Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

sábado, 29 de abril de 2006

Sobre o imposto de renda

"Eu arranjei o meu dinheiro, trabalhando o ano inteiro;
Minha maloca, a mais linda deste mundo, ofereço aos vagabundos
Que não têm onde dormir"
Adoniran Barbosa (Abrigo de vagabundos)

Recebi por e-mail de um amigo e me identifiquei imediatamente:

Não percam o prazo do IRPF 2006.
NÃO ESQUEÇAM TODOS OS DEPENDENTES!!!!!!

LISTA DE DEPENDENTES DO IR - Você já atualizou a sua lista de dependentes do IR? Não? Então pode copiar da minha.

DECLARAÇÃO ANUAL DE RENDIMENTOS - PESSOA FÍSICA
RELAÇÃO OFICIAL DOS MEUS DEPENDENTES:
  1. Governo Federal - IR, CPMF etc.;
  2. Governo Estadual - IPVA, ICMS etc.;
  3. Governo Municipal - IPTU, TRSD. ISS QN etc.;
  4. INSS - Contribuição previdenciária;
  5. Conselho Regional de Odontologia - Contribuição anual;
  6. Sindicato dos "odontologistas" (?)- Contribuição anual;
  7. DMAE/COMLURB - Contas de água e esgoto (consumo mínimo) e taxa de coleta de lixo;
  8. CEEE/CEG - Contas de luz e gás (consumo mínimo);
  9. Telefonica/BrasilTelecom/TIM/CLARO/VIVO celular - Assinatura mensal;
  10. Plano de Saúde - Mensalidade;
  11. Detran - Licenciamento anual de veículo, transferência e renovação de carteira de habilitação;
  12. Contran - Taxa de inspeção veicular;
  13. IRB - Seguro automotor obrigatório;
  14. Concessionárias de estradas de rodagem - Pedágios ;
  15. CET/DSV/ESTAR - Talões de estacionamento;
  16. Terminais aeroviários e rodoviários - Taxa de uso dos sanitários e estacionamento;
  17. Instituições financeiras - Taxas de administração e manutenção de contas correntes, renovação anual de cartões de crédito, requisição de talões de cheque, CPMF, etc.;
  18. Tomadores de conta de veículos, guardadores de lugar em filas, cambistas diversos, flanelinhas e vendedores de semáforos - Caixinha, cafezinho etc.;
  19. Carteiro, lixeiro, varredor de rua, leitores de relógios e entregadores de contas - Páscoa, Natal, Ano Novo etc.

E 567 deputados e 81 senadores, com as respectivas CORJAS. É mole ? isso aí deveria chamar...

LISTA DOS VAGABUNDOS QUE SOU OBRIGADO A SUSTENTAR

quinta-feira, 27 de abril de 2006

Sobre a mentira e a cara de pau

"Nada ficou no lugar / Eu quero entregar suas mentiras
Eu vou invadir sua aula / Queria falar sua língua"
Adriana Calcanhoto (Mentiras)

De novo os dirigentes do Conselho Federal de Odontologia metem os pés pelas patas e abrem as pernas, alegremente, para os publicitários:

A se confirmar aquilo que foi votado nos dias 6 e 7 de abril, em Recife, pelo plenário do Conselho Federal de Odontologia e os presidentes dos 27 Regionais, em breve o capítulo relativo à propaganda no Código de Ética terá uma nova redação. Ou “uma suave liberalização”, como define o secretário-geral do CFO, Marcos Santana, um dos principais coordenadores da reunião que atendeu pelo pomposo nome de “Fórum Nacional de Discussão do Capítulo de Propaganda e Publicidade do Código de Ética Odontológica”.
Ora, ora, então quer dizer que, a título de "suave liberalização" os 'eleitos' querem que os publicitários ganhem mais dinheiro nas nossas costas, capisci? Ou será que eu estou errado e eles só querem mesmo é ferrar com quem estudou e se dedica a fazer uma odontologia de excelência, privilegiando no processo o dentista de jaleco sujo, que não está nem aí? Senão, vejamos outro parágrafo da notícia:

Com a nova redação o profissional sem diploma de especialidade poderá anunciar uma eventual atividade circunscrita a uma especialização, desde que, obrigatoriamente, informe ao lado sua condição de “clínico geral”. Como se vê, a mudança parece sutil, mas não é.

