Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

sábado, 31 de dezembro de 2005

Feliz Ano Novo

Hoje é meu aniversário. 4.3 e contando. É meio estranho fazer aniversário no último dia do ano, nunca tem festa exclusiva, sempre mistura com a festa de ano novo, estranho. Mas eu já me acostumei a fazer um balanço do ano que se vai, então vejamos:

2005:
  • 3 livros: Tu carregas meu nome (Norbert Lebert e Stephan Lebert), De Beirute a Jesusalém (Thomas Friedman) e A IBM e o holocausto (Edwin Black). Não entram nessa conta os livros de Odontologia, muitos, muitos nesse ano.
  • Uma tese de doutorado, INTEIRA!!!
  • Muitos defeitos no carro, que já está pedindo aposentadoria.
  • Minha mulher virou chefe de departamento na faculdade em que ela leciona.
  • Comprei mais um violão (agora são 8 no total).
  • Troquei o número do celular (e uso muito pouco).
  • Viajei muito, a trabalho, muito mais do que eu gostaria.
  • Nenhum aluno ficou de exame, na minha disciplina. Foi a primeira vez que isso aconteceu.
  • Finalmente instalei o Windows XP no meu computador, e estou gostando muito.
  • Pela primeira vez fui convidado a ministrar um curso em outra cidade.
  • Comprei uma câmera digital nova.
  • Passei por várias pequenas cirurgias, para remover hemangiomas e pólipos cutâneos.
  • Comecei a praticar natação, como exercício físico. Estou indo bem.
  • Escrevi vários artigos para revistas.
  • Comecei este blog.
  • Refiz o template do meu site oficial. Ficou parecido com um blog.
  • Assisti todos os filmes da série "O senhor dos anéis". Achei legalzinho. Mais ou menos.
  • Estourei o cartão de crédito duas vezes (hehehe). Já está tudo bem, agora.
  • Mudei minha mesa de lugar.
  • Comecei um álbum com as letras das músicas que eu gosto de tocar. Está indo bem.
  • Não fui à praia, nem uma vez.
  • Terminei os tratamentos de vários clientes no consultório
  • Minha mulher abriu um centro de depilação, eu ajudei na infra-estrutura.
  • Bebi cerveja Erdinger, deliciosa. Muita!
  • Tomei chopp no Bar Léo, em Sampa. Menos do que eu gostaria.

2006:

  • Quero ir à praia, pelo menos uma vez.
  • Beber mais chopp. Êta, coisa boa!
  • Tirar mais um hemangioma, de trás da orelha.
  • Continuar o álbum de letras de músicas.
  • Não parar com a natação.
  • Melhorar meu site oficial. Ainda faltam umas coisas com que eu sonho e não consegui fazer.
  • Conhecer o Maranhão. Tenho bons amigos por lá.
  • Trocar as cordas do violão.
  • Começar outra turma da especialização em Odontopediatria.
  • Estudar programação em PHP.
  • Passar o carnaval em uma fazenda. Preciso de um amigo fazendeiro, com certa urgência :^)
  • Parar de fazer listas do que eu fiz e do que eu quero fazer.

Por fim, a frase do ano: "Ladrão é o Inter, que queria roubar o título que o Corínthians comprou"

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

10 Mitos da Ortodontia

O MAIOR DE TODOS - O APARELHO DE GRAÇA*

Hoje é comum oferecerem aparelho ortodôntico grátis. Eu ouvi falar disso há alguns anos, em um curso de marketing. Antes de tudo eu preciso avisar que eu acho marketing muito bom pra quem é incompetente. Dentista que não presta precisa fazer propaganda. Mas naquele tempo eu era jovem, inocente, achava que isso poderia me ajudar em alguma coisa...

Bom, o palestrante perguntava aos ortodontistas se eles cobravam a montagem do aparelho e todos responderam sim. Então ele argumentou: “Se você não cobrar a montagem e aumentar um pouco o preço da manutenção mensal, ao final de 18 meses, que é o tempo médio de duração de um tratamento ortodôntico, terá ganhado mais do que ganharia se cobrasse a montagem e a manutenção nos preços normais.”

