Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

quarta-feira, 30 de maio de 2007

País de desdentados?

Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um vídeopôquer para se jogar
Gilberto Gil (Pela internet)

Quando eu vi a notícia da agressão sofrida por duas turistas tchecas no Rio, nem prestei muita atenção. Agressão a turista no Rio é mato, eu não entendo porque as pessoas ainda vão lá, deve ser por uma questão social: dar uma forcinha aos assaltantes, 'tadinhos, tão pobrinhos, precisam do nosso dinheiro pra sobreviver. Só fui perceber a graça da coisa quando saiu no Kibeloco. Lá, o argumento é que a notícia é boa, pois as moças foram atacadas a dentadas:
"Garanto que na República Tcheca os moradores de rua não têm uma dentição tão completa e resistente quanto a dos rapazes"

Pois é, o que eu tenho notado nos últimos anos, como professor de pós-graduação em Odontopediatria, é que os dentes das nossas crianças melhoraram muito. Na minha época de acadêmico (e lá se vão mais de 20 anos...) a gente costumava ver com certa frequência aquelas boquinhas destruídas, sem um dente aproveitável, em crianças bem pequenas. Hoje eu vejo condições, se não ideais, um pouco melhores. Não sei se é porque eu moro em Campo Grande, uma cidade que investe relativamente bem em saúde, mas eu vejo melhoras.
Outro dia o Camilo disse uma coisa interessante, comentando o post sobre semântica:
"A verdade é que a saúde bucal do brasileiro é precaria e muitas vezes por falta de informação (nem digo conhecimento). Se esta informação chegasse a todos, mesmo semanticamente errado, quem sabe não contribuiria para amenizar o quadro e por a odontologia em mais discussões."

É, eu concordo, o que falta mesmo é informação. Se a população conhecesse melhor a Odontologia, não seria enganada pelo marketing. Mas eu estou fazendo a minha parte. Acredito que com esse blog eu levo um pouco de conhecimento a quem se interessar em procurar. Outros colegas, como o próprio Camilo, que têm sites, também o fazem. Infelizmente nosso alcance é pequeno, mas nós tentamos.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Mais imposto

Nosso banco tá cotado no mercado exterior
Então taxa a cachaça a um preço assustador
Chico Buarque (O malandro)

Governo quer (e vai!) aumentar o imposto sobre a cachaça. Vejam só, o Chico Buarque, além de excelente músico e letrista, é também um visionário...



segunda-feira, 21 de maio de 2007

A tal da maloclusão (de novo!)

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Chico Buarque (Retrato em branco e preto)

Acontece de, tempos depois de eu escrever alguma coisa, aparecer um comentário. É pena que a maioria não se identifica, para que eu possa argumentar, mas eu não perco o bonde: quando a briga é boa, eu copio e faço outro post, como este. Então, alguém comentou meu artigo sobre a impropriedade da palavra maloclusão. O missivista assina "Mal agradecido", não colocou o endereço de e-mail, mas como o blog é meu e ele comentou aqui, sinto-me no direito de comentar o comentário dele :^)

Mal agradecido disse...
Alô Doutor! Mal estar, mal entendido, mal parado, mal mal explicado. Mal com L indica erro ou equívoco. Mal feita essa teoria contra a mal oclusão, ou seja, oclusão
incorreta.


Não, amigo, não é isso. Mal com "L" é o antônimo de bem, ou seja, os antônimos aí seriam bem estar, bem entendido, bem parado, bem bem explicado. Muito bem explicadinho! E se você disser 'mal oclusão', a oclusão fica pior ainda, porque o contrário teria que ser bem oclusão. Horrível, não acha? A minha "teoria" está muito bem feita! Não é simplesmente uma teoria, é um fato!

Má indole, má rês, mau carácter, mau intencionado, lobo mau!. Mau com U, indica intensão ou caráter, conduta.

Não, de novo você se engana. Mau tempo, mau olhado, mau agouro, são antônimos de bom tempo, bom olhado, bom agouro. Nenhum desses teve intensão, caráter ou conduta. É simplesmente uma questão de ser bom ou mau, bem ou mal. Simples.
Má é feminino de mau: mulher má, "madrasta" é má e não "maldrasta".

Ôpa, aí eu concordo plenamente: má e feminino de mau! Só que 'madrasta' não vem de mulher má, e sim de 'madre',mãe em espanhol, derivado do latim 'mater', assim como padrasto vem de padre, pai. Não basta saber português, a gente tem que conhecer um pouquinho de etimologia, também.

