseguido convencer o cliente de que eu valho o que cobro.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

10 mitos da Ortodontia 9

Convênios

No início, dá a impressão de que nós vamos ganhar dinheiro com os convênios, mas isso passa logo. O grande problema é que o convênio só é bom para a empresa que o administra. O cliente paga até mais do que pagaria por um tratamento particular, só que paga bem lentamente e quase não percebe. O profissional recebe muito menos do que receberia por um tratamento particular. Com quem fica a parte boa? Claro, com a administradora.

Aí é que entra a Uniodonto. Eu não sou cooperado, já fui e não sou mais, mas acredito que é o único convênio que não nos rouba, porque é uma cooperativa de Cirurgiões-Dentistas. Se a Uniodonto roubar seus cooperados, estará tirando dinheiro de um bolso para colocar em outro, ou seja, não vale a pena. O contrário também é verdadeiro, se você fraudar a cooperativa, estará fraudando seu próprio patrimônio. Então, se todos tiverem consciência de que esse caminho é válido, estamos conversados. O grande problema da cooperativa – e o grande motivo da minha briga com ela – é que não há restrição de especialidade. Eu, como ortodontista, tinha como concorrentes TODOS os outros cooperados, ou seja, qualquer CD pode fazer tratamento ortodôntico. Numa cooperativa de CD´s isso é uma pena, porque desestimula o estudo e a especialização do profissional: porque eu vou gastar tempo e dinheiro em uma especialização, se eu posso fazer o tratamento e receber tanto quanto um especialista?

Convênios particulares são os piores. Empresas como Pax, Associl e outras, acabam ganhando muito dinheiro com o nosso trabalho. Elas simplesmente fazem a ligação entre o cliente (que paga todo mês) e o profissional, que recebe pouco por seu trabalho. Ficam com a melhor parte, ou seja, a maior parte do dinheiro. Não é vantagem para o cliente ou para o profissional, esse tipo de convênio, inclusive porque os tratamentos mais caros e especializados, como próteses, implantes e tratamentos ortodônticos, normalmente não são cobertos. O cliente tem que pagar por fora, total ou parcialmente.

E tem o último tipo, que agora está virando moda: a administradora faz um contrato com uma associação ou sindicato qualquer, cadastra uma série de profissionais e oferece: o funcionário paga o profissional com um vale, o profissional no final do mês apresenta os vales e recebe à vista. Os valores são descontados em folha do funcionário. Para o profissional é ótimo, porque ele nunca vai ficar sem receber. Por outro lado, o cliente ganha um desconto, que ele negocia com o profissional diretamente. Ótimo, não é? Só que, para ser cadastrado, o profissional é obrigado a comprar um espaço no catálogo do convênio, que pode chegar a $1.200,00. Isso mesmo, mil e duzentos reais!

Ou seja: se você for fazer um convênio, pense muito bem e faça as contas direitinho.

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Mudando os rumos da humanidade

Dançarei pelado na cratera da lua
Mesmo sem saber onde termina
A minha e onde começa a sua
Cazuza (Balada de um vagabundo)

E não é que a raça humana continua produzindo inutilidades e gastando energia em idiotices? Pois veja só, pelados e pelantes brigando por um pedaço de areia, como se neste país faltasse areia na beira do mar. Só podia ser coisa de carioca mesmo, ao invés de comprar uma briga que valha a pena, que realmente melhore a vida das pessoas, ficam discutindo se o cara tem ou não o direito de passar a mão na mulher (que, pelo jeito, está gostando) em público.

Enquanto isso, nos gabinetes de Brasília correm soltos deputados, senadores e outros ladrões engravatados, tramando formas de usurpar nosso suado dinheirinho. Será que esses cariocas não poderiam ir se pelar e se apalpar lá no congresso, como forma de protesto? Já que eles gostam tanto de tirar a roupa e brigar, poderiam usar essa prerrogativa para protestar, deixando os bandidos eleitos encabulados.

UAU, que bela idéia!!! Um protesto de pelados! Vou mandar emelho pre eles!

quinta-feira, 13 de julho de 2006

Convênios

Hoje o tempo está mais firme, abre mais meu apetite
Cura e seca meu bronquite algumas folhas de hortelã
Luiz Melodia (Estácio, eu e você)

Eu acredito que o futuro da Odontologia será a socialização, um processo que está em franco desenvolvimento com a medicina, podendo-se chegar ao ponto em que as necessidades odontológicas da população serão bancadas pelo estado, com os clientes atendidos em clínicas públicas ou particulares sem pagar diretamente pelo tratamento ao profissional. Isso é especialmente importante para que a população de baixa renda tenha acesso a tratamentos de qualidade, principalmente na área de prevenção. O cenário ideal teria três situações hipotéticas:

1. O cliente não tem como pagar pelo tratamento, dirige-se a uma clínica pública (posto de saúde) e é atendido, sem grandes demoras, por uma equipe bem treinada e bem remunerada e um profissional com boa formação na área específica. Nada lhe é perguntado, se ele pode pagar ou não, se tem seguro-saúde, convênio, nada. Ele também não paga pela consulta nem pelo tratamento, que são integralmente cobertos pelo estado. As desvantagens são o atendimento ambulatorial (clínica pública), sem hora marcada e sem continuidade no tratamento, ou seja, para cada atendimento o cliente precisa passar por todo o processo de identificação e fila de espera.