Ah, agora eu entendi: qualquer um pode anunciar que é ortodontista, mesmo sem o ser de fato, o que era uma antiga reivindicação de um grupelho de picaretas das mais variadas estirpes, que fazem cursinhos de fim-de-semana e adoram propagandear que cobram muuuuito menos pelo tratamento do que o infeliz que fez especialização. Bom. Gostei. Mas o melhor está por vir, a explicação do presidente da Comissão de Sistematização das Propostas dos CROs, Marcos Santana:

”Foi uma decisão sábia, pois o cirurgião-dentista informa a verdade sem induzir o consumidor ao engano”

Então está bom: o 'consumidor' vê o anúncio do 'doutor', dizendo em letras garrafais: ORTODONTISTA, e, ao pé da página, para ler com microscópio, a informação:

Este 'doutor' não é um doutor de verdade, porque não fez doutorado, nem é
ortodontista de verdade, porque não fez especialização em ortodontia, ele só
escreveu isso aí em cima que é pra você achar que ele é doutor e ortodontista,
ir lá no consultório dele, fazer o tratamento e só depois descobrir que caiu em
uma roubada.

Ah, eu quero tanto ver isso acontecer... estou até babando de vontade de ver esses anúncios por aí, tenho absoluta certeza de que eu, que estudei a minha vida inteira, sou mestre e doutor, pago a extorsiva anuidade do CRO todos os anos, serei muito favorecido por essas decisões. O engraçado (se eu falar que é triste me acusam de ser ranzinza) é que o conselho, ao invés de investir na melhoria técnica do CD, faz exatamente o contrário: privilegia aquele que não estudou, que se mete a fazer o que não sabe fazer direito, sem embasamento teórico, empiricamente, o dentista de jaleco sujo. E no fim, para total escárnio de quem estudou, a notícia ainda traz a frase: "Clínicos gerais contemplados, especialistas respeitados", com a argumentação do Sr. Marcos Santana:

“O mais importante é que foi feita uma liberalização sem perder de vista a legalidade, a honestidade e a veracidade, que fundamentam a ética profissional”

Marcos, me dá licença, mas eu vou escrever com todas as letras, em negrito: você mente! Isso que você disse é uma mentira deslavada. Você é um dos responsáveis pelo aviltamento da odontologia, você é um dos vendilhões do templo, cede ao lobby dos piores elementos da profissão, aqueles que não estudaram o quanto deveriam e querem ganhar mais do que os que estudaram, na marra. Você colaborou com isso. Se o seu filho for dentista, aconselhe-o: "Filho, não estude, faça propaganda, que a lei o papai garante".

Durma tranquilo, Marcos. Vire fazendeiro, porque com a odontologia você já ferrou.

terça-feira, 25 de abril de 2006

Sobre meninos e lobos - reloaded

"Ela foi criada na roda da malandragem, hoje vive com visagem
Sei que com esta nega não vou levar a mínima vantagem."
Moreira da Silva (Risoleta)

Li, no excelente blog da Alessandra Felix um texto que tem absolutamente tudo a ver com as minhas teorias (prólogo e epílogo). Para ser justo, linko o texto aqui, quem quiser dar uma olhada e comparar vai ver que, na essência, nós dois dizemos a mesma coisa, só que a Alessandra escreve muitíssimo melhor que eu, conseguiu, em um texto claro e enxuto, dizer tudo o que eu tentei nessas duas catástrofes autocomiserativas. Sorry, cada um só consegue chegar até o seu limite, mesmo forçando um pouco a barra, como eu costumo fazer.

Sobre as letras das músicas

"Este post não vai ter o costumeiro preâmbulo musical
Porque, claro, vai falar de música o tempo todo"
Mr. Teeth

Ou: porque eu acho o Chico o máximo!

Eu, que sou músico diletante (putz, eu adoro quando consigo colocar uma palavra assim, chique, no texto), presto muita atenção nas letras das músicas. E acho que letra boa é aquela que combina com a melodia e que consegue dizer alguma coisa. Só por esse último critério, Djavan está limado. As letras dele combinam, mas não dizem nada, ninguém entende nada, parece até que ele não escreve em português. Por outro lado, letras absolutamente simplistas também são irritantes, veja só:

"É isso aííííííííí... Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa, quase sempre."

