Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

quarta-feira, 29 de junho de 2005

Livro

Li, na última edição da revista Veja sobre o trabalho do colega Fábio Bilbancos (Boca! Tudo o que você precisa saber para ter um sorriso saudável), um livro sobre saúde bucal para o leigo. Tudo bem, parece que o moço conseguiu escrever em linguagem acessível e didática sobre a Odontologia e temas relacionados. Pelo pouco que vi, a impressão é boa, mas fica uma pergunta: porque cada vez mais os CD´s procuram alternativas para ganhar uns trocados? Será que a nossa profissão está tão aviltada que o bom e velho consultório já virou bico para a maioria?

O que vejo hoje é um bando de dentistas querendo a todo custo dar aulas, escrever livros e artigos (não artigos científicos, mas em revistas de fofocas), fazer propaganda em tudo quanto é mídia, aparecer na TV... parece que virou festa: ao invés de ser um tratamento de saúde, a Odontologia se voltou quase que exclusivamente para a estética e os tratamentos viraram produtos que os dentistas tentam empurrar goela abaixo dos pacientes, vender, vender, vender!!!

E o nosso colega Fábio vai faturar, com certeza, alguns trocados vendendo o livro e alguns pacientes a mais. Ou fregueses. Porque o tratamento é um produto que deve ser comprado o mais rápido possível, não importa se o freguês precisa dele ou não.

segunda-feira, 20 de junho de 2005

Os médicos estão no mesmo barco

Bom, parece que, pelo menos, os nossos amigos "etcos" colocaram os médicos também no filme infame (Fernanda Torres, com a voz de quem foi envenenada por cianureto: "E quando o dentista me propôs um desconto para não levar recibo, eu recusei!!!")

Pelo menos essa é uma boa notícia: os médicos são bem articulados, têm um sindicato decente, um conselho atuante (que não está cheio de fantoches) e associações realmente fortes. Menos mal, é provável que possamos pegar carona na indignação deles com essa palhaçada.

ETCO - só porque eles querem!

Como se já não bastasse o governo federal, que nos leva a maior parte do dinheiro que deveria servir para nosso sustento, agora aparece esse tal de instituto etco (assim mesmo, sem o "i" e sem acento), clamando por ética e cidadania. Em um dos filmes, veiculados pela rede globo, fala-se da questão do recibo do dentista. Acontece que o tal instituto é dirigido por um certo Emerson Kapaz, industrial paulista com os bolsos cheios de dinheiro e que pode reclamar de barriga cheia dos juros e dos impostos do país.
Ora, senhor Kapaz, para mim o senhor é inKapaz de avaliar o que passa um profissional que estudou a vida toda e agora tem que entupir dentes com resina composta importada para ganhar uns trocados. Eu queria saber se o senhor Kapaz deu recibo em TODAS as transações que fez na vida. Duvido! Olhe para o seu rabo, antes de puxar o dos outros.

Pô, cadê o nosso sindicato para reclamar?!? Cadê o CFO pra mandar esses caras engolirem esse filme? Porque nós pagamos, além do sócio (o Lula e sua corja) o conselho, as associações, o sindicato e outros ladrões?

Assim, eu, Mr. Teeth, com todos os dentes de fora, lanço uma campanha de cidadania: não aos impostos escorchantes do governo dessa maldita república de bananas!!! Colega, não dê recibo, principalmente se o seu cliente for industrial, principalmente se o sobrenome dele for Kapaz! Desobediência civil já! Vamos juntar todo o dinheiro que o governo nos roubaria em impostos e fazer uma campanha na rede globo contra os industriais paulistas, populistas, cariocas curiorocas e outras poporocas!

terça-feira, 14 de junho de 2005

O nível da Pós-Graduação

Qual a diferença entre cursar especialização, mestrado ou doutorado?

Claro, alám das prerrogativas do mestre, de poder coordenar cursos de especialização (e ganhar um monte de dinheiro com isso), existem características importantes nesses cursos e títulos que nem sempre são respeitadas no nosso país, motivo por que pouca gente sabe, com certeza, quais são as atribuições de cada um deles. Vamos tentar clarear um pouco esse poço escuro:

Especialização: é o primeiro nível da pós-graduação, o primeiro título que você pode receber depois de formado. Existem uns picaretas por aí que colocam depois do nome: pós graduado em entortamento de raiz de canino. Mentira, isso não existe. O cara, provavelmente, fez um cursinho de final de semana, aprendeu pela metade e resolveu que isso era uma grande coisa. Ou ele tem, no mínimo, especialização, ou só tem título de graduação. Por outro lado, esse é o título certo para quem quer trabalhar na clínica, no consultório, atendendo seus clientes. O especialista é o profissional que se aprofundou naquela disciplina, estudou a fundo e sabe exatamente o que fazer para resolver os problemas clínicos que se apresentam. É o "super-dentista"!