Compreende-se a sua confusão, mas semântica e dialética são ciências como a ortodontia. A Lingua Portuguesa é muito traiçoeira. As vezes chega a ser má, e pode nos deixar mal. Cuidado ao exprimir publicamente opiniões sem embasamento, isso pode deixar sua imagem ficar mal!Um abraço oclusivo de outro ortodontista para desfazer qualquer mal entendido e não parecer má vontade!!!

É, eu entendo que você goste de discutir a língua, mas não aceito seus argumentos. Eu não escrevi isso aleatoriamente, eu pesquisei e me embaso em argumentos sólidos. Maloclusão é pura e simplesmente uma corruptela do inglês malloclusion, macaqueado pelos brasileiros que não vêem opções em sua própria língua, talvez por não a conhecerem a contento. Como quando usam 'performance' ao invés de desempenho. E por aí vai. Me parece que a confusão é sua, pois seu argumento simplesmente não se sustenta. 'Mau' não indica intensão nem caráter, simplesmente indica que não é 'bom'. E 'mal' indica que não está 'bem'. Por favor, não venha me acusar de leviandade com a ciência, eu levo isso MUITO a sério, nunca exprimo opiniões sem embasamento. Ainda quero escrever sobre o encadeamento de preposições e adjetivos.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Tristeza

Quem é essa mulher que canta sempre o mesmo arranjo?
Só queria agasalhar meu anjo e deixar seu corpo descansar
Chico Buarque (Angélica)

Soube ontem do falecimento da Profª. Célia Regina Rodrigues. Para quem não conhece, foi uma das maiores expressões da Odontopediatria brasileira, professora da USP, cientista e um ser humano maravilhoso. Infelizmente ela não sabia dizer 'não', e por isso trabalhava mais do que podia. Mais do que devia. Não sei sua idade, mas sei que era mais nova do que eu, filhos ainda adolescentes.

Deixo aqui registrada minha falta de tato para lidar com perdas assim, pois ela foi orientadora da tese de doutorado da minha mulher, então eu a conheci como professora, orientadora e cientista. E fui aluno do marido dela, o Prof. Leonardo Rodrigues, por quem também tenho grande admiração.

Vá em paz, Célia, temos certeza que você está bem e que olhará por nós.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Mil palavras

Trago em meu corpo as marcas do meu tempo
Meu desespero a vida num momento
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo
Taiguara (Hoje)

Se é mesmo que uma imgem vale mais do que mil palavras, esta aqui é emblemática:

Bem a imagem da Odontologia: propaganda direta, produtos em evidência, qualidade garantida pela quantidade indiscutível de clientes satisfeitos. Rapidez e eficiência a toda prova. Notem a indumentária do profissional, altamente condizente com as mais modernas normas de biossegurança.

Taí o marketing que nossa profissão tanto preza. De volta à idade média. Se a Odontologia se esforça por se tornar ciência, sempre tem um picareta (ou dois, ou mais) fazendo esforço muito maior, e com melhores resultados, para torná-la comércio.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Quanto vale uma vida?

E a vergonha é a herança maior
Que meu pai me deixou
Lupiscínio Rodrigues (Vingança)

Eu não ia escrever sobre isso, mas não aguentei. No meio de toda a barbárie ainda presente no mundo moderno e globalizado (que invasão ianque, que nada!) eu ainda consigo ficar indignado com coisas como o apedrejamento de uma menina do outro lado do mundo. Eu até me surpreendo por ficar indignado com essas coisas, mas tem horas que eu viro meleca e me revolto ao ver crianças e animais sofrendo. Como quando eu escrevi, nem me lembro onde, sobre a MGF que ainda é praticada por aí.

Então, por motivos torpes, as pessoas são torturadas. Nem me importo que morram, um dia iam morrer mesmo e, de toda forma, pessoas existem aos milhares. Talvez essa menina seria a mãe de um terrorista louco que ia explodir meio quarteirão e matar mais um monte de gente inocente, mas a tortura, pra mim, é inadmissível!

Hmmm... será que eu estou sendo sincero? Eu bem que gostaria de arrancar (!) sem anestesia alguns dentes de uns políticos que andam por aí. Na verdade, eu quero vingança. Sangue!