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terça-feira, 18 de abril de 2006

O que é de graça e o que você paga

Minha profissão é suja e vulgar, quero um pagamento para me deitar
Junto com você estrangular meu riso, dê-me seu amor que dele não preciso
Zé Ramalho (Garoto de aluguel)

O que é que existe de graça neste mundo? Um amigo diz que, de graça, até tiro o povo anda levando. E é verdade. Hoje li uma notícia sobre isso que me deixou encabulado, veja só:

Governo pode impedir cobrança por ponto extra de TV a
cabo
Segunda, 17 de Abril de 2006, 13h16

A Câmara analisa um Projeto de Lei, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que
impede que as empresas de TV a cabo cobrem dos assinantes os pontos adicionais de recepção nas residências. Segundo o projeto, as empresas serão obrigadas a instalar os pontos extras sempre que o assinante solicitar. A proposta altera a Lei 8977/95.
As empresas alegam que a cobrança pela instalação e uso dos pontos adicionais têm como objetivo assegurar a manutenção da rede da TV por assinatura.


Pois é, se os nossos queridos políticos colocarem as suas mãos impolutas em mais essa questão, quem sai perdendo somos nós, pra variar. Pense: as operadoras não vão ficar no prejuízo, isso é certo. Elas vão cobrar os pontos adicionais de algum jeito, ou seja, subindo o preço para todos os assinantes, para compensar o gasto que terão com os que receberão os pontos extras sem pagar diretamente. Quem perde é o cara solteiro, que mora sozinho, o casal sem filhos, enfim, aqueles que não tem pontos adicionais, porque todo mundo vai pagar pelos pontos dos que tiverem.

É como no caso do banheiro. Uma vez eu peguei um taxi em Sampa e o motorista estava revoltado porque na rodoviária os banheiros são pagos. Ele foi no aeroporto e não cobraram para ele usar o banheiro, que coisa boa! Aí eu argumentei que ele pagou muito mais caro pelo banheiro do aeroporto do que pelo da rodoviária, porque o do aeroporto ele paga todos os dias, usando ou não, e o da rodoviária ele só paga quando usa. Ele não entendeu, mas eu fiquei feliz por ter conseguido expressar meu argumento, coisa que nem sempre sou capaz de fazer.

Se o governo, de repente, me obriga a tratar de graça no meu consultório, todas as mulheres que entraram aqui, é claro que eu vou cobrar isso dos homens. Eu tenho que sobreviver, se continuar com os mesmos preços eu vou falir rapidinho, ou seja, para cada dama que entrar no meu consultório, deve haver um cavalheiro pagando o tratamento em dobro. Dinheiro não dá em árvore, parece que só os políticos não sabem disso. Claro, o deles também não dá em árvore. O deles aparece, misteriosamente, em uma conta do Banco do Brasil...

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