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quinta-feira, 13 de outubro de 2005

10 mitos da Ortodontia 3

Má oclusão x maloclusão*

Quando se escreve no Word, não tem jeito: maloclusão vem grifado em vermelho. Já é uma dica do que se vai dizer aqui, essa palavra está errada. Apesar de que muitos ortodontistas a usam pelo Brasil afora, a palavra está errada, me perdoem os corações sensíveis.

Primeiro, um pouco de história: a Odontologia começou atrasada no Brasil. Colonização portuguesa, extrativista e exploratória, nos deixou com complexo de último da lista, então os primeiros livros que nós usamos para estudar eram impressos em espanhol. Vinham do Uruguai e da Argentina, países que já estavam bem mais adiantados nas ciências dentárias. Dessa época herdamos a pulpotomia (de “pulpa”, que é polpa em espanhol) e o mantenedor de espaço (mantener = manter). Esses termos se tornaram comuns na Odontologia brasileira, tanto que não há livro em português que fale em polpotomia e mantedor de espaço, como seria o certo.

Anos depois o Brasil conseguiu se atualizar e hoje está bem à frente dos nossos vizinhos, em termos de ciência. Temos autores consagrados, bons livros em português, tanto traduzidos como de autores nacionais. Mas nosso complexo de vira-lata ainda prevalece e, quando lemos artigos em outra língua, é muito forte a vontade de “adotar” uns termos bonitos. É o caso da maloclusão. Vem do inglês malloclusion, e não tem o menor cabimento na nossa língua, mas eu acho que vai acabar virando padrão como os termos do espanhol, de tanto que é usada.

Se você pensar um pouco, vai ver que uma oclusão pode ser boa ou má. Se for má, será uma... má oclusão. Mal é o antônimo de bem. Para ser maloclusão, seu contrário teria que ser uma bem-oclusão, que, convenhamos, fica feio pra chuchu. Então, o que você acha? Fique à vontade, comente, xingue se quiser, eu não fico magoado, juro!

* Este foi um dos posts com o maior número de comentários e que rendeu outro post, também comentado.  Siga os passos em "A tal da maloclusão (de novo!)"

7 comentários:

franka disse...

ahahaha.
quer saber? eu prefiro a maloclusão, mas o que me incomoda na palavra não é o mal ou má, é o final:
CLUSÃO.
feínho, não acha?

Mr. Teeth disse...

É... algumas palavras são feias por natureza, mas mesmo assim devem ser ditas e escritas da forma correta. A propósito, a Odontologia, na USP, fica na Cidade Universitária, Ok?

Anônimo disse...

Bem , se não é má-oclusão, o contrário não seria boa-oclusão?
Acho que fica razoável...

Anônimo disse...

Alô Doutor! Mal estar, mal entendido, mal parado, mal mal explicado. Mal com L indica erro ou equívoco. Mal feita essa teoria contra a mal oclusão, ou seja, oclusão incorreta. Má indole, má rês, mau carácter, mau intencionado, lobo mau!. Mau com U, indica intensão ou caráter, conduta. Má é feminino de mau: mulher má, "madrasta" é má e não "maldrasta". Compreende-se a sua confusão, mas semântica e dialética são ciências como a ortodontia. A Lingua Portuguesa é muito traiçoeira. As vezes chega a ser má, e pode nos deixar mal. Cuidado ao exprimir publicamente opiniões sem embasamento, isso pode deixar sua imagem ficar mal!
Um abraço oclusivo de outro ortodontista para desfazer qualquer mal entendido e não parecer má vontade!!!

Mr. Teeth disse...

Mal Agradecido, caríssimo:
Sinto muito, mas mal informado você está. Minha santa mãe é professora de português e o foi por toda a vida, ensinou-se as ênclises, próclises e mesóclises, além das corretas inserções de crases e a diferença entre mau e mal. Não, não é no sentido, mas na raiz da palavra. Não estou, portanto, exprimingo opiniões sem embasamento, sou um cientista, não o faria. Vamos pesquisar um pouco mais?

Anônimo disse...

Olá, caros colegas de labuta. Sempre fui curioso em saber qual terno seria o correto. Pesquisei no Wikipédia. Não existe dados sobre o terno MALOCLUSÃO. Já o terno MÁ OCLUSÃO são mostrados alguns resultados.
Abraços
Aprendiz de ortodontista
PS: Desculpem por ter postado anonimamente...tô com preguiça de me cadastrar...

Anônimo disse...

Cá estou novamente Caro Prof.Mr Teeth! Aceitei sua proposta e voltei às pesquisas. Também sou um cientista e como prof.de ortodontia, também preocupo-me com o que vou ensinar. Errarmos é aceitável, ensinar errado já não o será.
Gostei da sua resposta, contudo acho que citar palavras ou regras gramaticais que porventura possam não ser do domínio comum, fa-lo-á menos claro e não necessariamente permitir-lhe-á deter a razão num diferendo de opiniões. As ênclises próclises e mesóclises, por tanto tempo ensinadas pela sua respeitável Mãe, devem ter ficado obnubiladas no seu entendimento. O uso dos termos mal com L e mau com U nada tem que ver com estas questões gramaticais alhures citadas. Se não vejamos uma das definições:

"Ênclise é a colocação dos pronomes oblíquos átonos depois do verbo. Usa-se a ênclise, principalmente nos seguintes casos:

01) Quando o verbo iniciar a oração.

Ex. Trouxe-me as propostas já assinadas.

Arrependi-me do que fiz a ela.

02) Com o verbo no imperativo afirmativo.

Ex. Por favor, traga-me as propostas já assinadas.

Arrependa-se, pecador!!"

Uma pesquisa rápida na wikipédia pode esclarecer que: "Mal é uma característica negativa, que implica uma certa depreciação de alguma coisa em relação ao seu estado normal" e que "Mau é algo relativo à maldade".
Assim a Mal Oclusão refere a um vício de posição ou depreciação da normalidade e não a maldade que move a intenção de uma oclusão.

Agora, o pior de tudo é que mais importante do que a verdade é a versão dela... infelizmente a versão é mais importante do que o facto. E de facto, o uso vence a gramática e a língua sendo um "organismo" vivo, incorpora por vezes algumas coisas inexplicáveis. Assim está pela força do uso e não pela razão científica, aceite o uso do termo maloclusão, que nada mais é do que um anglo-saxonismo a mais na nossa língua. Também está aceite e comumente utilizado a má oclusão. Logo a versão advém mais uma vez sobrepondo-se ao facto e a Mal oclusão cai por terra (contra tudo o que acredito e que a gramática tão desprezada propõe). Dou, quanto a mim por aceite a sua versão dos factos, embora confesse que vou continuar a defender a mal oclusão como a forma que a famigerada unificação do trapalhão acordo ortográfico, venha contemplar.
Mais uma vez, meu respeitoso cumprimento pela sua postura clara e honesta, mesmo quando divergencias de opinões separam-no dos seus leitores.
Um abraço oclusivo
do Leitor
Mal Agradecido