Tá, tem muita gente que gosta dessa música que a Ana Carolina canta (não sei quem é o autor, nem me dei ao trabalho de procurar), mas leia a letra atentamente. Não diz nada. Eu li o resto e diz tanto quanto essa parte. Fora o aíííííí espichado, no final da frase, que é recurso de música sertaneja. Pior, não pode haver. Mas tem mais, tem muito mais. Eu sei, música ruim tem em todo lugar, mas está ficando insuportável:

"Não vou mudar, esse caso não tem solução
Sou fera ferida, no corpo e na alma e no coração."

Essa é até melhorzinha, mas o que torna uma letra realmente boa é o uso das palavras de forma criativa. Letra de música não é poesia, um dos poucos poetas que se deu bem fazendo letra foi o Vinícius, mas isso já é covardia. Dizer que é "fera ferida" e etc é puro lugar-comum. Compare com o que o Chico fez com essas palavras (de novo, lembre da música, se não não tem graça):

"Quem que te mandou tomar conhaque
Com o tíquete que te dei pro leite"

Uau! Poucas e curtas palavras formando uma verdadeira batucada vocal. Uma frase banal, que passaria despercebida em qualquer poema, poderia até ser taxada de boba, na música vira uma coisa completamente inusitada, surpreendente. Na mesma linha, tem do Geraldo Pereira, sambista das antigas, uma música chamada "Escurinho", quem conhece vai se lembrar da estrofe final:

"Já foi no morro do Pinto
Acabar com o samba"

As palavras marcam a música como se fossem percussão. É pura inspiração. Mas o meu verso preferido é mesmo do Chico, na música "Tatuagem", que eu já usei mais de uma vez aqui:

"Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo, em carne viva"

Pronto. Quem mais, neste mundo, teria coragem de combinar assim essas palavras para falar de amor?

quinta-feira, 20 de abril de 2006

Sobre e mudança do discurso

"Provei pra você que eu não sou mais disso
Não perco mais o meu compromisso"
Zeca Pagodinho (Não sou mais disso)

Finalmente uma voz sensata no governo (Hai gobierno? Soy contra!). Hoje de manhã me deparo com uma "ameaça" do ministro Guido Mantega* de cortar gastos para garantir superavit. Aleluia!!! Até que enfim alguém que não tem que trabalhar como burro de carga para irrigar as contas milionárias do fisco conseguiu enxergar um pouco.

Todas as vezes em que o governo está deficitário ele se empenha em aumentar a arrecadação, leia-se extorquir o povo aumentando impostos. Quando não aumenta ele dá um jeito de cobrar dos poucos pobres-coitados que conseguiam esconder os caraminguás dos ladrões. Agora o ministro diz a primeira coisa sensata em muitos anos de economia e "ameaça" cortar gastos, que beleza! Que se cumpra, senhor ministro, sua ameaça. Que o nosso fisco se esqueça um pouco do pobre trabalhador honesto e olhe um pouco para a gastança imoral de vereadores, deputados, senadores e outros que, felizes na esbórnia do dinheirinho nosso de cada dia, acham que aquelas contas são infinitas, pois quando o poço seca eles sempre podem espremer o pano mais um pouco para coletar as últimas gotas do nosso sangue.

* Eu, desde que ouvi pela primeira vez o nome do nosso novo ministro, estou imaginando como ele se chamava antes de adotar essa forma. Todos falam 'Guido Mântega', como se realmente tivesse a tônica na primeira sílaba do sobrenome, mas eu desconfio fortemente que o nome do homem é Margarido Matega, com o sobrenome paroxítono, como mandam as regras do bom português. Será?

terça-feira, 18 de abril de 2006

O que é de graça e o que você paga

Minha profissão é suja e vulgar, quero um pagamento para me deitar
Junto com você estrangular meu riso, dê-me seu amor que dele não preciso
Zé Ramalho (Garoto de aluguel)

O que é que existe de graça neste mundo? Um amigo diz que, de graça, até tiro o povo anda levando. E é verdade. Hoje li uma notícia sobre isso que me deixou encabulado, veja só:

Governo pode impedir cobrança por ponto extra de TV a
cabo
Segunda, 17 de Abril de 2006, 13h16

A Câmara analisa um Projeto de Lei, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que
impede que as empresas de TV a cabo cobrem dos assinantes os pontos adicionais de recepção nas residências. Segundo o projeto, as empresas serão obrigadas a instalar os pontos extras sempre que o assinante solicitar. A proposta altera a Lei 8977/95.
As empresas alegam que a cobrança pela instalação e uso dos pontos adicionais têm como objetivo assegurar a manutenção da rede da TV por assinatura.