2. O cliente pode pagar por um tratamento um pouco mais diferenciado, dirige-se a uma clínica particular (consultório) e lá apresenta seus documentos que comprovam que ele é segurado por um plano de saúde que cobrirá parte dos custos de seu tratamento. Ele teria sua consulta agendada para um período que o profissional separou para atender pacientes de convênios e faria seu tratamento nessa clínica particular, com hora marcada. A grande vantagem é que o cliente recebe um atendimento personalizado, com hora marcada e continuidade no tratamento, porém este será feito exclusivamente nos horários determinados pelo profissional. Esse cliente paga por um plano de saúde, que se encarregará de repassar ao profissional os valores determinados em contrato.

3. O cliente tem condições de pagar por um tratamento particular, não depende de planos nem convênios e acerta os pagamentos diretamente com o profissional, recebendo em troca o tratamento com todas as mordomias a que tem direito.

Desnecessário dizer que na primeira hipótese o profissional é empregado do estado, concursado, especialista e recebe um salário compatível com sua função e com o número de horas trabalhadas, podendo também receber adicional por produtividade. É obrigado a se atualizar constantemente (ou recebe incentivo para isso) e tem boas condições de trabalho. Para o segundo cenário, os planos de saúde devem ser administrados por cooperativas dos próprios profissionais, pois planos privados normalmente exploram o cliente e o profissional, além de não oferecerem tratamento razoável.

Teoricamente nós temos isso acontecendo agora mesmo. Hoje, no Brasil, existem excelentes postos de saúde com atendimento 24 horas, bons profissionais que são muito bem remunerados e dos quais é exigido um desempenho mínimo, equipes bem treinadas e material de boa qualidade, sem custo para o paciente, que pode ser atendido via SUS e não precisa provar nada. Também temos as cooperativas de saúde, UNIMED e UNIODONTO que, embora não trabalhem juntas como deveriam, são administradas pelos profissionais e oferecem planos de saúde muito bons.

Não é assim?

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Linda

Cabelo Loiro vai la em casa passear, vai, vai
Cabelo loiro vai cabar de me matar
Almir Sater (Cabelo Loiro)


Alguém pode me explicar porque a Linda Cardellini alisou o cabelo?!?

quinta-feira, 6 de julho de 2006

Mais professor ainda

E a novidade que seria um sonho,
O milagre risonho da sereia
Gilberto Gil (A novidade)

No próximo semestre eu começo uma nova disciplina: Introdução à Odontologia. É uma disciplina do primeiro ano, os alunos são calouros, vindos diretamente do cursinho e da casa do papai, a maioria deles sempre teve tudo na vida (faculdade particular, $$$).

Vai ser extremamente desafiador, pois até agora eu só trabalhei com alunos "domados", ou seja, a Ortodontia, no quarto ano - quando eles já entenderam que serão profissionais e devem ter uma postura de acordo - ou na pós-graduação, quando eles já se formaram. Estou muito excitado com a perspectiva dessa nova experiência, espero me sair bem, afinal de contas é o primeiro contato da moçada com a Odontologia. Eu devo convencê-los de que essa é uma profissão digna e respeitável, que lhes trará realização pessoal e lhes permitirá sustentar suas famílias sem descambar para a bandidagem.

Tarefa árdua, mas eu vou encarar.

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Cursos e mais cursos

Eu admiro o que não presta, eu escravizo quem eu gosto
Eu não entendo, eu trago o lixo para dentro
Marisa Monte (Tudo pela metade)

A Odontologia está em uma situação que beira o ridículo: profissionais mal-preparados mentindo para os clientes que cobram pouco, os clientes acreditando e os poucos dentistas que estudaram bastante se agarrando pelas paredes para conseguir pagar as contas. Nesse universo, ministrar cursos é uma beleza de acréscimo na renda, chegando a ser a principal atividade para alguns. É porque um diplominha a mais na parede pode ser uma bela jogada de marketing, então, quanto mais inútil o curso, melhor, porque não é preciso muito esforço para conseguir o tal diploma.

Talvez por isso a ABO esteja promovendo um "Curso de Odontologia Médica", assim, todo com letras maiúsculas, nome pomposo, tudo! Leia a matéria e, se você entender do que eles vão falar e qual a utilidade prática desse curso, por favor, me explique. Será que se eu estudar o vetor de força que atua sobre um bracket colado abaixo do ponto de resistência da raiz do pré molar, em caso de 4 extrações, eu vou aprender mais?

Acho que eu vou lançar um curso sobre "Limitações do marketing na Odontologia", para ensinar aos pobres colegas sobre as armadilhas que os marketeiros usam para nos tirar dinheiro. Será que eu fico rico assim?

segunda-feira, 3 de julho de 2006

Finou-se

O risultado dessa travissia foi um sucesso triste, Virge-Ave-Maria
O risultado da bramura foi qui o ri levô os vaquêro, o dono, os burro e os boi, ai sôdade...
Elomar (Chula no terreiro)

Bom, então as duas velhas conhecidas do futebol brasileiro deram as caras: empáfia e soberba. Na verdade nossa seleção não jogou o suficiente nem pra chegar onde chegou, contou com a inferioridade técnica dos outros times. Se pega uma Argentina, leva de 4, no mínimo.

Não falo mais de seleção nem de copa, pelo menos não neste ano, prometo.

Toca o barco!