E no escritório, onde eu trabalho,
Sempre complico,
Quanto mais eu multiplico,
Diminui o meu amor
Belchior (Paralelas)
Outro dia eu estava lendo, acho que foi a revista Veja, no consultório de algum dos médicos com que estou fazendo meu primeiro checkup em 44 anos (tudo super normal, por enquanto), que o professor no Brasil não é o pobre-coitado que parece. Informa a reportagem (eu ainda acho esse link) que o professor, na média, ganha melhor que outros trabalhadores do mesmo nível de estudo, não está tão sujeito à violência como se pensa, tem mais férias do que os outros e se aposenta antes. Tá, tudo bem, mas vamos a uma pequena comparação:
Um amigo meu, amigo de infância, estudou a vida toda comigo. Poucas vezes não estávamos na mesma sala, até o final do - na minha época, segundo grau - ensino médio. Eu fui estudar Odontologia, ele foi fazer curso de Direito. Formado, eu fui fazer mestrado e doutorado, publiquei artigos, escrevi capítulo de livro, ralei montando pós-graduação, mandei ver no consultório, entrei na universidade e, hoje, posso me gabar de trabalhar feito doido em 4 coisas diferentes: consultório, graduação na faculdade e duas pós-graduações, para pagar as contas, sempre atrasadas, sempre apertado.
Meu amigo, sem especialização, sem mestrado, sem doutorado, sem publicações, faculdade ou qualquer outra coisa, passou no concurso pra Promotor de Justiça. Tá, ele estudou feito louco, quase foi internado, mas passou. Hoje ele ganha mais de vinte mil reais por mês, trabalha 6 horas por dia, tem férias quando bem entende, vai a congressos no mundo todo com todas as despesas pagas entre outras regalias.
E vem um me dizer que ser professor é bom... só é professor quem tem muito amor à camisa mesmo. Quem é muito idealista e meio bobo. Como eu.
Reboot?
Há 2 dias
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