Mestrado: É o curso para quem quer ser professor, ainda que eu nunca tenha entendido porque um ser humano poderia ter essa vontade: trabalha-se muito, ganha-se pouco e às vezes encontra-se um ex-aluno na rua, que ganha bem mais do que você... bem, mas o mestrado é para o professor. É por isso que o coordenador dos cursos de especialização em Odontologia têm que ser mestres. Devem ser professores, para isso. O problema é que, com o aumento da oferta de cursos de mestrado e com a aberração dos mestrados profissionalizantes, aumentou muito o número de mestres por aí, e não tem faculdade suficiente para todo mundo, resultado: mestres trabalhando no consultório, lugar de especialista.

Doutorado: O doutor é, antes de tudo, um pesquisador. Os cursos de doutorado, a princípio, devem ser voltados à pesquisa, à orientação e ao desenvolvimento de novas técnicas e materiais. Doutores só deveriam lecionar em pós-graduação, mestrados e doutorados, pesquisar e orientar pesquisas. Novamente os paradoxos do nosso país fazem com que os doutores acabem nas salas de aulas da graduação e da especialização, ou por falta de laboratórios para as pesquisas, por falta de dinheiro, por falta de alunos interessados em fazer iniciação científica, por falta de dinheiro no bolso do doutor, que precisa procurar outra fonte de renda. Infelizmente é a nossa realidade, cabe a nós tentarmos mudá-la.

quarta-feira, 8 de junho de 2005

CFO - ajuda ou atrapalha?

Eu já tinha avisado que eu gosto de reclamar, principalmente do CFO. Pois então eu vou explicar os motivos. Nossa profissão é difícil, trabalhamos sozinhos, sem ter com quem dividir as responsabilidades. Médicos têm os colegas para ajudá-los, qualquer cirurgia, por pequena que seja, sempre tem uma equipe. Não na Odontologia. O CD está sempre sozinho. Se errar, babau!

Então, o nosso Conselho deveria ser um órgão que nos ajudasse a superar melhor os grandes desafios da profissão, indicando os melhores cursos, fiscalizando esses cursos (aliás, esse é um tópico ao qual que quero voltar, muita polêmica!), tirando do mercado os maus profissionais, implementando um código de ética decente, melhorando a legislação. Ao invés disso, inventa eleições obrigatórias, recadastramentos obrigatórios e outras obrigações a mais. Mas será possível que esse órgão só existe para incomodar a vida da gente? Inventa "novas especialidades" (outro tópico para discutir depois) e exames para especialidades, como se já não houvessem especialidades e especialistas o bastante.

Eu acho que os dirigentes do nosso conselho deveriam rever suas prioridades, tentar ajudar um pouco, ao invés de atrapalhar a já tão difícil vida do Cirurgião Dentista.

terça-feira, 7 de junho de 2005

Frase

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto"

Rui Barbosa

segunda-feira, 6 de junho de 2005

Comercial da Coca Cola

Direto do site da ABO-nacional: o Conar - Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária retirou do ar o comercial da Coca Cola em que um jovem abria uma garrafa de refrigerante com os dentes, veja aqui. Muito bem, falta agora uma concientização de que piercing na língua também pode causar fraturas de dentes, erosões em mucosa e outros probleminhas bucais, mas esse aí já é um bom começo. Leia a notícia, eu recomendo!

Onde fazer especialização - a equipe

Você pensou que tinha acabado? Nãããão, ainda tem coisas para você verificar, antes de fazer sua matrícula naquele tão sonhado curso de especialização.

Seja qual for a especialidade que você escolheu, um ítem importantíssimo é a equipe de professores que ministra o curso. Não se engane: alguns coordenadores colocam nomes estrelados na equipe mas, no dia-a-dia do curso, quem está em contato com os alunos não são essas estrelas. Verifique direitinho quem é que fica responsável por cada disciplina, se esse professor será o que vai acompanhá-lo na clínica, no laboratório, quantas aulas teóricas ele vai ministrar. Você pode encontrar nomes desconhecidos mas, nem por isso, menos capacitados. Alguns profissionais não aparecem muito, questão de marketing: alguns são bons e não aparecem, outros são famosos mas não são tão bons. Continua valendo a regra: pesquise o currículo, pergunte a profissionais em quem você confia, ouça a opinião do seu professor da graduação.

Tenha em mente que a titulação da equipe permanente é tão importante quanto a do coordenador. Uma estrela à frente de uma equipe mal preparada não consegue manter a boa qualidade do curso. Já uma equipe que funciona como tal, que se entende, com professores capacitados e que trabalham juntos há anos consegue resultados bem mais interessantes.

Aguarde, depois escrevo mais.

sábado, 4 de junho de 2005

Onde fazer especialização - a instituição

Depois de namorar o curso e verificar as credenciais do orientador, convém que você avalie a instituição em cujas instalações ele é ministrado. Sinceramente, eu acho que TODO o estudo da Odontologia deveria ser nas universidades, sejam elas públicas ou privadas, mas sempre dentro de universidades. Infelizmente não é o que acontece. No Brasil de hoje, a maioria dos cursos de pós-graduação em nível de especialização acontece em entidades de classe. As ABO´s foram pioneiras, mas hoje existem cursos em sindicatos, associações de especialidades e até em clínicas das forças armadas e particulares. Eu acho isso um absurdo, mas essa é só a minha opinião.