Pois é, se os nossos queridos políticos colocarem as suas mãos impolutas em mais essa questão, quem sai perdendo somos nós, pra variar. Pense: as operadoras não vão ficar no prejuízo, isso é certo. Elas vão cobrar os pontos adicionais de algum jeito, ou seja, subindo o preço para todos os assinantes, para compensar o gasto que terão com os que receberão os pontos extras sem pagar diretamente. Quem perde é o cara solteiro, que mora sozinho, o casal sem filhos, enfim, aqueles que não tem pontos adicionais, porque todo mundo vai pagar pelos pontos dos que tiverem.

É como no caso do banheiro. Uma vez eu peguei um taxi em Sampa e o motorista estava revoltado porque na rodoviária os banheiros são pagos. Ele foi no aeroporto e não cobraram para ele usar o banheiro, que coisa boa! Aí eu argumentei que ele pagou muito mais caro pelo banheiro do aeroporto do que pelo da rodoviária, porque o do aeroporto ele paga todos os dias, usando ou não, e o da rodoviária ele só paga quando usa. Ele não entendeu, mas eu fiquei feliz por ter conseguido expressar meu argumento, coisa que nem sempre sou capaz de fazer.

Se o governo, de repente, me obriga a tratar de graça no meu consultório, todas as mulheres que entraram aqui, é claro que eu vou cobrar isso dos homens. Eu tenho que sobreviver, se continuar com os mesmos preços eu vou falir rapidinho, ou seja, para cada dama que entrar no meu consultório, deve haver um cavalheiro pagando o tratamento em dobro. Dinheiro não dá em árvore, parece que só os políticos não sabem disso. Claro, o deles também não dá em árvore. O deles aparece, misteriosamente, em uma conta do Banco do Brasil...

sábado, 15 de abril de 2006

Feliz Páscoa (post renegado)

Eu tinha colocado aqui a figura dos dois coelhinhos de chocolate. Depois eu vi que essa figura estava em praticamente TODOS os blogs que eu leio, então resolvi tirar. Não gosto de ficar igualzão, por mais que eu admire os caras, então eu tirei e figura.

Fica só o desejo: feliz páscoa, shalom pessach!

terça-feira, 11 de abril de 2006

Tatoo

"Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo, em carne viva"
Chico Buarque (Tatuagem)

Quando eu fiz uma lista das coisas doidas que eu já fiz na vida, citei minhas tatuagens. Desde aquela época me pediram pra postar 'fotinhas' delas, então aí vão, sem maiores explicações: a fênix do ombro direito e o cavalo marinho da perna esquerda.

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Odontologia - grana x arte

"Divinha o que primeiro vem: amor ou vem dindim
Dindinha, dê dinheiro, carinho e calor pra mim"
Ceumar (Dindinha)

A Odontologia vive hoje um dilema triste: se você for um CD dos bons, daqueles que capricha em tudo o que faz, se encanta com uma restauração bem feita, contornos perfeitos, anatomia que pode enganar até deus, então você está em um caminho perigoso. Se você escolhe sempre os melhores materiais e equipamentos - sem pensar muito no preço - para proporcionar ao seu cliente o melhor trabalho possível, se você arruma a recepção com música, tv, revistas atualizadas para que o seu cliente não fique aborrecido caso você atrase alguns minutos o atendimento, você está anacrônico. Se você se esmera em não atrasar o horario de atendimento ao cliente por puro respeito a ele, pois sabe que hoje os compromissos são tantos que ninguém pode se dar ao luxo de ficar meia hora no dentista além do tempo previsto...

Tudo isso prejudica seus lucros. Hoje ganha dinheiro com odontologia quem a vê não como ciência e arte, mas como puro e simples comércio. O marketing nos ensina a maximizar lucros minimizando custos. Se você vai arrumar a recepção, faça-o não pelo seu cliente, mas por você. Quando vai comprar um novo material ou equipamento, esqueça-se de fatores idiotas como a qualidade ou o conforto, pense no lucro, se esse material ou equipamento vai aumentar seus ganhos, se o investimento vale a pena.