Legal, você disse que não cobrava, cobrou até mais do que o normal e todo mundo fica feliz. Só tem um problema: você mentiu. Descarada e vergonhosamente, mentiu na primeira consulta com o seu cliente. Mentiu no começo de uma relação que deve durar um ano e meio, e que deveria se basear na confiança mútua, pois o cliente confia que você vai fazer o tratamento direito e você confia que ele vai colaborar usando e cuidando dos aparelhos.

Eu acho que o dentista que faz isso deveria ir preso. Sem meio termo. Porque, se por um lado ele mente para o seu cliente, por outro ele joga no lixo a dignidade da profissão. Alguns clientes me perguntam porque eu cobro o aparelho, e eu sou obrigado a dar uma aula de dignidade para a pessoa. Sou obrigado a explicar que TODO MUNDO COBRA, só que alguns mentem e eu não. Que ninguém trabalha de graça e, se trabalhar, é porque não investiu na sua formação e não se valoriza como profissional. Se o profissional não se valoriza, o cliente o valorizará?

Por outro lado, essa história é exatamente igual a conto do bilhete premiado. O cliente acha de deu uma de esperto, conseguiu de graça um aparelho que o vizinho pagou caro, enganou o ortodontista, aquele otário. Mas na verdade, quem sai depenado, quem é o otário é o cliente, que ouviu uma mentira deslavada, fez que acreditou e acabou pagando mais por um tratamento desonesto.

* Este post gerou outros.  Siga a discussão em 

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

O meu rico dinheirinho

Cinco deputados abriram mão do salário extra de R$ 25,7 mil que serão pagos aos parlamentares pela autoconvocação do Congresso Nacional.

Pois é, nossos "nobres" representantes aderem à mamata de receber quase 26 milhas cada, para passar as férias mais abonados. Eu, que só tenho 30 dias (e olhe lá) com o big salário que a faculdade paga, fico maravilhado. Esses senhores merecem. Eles trabalham duro o ano todo, estudaram muuuuito para chegar onde chegaram, renunciam a tantas coisas para servir ao país, na nobilíssima missão de aprovar projetos que vão beneficiar a eles mesmos, aos amigos deles, aos parentes deles, aos que pagam propinas para eles...

Eu não mereceria isso. Eu só estudei a vida toda, vejam só. Eu até tive bolsa de estudo. Eu sou um professor universitário, um curador de dor de dente, um pesquisador. Não mereço receber 26 mil reais para passar as férias. Eu deveria é pagar para trabalhar, pra deixar de ser besta.

Negócio é o seguinte: vou me candidatar. Eu sei que não precisa estudar, não precisa se esforçar, não precisa trabalhar. É só ter dinheiro pra fazer campanha - ou conhecer um Marcos Valério que tenha - para ser eleito. Depois é só alegria, desde que você não seja cassado (ou caçado?) pelos outros "nobres". Bom, mas isso só acontece se você não for amigo deles. Aos amigos, tudo, aos inimigos, a conta.

Em tempo: aos cinco que renunciaram ao dinheiro, nada de elogios. Se renunciaram é porque estão ganhando em outra frente, e eu duvido que seja dinheiro honesto.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Casos de um doutorado VI

Zero

O nome do cara é José Roberto, mas o apelido é Zero. É um daqueles sujeitos que, de tão grande, fazem a gente se sentir maior ainda. Não que ele seja fisicamente grande, ele é um Ser Humano (assim mesmo, com maiúsculas) enorme. Existem pessoas que são grandes e nos fazem sentir pequenos. São aqueles grandes que não nos deixam esquecer que o são. Pois o Zero é dos grandes que não faz a menor questão de ser. Ele simplesmente é. E isso faz toda a diferença.

