Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

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E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

sábado, 30 de maio de 2009

Em preparação

Post sobre a reforma ortográfica está em gestação.  Acho que o parto será meio difícil, então, peço um pouco de paciência.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A primeira a gente nunca esquece

Sabia que ia acontecer você, um dia
E claro que já não me valeria nada tudo o que eu sabia
Chico (Lola)

Eu sabia que ia acontecer um dia. Mais cedo ou mais tarde, algum ignorante ia me criticar por eu ter tatuagens pelo corpo. Algum boçal, ou mau-caráter, ou político, ou alguma outra coisa que eu abomino, tinha que priorizar minha aparência física em detrimento da minha personalidade, do meu caráter, da minha história. Ou, mesmo, do fato de eu ser um ser humano, nem melhor, nem pior do que qualquer outro que anda sobre a face da terra.

Pois ontem aconteceu. A figura falou na minha cara que não concordava que eu, um 'educador', tivesse tatuagens pelo corpo. Ora, mas isso é como dizer que você não aceita que exista um professor negro. Nada tem a ver uma coisa com a outra.

Mas o foco, aqui, foi outro. Como o Chico disse na música (que, eu sei, não é sobre preconceito) ela jogou no lixo a minha educação, meu estudo, meu trabalho, minha honra, enfim, tudo o que EU SOU, para se focar no que EU PAREÇO PARA ELA! Bom, eu sei que eu não devo me importar com essas coisas, que isso tinha mesmo que acontecer, que essa pessoa nem merece que eu esquente a minha cabeça, e, de fato, eu estou menos revoltado do que impressionado. Impressionado com o quanto as pessoas se deixam levar pelas aparências. Essa aí até já me conhecia. Mas nunca tinha me visto de camiseta, então me respeitava com o 'professor doutor', pai cuidadoso e marido carinhoso. Quando viu meu braço, pirou!

O mais engraçado: a tatuagem que ela tanto achou 'imprópria' é uma braçadeira em que estão escritos os nomes da minha mulher e das minhas filhas. Mais família careta, impossível.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Filme

Os letreiros a te colorir embaraçam a minha visão 
Eu te vi suspirar de aflição e sair da sessão, frouxa de rir 
Chico Buarque (As vitrines)

Não sou de postar críticas de filmes, mas essa eu vou cometer.  Assisti ao filme Noel - Poeta da Vila, DVD emprestado pela minha amiga Sapavéia.  Conta a vida de Noel Rosa.

Primeiro eu preciso dizer que eu adoro Noel.  Quem não ouviu, cheirou, fumou, bebeu e se alimentou da arte de Noel não pode dizer que já ouviu samba.  Eu, músico, sambista, injetei Noel nas veias! O homem era simplesmente um monstro, nos poucos anos que viveu, revolucionou a música brasileira.   Mas o filme não chega aos pés do biografado.  A arte é boa, reconstituição da época Ok, os atores são ótimos, inclusive os (pra mim) desconhecidos.  Mas pra quem conhece a história, ficou faltando algo.  

Faltou a correspondência entre os fatos da vida dele e as músicas que ele fez.  Aliás, a música, no filme, é figurante.  Em primeiro plano, os amores, a doença, as desgraças que aconteceram com ele.  Ora, se o homem foi um deus do samba, da poesia e da música, porque não colocar essas coisas em destaque?  Ficaram em segundo plano, como coadjuvantes, como se fosse para ilustrar, um pano de fundo.  Decepcionante.

Figuras importantíssimas na vida dele, como Wilson Batista, Mario Lago e Francisco Alves, aparecem rapidamente.  Quem mais aparece são as mulheres, que não foram, para ele, além de musas.  O samba era seu amor.  Ao invés de um relato histórico sobre uma personalidade importante, o filme virou um romance melado, com final triste, expondo em cores cruas a decrepitude a que a tuberculose o levou.  Melhor seria se mostrasse as situações em que ele compôs cada música, se as músicas fossem tocadas no filme (apenas partes puderam ser ouvidas), se a história fosse mais fiel e real, menos focada no folclore e mais na verdade.

Desnecessárias as cenas de sexo quase explícito, apelativo.  Desnecessária a cena dele vomitando sangue.  Desnecessária a melação e a transformação de um gênio em um fraco.  É uma pena, com aquele ator (Rafael Raposo, ótimo!) poderia ser um grande filme.  Honrou a tradição do cinema brasileiro de transformar ótimas oportunidades em retumbantes decepções.  E, cheio de logotipos de órgãos oficiais, deve ter recebido dinheiro do governo.  Mais uma coisa que eu pago compulsoriamente, revoltado.