O problema é que nesse processo, vai-se pro ralo o respeito ao seu cliente. Você dá a impressão que está mimando o coitado, mas está pura e simplesmente arrumando um jeito de arrancar mais dinheiro dele. Triste isso. Envolve mentiras, dissimulações, falsidade. O marketing é isso, mentira, enganação. Dê a impressão que é um bom profissional, faça seu cliente se sentir único, amado, idolatrado. Quando ele sair, conte as notas que ele deixou no caixa e esqueça-se dele até a próxima consulta, porque vem aí outro cliente único, amado, idolatrado e com o dinheiro que você quer.

Eu ainda acredito que odontologia é ciência e arte. Infelizmente eu acabo me prejudicando nos lucros, mas eu durmo tranquilo à noite (e de dia também, se tiver tempo). Eu tenho a consciência tranquila porque eu sei que tudo o que eu faço é visando, primeiro, o meu cliente. Eu respeito profundamente o ser humano que me deu a honra de me escolher para tratar da sua saúde. É claro que eu adoro ganhar dinheiro, mas este nunca foi e nem nunca será meu objetivo principal, eu ganho dinheiro porque eu sou um bom dentista, e não o contrário.

E você, doutor?

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Jornal do CFO - auto bajulação

"Eu me amo, eu me amo
Não posso mais viver sem mim"
Roger - Ultraje a Rigor (Eu me amo)

Acabo de receber o jornal do CFO, com uma matéria de capa que me deixou preocupado: o órgão afirma que fez uma pesquisa de opinião entre os CD´s e obteve 96% de aprovação. Assusta-me por mais de um motivo.

Primeiro que aprovação de 96% é coisa digna das mais cabeludas ditaduras, me lembra as eleições de Cuba, por exemplo. Não há diretoria no mundo que obtenha tamanha aprovação em uma pesquisa séria. Eu não li a matéria toda, tenho mais o que fazer, mas a metodologia da consulta não pode estar correta, não é possível.

Eu não votei nesse presidente do CFO. Aliás, eu NUNCA votei em presidente do CFO, e eleição é, na melhor tradição ditatorial-militarista do nosso país, indireta. Depois de eleição indireta, recadastramento obrigatório (arre, só de escrever essa palavra eu já fico com raiva) e campanhas inúteis no congresso - com o nosso dinheiro, claro - os caras gastam mais uns trocados para fazer um jornal dizendo que a administração deles tem 96% de aprovação. Eu já vi esse filme e não gostei.

É sempre a mesma história: nós somos obrigados a pagar, eles gastam como bem entendem e publicam o que bem querem. Quem fiscaliza? Que utilidade tem o jornal do CFO, enviado a todos os CD´s do Brasil com auto-propaganda do presidente, dos conselheiros e de alguns políticos amigos? Pra mim, nenhuma. Eles estão fazendo propaganda pra eles, com o meu dinheiro.

Em tempo: entre as "grandes" realizações da atual diretoria, está a criação de comissões para discutir o uso de 'terapias complementares' na odontologia. Por trás desse nome pomposo estão as bruxarias de costume: fitoterapia, hipnose, acupuntura, homeopatia, florais... eu sugeriria que se incluíssem o xamanismo, a cabala, a benzedura e o que mais a fértil imaginação dos nossos 'eleitos' diretores puder inventar. Já que é pra gastar nosso dinheiro à toa, vamos logo chutar o pau da barraca!

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Manias

"Mania é coisa que a gente tem e não sabe porque
Entre as manias que eu tenho, uma é gostar de você"
Dolores Duran (Manias)