Ele é aquele cara que eu encontrei no meu primeiro dia em São Paulo. É o cara que me levou pra uma casa com pizza, cerveja e amizade quando eu não tinha pra onde ir. Uma pessoa que sempre enxerga o lado bom dos outros, mesmo quando esses outros estão querendo prejudicá-lo. Que é capaz de se prejudicar para ajudar a um amigo, ou a alguém que nem amigo é, só conhecido. Já o vi brigar com o técnico do laboratório para ajudar um aluno da graduação. Já vi ele pagar passagem para uma mulher no ônibus e ficar sem dinheiro pra voltar (eu tive que dar o passe pra ele, se não ele ia dormir no terminal). Grande sujeito, o Zero.

E grande cientista. Daqueles sem ciúme da sua produção, sem orgulho de estudar na USP, sem estrelismo, com humildade e simplicidade. E, como não poderia deixar de ser, ele consegue as coisas. Não sem esforço, porque tudo depende de inspiração e transpiração em doses mais ou menos iguais, ou nem tão iguais assim, mas sempre os dois. O Zero tem conseguido, além de uma legião de amigos, comprar seus pequenos luxos, realizar sonhos, sanar desejos.

Vida longa a você, meu amigo, que a humanidade se espelhe no seu jeito de ser e na sua filosofia de vida, tão ciente do próximo e tão despreocupado consigo mesmo. Que todos os seres deste planeta se orgulhem de conhecer uma pessoa assim, pois elas são o sal da terra.

sábado, 10 de dezembro de 2005

Os dentes do Tevez

Diagnóstico não solicitado pelo paciente

Eu acho que o maior patrimônio do futebol brasileiro são os seus jogadores. Nunca houve um país com maiores ou melhores jogadores do que o Brasil. Não escrevo isso com ufanismo, com orgulho da pátria, até porque eu não ligo pra futebol, pra mim é um esporte como outro qualquer. O problema é que eu sou um dos poucos brasileiros que não liga pra futebol, então eu acabo tendo que entender um pouco, até pra não boiar nas conversas em torno da garrafa de cerveja.

Então eu vejo um grande time brasileiro importar um jogador de onde? Da Argentina. Justo da Argentina, rival histórica, dona da empáfia e da ousadia de querer comparar um bom jogador decadente com aquele que sempre foi, inapelavelmente, o maior gênio da bola de todos os tempos. Com o gênio que soube administrar a fama, que nunca se envolveu em escândalos e que é, ainda hoje, referência no mundo todo quando se fala em jogar futebol.

Pois eles importaram o jogador, a despeito do enorme número de talentos que o Brasil exporta. Esse jogador fez sucesso, foi recebido até pelo presidente da república. Ora, eu - que estudei a vida toda, me dedico de corpo e alma à minha profissão, formar jovens que vão cuidar da saúde bucal da população - ganho pouco e nunca fui recebido por um presidente. Mas não é esse o meu objetivo hoje. Hoje eu quero falar dos dentes do Tevez. Dos do Lula eu nem ouso falar, eles podem me expulsar do partido...

Bom, eu sou ortodontista, já vi muita coisa na vida, mas dentes iguais aos do Tevez eu estou pra ver. Que coisa terrível! Será que o homem não dispõe de uns trocados pra tratar aquilo? Sim, porque, pelo que ele deve ganhar, o preço do tratamento odontológico é ninharia. Ele deve gastar mais comprando meias. O pior é que ele parece que tem orgulho daquela dentuça, vive rindo e mostrando aquela obscenidade para a TV, como se tivesse um ovo cozido pelando de quente sobre a língua. Não consegue fechar a boca direito, pobrezinho.

Opa, agora me ocorreu uma coisa: será que, por ficar eternamente com a boca aberta, ele respira mais do que os outros? Talvez aí more o segredo do sucesso do cara: ele, com aquele bocão arreganhado, respira todo o ar disponível, enquanto os outros jogadores só dispõe das narinas para esse serviço. Tá, eu sei que não é isso, mas eu não resisti. Eu sei que a respiração bucal é menos efetiva que a nasal, ele deve ter adenóides ou qualquer outra barreira mecânica que impede a respiração nasal, por isso abre a boca, a musculatura entra em desequilíbrio o que favorece o estreitamento do palato (atenção, não é pálato, é palato, com a tônica no “la”, Ok?), resultando em mordida cruzada posterior e mordida aberta anterior, o que lhe dá a aparência de ter o tal ovo cozido quente na boca. Uma cirurgia simples, seguida de expansão palatina, já ajudaria no caso, apesar de que eu acho que para resolver de vez o problema seria necessário um tratamento mais agressivo, provavelmente cirurgia ortognática. Mas eu não examinei a boca do argentino. Fica aqui meu oferecimento: se ele quiser eu posso fazer um orçamento. Juro que não vou cobrar a mais por ele ser rico. Nem por ser argentino.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