Em todo caso, como as forças armadas servem para defender o país, o sindicato deveria servir para representar a classe e as clínicas particulares não têm nada a ver com ensino, procure uma instituição que possua boa infra-estrutura. Boas clínicas e laboratórios são essenciais e, principalmente, instituições de renome. As ABO´s e as universidades (com os poucos cursos que estas últimas oferecem) são, normalmente, apostas seguras.

sexta-feira, 3 de junho de 2005

Corrupção tem cura?

Tenho visto por aí teorias de que a corrupção no Brasil acontece porque há impunidade. Não concordo.
A corrupção no Brasil é endêmica. Nisso eu estou com o João Ubaldo, que escreveu na Veja que o brasileiro é, por cultura, corrupto. Nenhum bandido, seja ele um Lalau da vida, seja o cobrador do ônibus que dá o troco a menos, acha que vai ser flagrado e punido, por mais que a máquina policial funcione bem. Ele sempre acha que é mais esperto e que vai se safar.

O problema só vai acabar quando todos os que têm acesso ao bem público entenderem que aquilo que está sob seu poder não é de um indivíduo, mas de todos. E deve ser tratado com todo o cuidado. Porque, nessa conta, se um perde, todos perdem, mesmo aquele que embolsou a propina, porque o país fica pior a cada malandragem.

Sendo assim, eu acho que a corrupção tem, sim, cura. Mas é cultural. E, infelizmente, só se consegue mudar a cultura de um povo à custa de muito sacrifício e isso demora muito... ou seja, não é para os meus olhos um Brasil sem bandidagem.

quinta-feira, 2 de junho de 2005

Onde fazer especialização - o coordenador

Muito bem, você se formou, agora é um Cirurgião Dentista (não fale "dentista" que é feio...) e resolveu se especializar. Com a grande quantidade de cursos oferecidos por milhares de instituições no país, você fica, naturalmente indeciso, então o titio Teeth vai ajudar:

Em primeiro lugar, conheça o coordenador do curso que você está namorando. Procure o nome dele no site do CNPq, lá tem a plataforma Lattes, um currículo bem completo de todos os pesquisadores do Brasil. Tudo bem, tem alguns profissionais, mais antigos, que não têm o nome lá, porque a gente tem que se cadastrar e manter o currículo atualizado, nem todo mundo faz isso. Mas não atualizar o currículo já é um mau sinal. Então escolha um curso cujo orientador tenha um currículo decente, titulação, publicações na área de interesse e, principalmente, que seja conhecido e respeitado no meio acadêmico. Pergunte ao seu professor da graduação se ele conhece o coordenador do curso, entre em contato com a Associação da especialidade que você quer seguir (já existem muitas, de Prótese, Endodontia, Ortodontia, etc.) e continue procurando.

Essa dica vale ouro, depois eu escrevo outras, tenha paciência, eu tenho clientes para atender!

quarta-feira, 1 de junho de 2005

Normas

Estas são algumas normas para a participação neste weblog:

1. Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco.

2. Como eu sou o dono do blog, eu faculto a você o direito de fazer comentários, mas me reservo também o direito de ignorar ou mesmo apagar os comentários dos quais eu não goste. Deixe pelo menos o seu nome. Comentários anônimos não serão publicados.

3. Na descrição do blog eu digo que sou politicamente incorreto, anarquista, libertário, boca-suja e que me encontro no limite da ilegalidade. São verdades absolutas:

  • Eu não ligo para o que seja politicamente correto ou não. Se eu achei errado, eu escrevo com todas as letras, dane-se se ofender alguém.
  • Detesto hierarquias, principalmente quando são invertidas. Eu acredito que as "autoridades", constituídas ou instituídas, não estão acima de nós em uma eventual escala hierárquica. Essas pessoas são nossas empregadas, nós votamos nelas para colocá-las em uma posição em que podem administrar os nossos bens, ou seja, os bens públicos. Pagamos seus salários. Então, vereadores, deputados, senadores, presidentes (da república, do CRO, do que seja), síndicos etc, são nossos empregados. Infelizmente nós ainda não podemos mandá-los embora quando eles não cumprem suas funções com decência. Sonho com esse dia.
  • Acredito viceralmente na liberdade, desde que esta vá até onde começa a do meu semelhante. Luto pela liberdade de comandar minha própria vida, mas está difícil...
  • Às vezes eu falo (e escrevo) palavrões. Coisas da vida.
  • Digo que me encontro no limite da legalidade mas eu sei que às vezes eu chego a forçar esses limites. Detesto polícia. As forças armadas (exércitos, polícias etc) são antros de corrupção e seus membros se julgam superiores aos mortais comuns porque andam armados. Formam, junto às "autoridades" o conjunto que representa a hierarquia invertida, ou seja, policiais são pagos por nós para nos proteger e não para nos amedrontar, como ocorre hoje no Brasil. Também não hesito em encorajar meus interlocutores a sonegar impostos, quando vejo que estes são injustos. Forço ou não o limite?