Agora a brincadeira é fazer lista de manias. O Biajoni fez a dele, o Alex Castro também. Esse último, inclusive, argumenta que mania é coisa ruim que a gente faz, se não ia ter nego por aí dizendo que tem mania de escovar os dentes (quem dera que todos os meus clientes tivessem essa mania), mas eu discordo: tudo bem que escovar dente não é mania, eu classifico isso como hábito de higiene, assim como tomar banho e limpar o bumbum. Mania é quando passa do normal, veja só:
  • Eu tenho mania de lavar as mãos. Talvez pela minha profissão, eu vivo com a sensação de ter as mãos meio meladas, então eu lavo com frequência. No consultório e na clínica ninguém acha isso estranho, mas em casa eu vou no banheiro lavar as mãos na hora da propaganda do CSI porque minhas mãos estão grudando no controle remoto da TV. Minhas filhas acham isso o máximo!
  • Fechar portas. Eu detesto portas (e gavetas, consequentemente) abertas. Portas da casa, dos armários, de tudo. Eu não consigo escovar os dentes sem estar trancado no banheiro. Portas fechadas garantem minha privacidade. Eu já comentei aqui que sou meio eremita, e estou piorando.
  • Dobrar papéis usados. Quando eu vou jogar fora qualquer papel, eu não amasso, eu dobro direitinho, ponta com ponta, borda com borda. Faço isso com as propagandas que me mandam pelo correio, com papéis velhos e até com papel higiênico. O guardanapo que eu usei eu dobro e depois dou uma torcida, ele fica parecendo com uma gravata borboleta.

Vocês me acharam muito biruta? No limite de ser obcessivo/compulsivo? Bom, nenhuma dessas manias me torna incompatível com a vida em sociedade, eu até que sou uma pessoa equilibrada, na medida do possível. Manias todo mundo tem.

terça-feira, 4 de abril de 2006

BitTorrent

"Meus amigos dizem que essa coisa vicia
Andaram até jurando que era anorexia"
Rita Lee (On the rocks)

Novo brinquedo: bittorrent. Há tempos eu namorava uns discos que não existem mais. Um deles era o "Live in Japan", álbum duplo do George Harrison (com o Eric Clapton), em uma das melhores fases do cara, quando ele ainda não estava totalmente atarantado com os indianos:



Pois esse disco não existe, simplesmente não existe! É coisa de colecionador, só tem vinil, nada de CD, e quando eu achei (no e-Bay) custava uma fortuna. Eu, menino adepto de novas tecnologias, nem tenho toca-discos pra rodar vinil, que dirá dólares pra comprar ítem de colecionador... e aí eu descobri o bittorrent. Lá tem discos inteiros, com som excelente! Baixei o danado e estou ouvindo, encantado. É, eu gosto de Beatles, acho que foram gênios, mudaram a música do mundo todo, e o George Harrison foi o "patinho-feio", ofuscado pela genialidade fulgurante de Lennon & McCartney, mas isso é outra história.

Deixa eu ouvir minha música em paz.

Em tempo: eu não costumo baixar música da internet, faço isso quando não tenho outra alternativa, como nesse caso ou quando eu quero aprender a melodia de uma música cujo disco eu não tenho, pra tocar no violão e não encontrei a partitura.

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Prova de Ortodontia

"Pra não ser enganado
Trago o peito fechado
Quero apenas viver em paz"
Paulinho da Viola (Caso encerrado)

Por que, diabos, a gente faz isso com os nossos aluninhos? Pra mim eles são todos crianças, tentando aprender uma profissão que terão que exercer como adultos, que ainda estão longe de ser. Mas tem coisas que as crianças fazem que são dignas de nota, então, mesmo sabendo que eu serei cruel com a menina, vou escrever aqui. Começo lembrando que os meus aluninhos estão na faculdade de odontologia e têm, em média 22 anos:

A pergunta na prova de hoje era sobre moldagem em ortodontia. Moldagem é importante, ortodontistas usam modelos como referência em seu trabalho, então tem um jeito certo de moldar e fazer o modelo que deve ser seguido. O protocolo de moldagem tem, lá pelas tantas, a especificação de duas posições possíveis para paciente e profissional:
  1. Paciente sentado, profissional de pé - é a posição preferida, porque o material não escorre na garganta do paciente, o que pode causar náuseas com resultados catastróficos se o paciente for criança e não estiver em jejum
  2. Paciente deitado e profissional sentado - é uma posição muito utilizada para se moldar adultos, até porque para o profissional é mais confortável, não exigindo grandes mudanças de posição da cadeira.

Muito bem, a moça ao fazer a prova hoje, inventou uma terceira posição: paciente deitado e profissional deitado. O surrealismo da cena, imaginada pelos professores causou um acesso de riso poucas vezes visto no ambiente vetusto da sala de provas. O pior é que a aluna queria saber do que nós ríamos tanto e nós não podíamos falar, sob pena de entregar a questão para todos os outros... e nem conseguiríamos, sem fôlego!