Patrimônio


O que me entristece é que, para ser campeões brasileiros, os caras tiveram que pagar pau pro argentino, veja só...

Imagem roubada do Kibeloco

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Casos de um doutorado V

Enganos

Ela é colombiana, foi fazer pós graduação na USP. Levou um trabalho para publicar no congresso do IADR, em Estocolmo, parte da programação do seu doutorado. Lá sempre se fazem festas para as delegações de cada país e, no dia da festa brasileira, lá estava ela, com crachá da USP pendurado quando vê uma turma de rapazes falando alemão. Ela, que já estudara alemão na Colômbia e até falava direitinho, foi lá praticar um pouco e conhecer alguns dos bonitões. Eram estudantes de pós-graduação da Universidade de Berna, Suíça.

Ela chegou, conversou e se encantou com um dos rapazes. Conversaram muito, trocaram e-mails, telefones... começaram a se comunicar mais depois do congresso, acabaram se apaixonando e resolveram colocar as coisas a limpo. Então ele descobriu que ela não era brasileira e ela descobriu que ele era italiano e não suíço.

Ele pensava que ia namorar uma brasileira com uma bela bunda. Ela achava que ia pegar um suíço com uma bela conta bancária. No final, não havia conta. Nem bunda. Estão casados até hoje, moram no Brasil e se amam muito.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Casos de um doutorado IV

O susto - Onde é que eu fui me meter?

Eu já citei o Zero por aqui. Pois da segunda vez que eu fui a Sampa eu já era amigo do Zero e morava com ele na república. Lá também moravam o Marcos e o Glauco, dois cariocas que, como eu, tinham casa e família em outra cidade e só iam a SP nos dias de aula. Eu não os conhecia e o Marcos acabou aparecendo na terceira semana. Ele é um alemão alto e branquíssimo, olhos azuis e espírito de menino. Um dos maiores cientistas que eu conheci naquela faculdade. Chegou no departamento, nos conhecemos, combinamos cerveja e pizza depois da aula, claro.

Saímos os três juntos da facu, íamos a pé para casa, mas no caminho atravessávamos um terreno baldio, mato alto, ainda dentro do campus, mas bem deserto e isolado. Lá no meio desse terreno o Marcos chama a atenção do Zero:
- E aí, vamos?
- Você trouxe?
- Tá aqui!

Eles praticamente sussurravam, com aquele ar de coisa proibida, enquanto o Marcos tirava da maleta uma sacola de supermercado amarfanhada, no maior segredo. Eu pensei com os meus botões: "Putzgrila, onde eu fui me meter? O que é que esses caras vão aprontar?
De dentro da sacola apareceu uma garrafa de refrigerante PET de 500ml. Dentro da garrafa, pedras de gelo seco. A garrafa foi passada ao Zero, que fez xixi dentro. Tampou a garrafa, jogou longe e saiu correndo feito louco. Eu e o Marcos atrás. Eu ainda não sabia o que estava acontecendo quando ouvi: BUUUUUUUM!

O gelo seco, em contato com água (ou outro líquido similar) vaporiza, a garrafa fechada cria pressão e explode, fazendo um barulhão e espalhando o líquido pra todo lado. Era uma ação terrorista, eu participara sem saber, ainda correndo com o coração a mil e rindo até perder o fôlego. Depois fomos para casa, ainda ofegando, eles me contando as histórias de outras bombas, uma que eles colocaram embaixo de um tijolo que sumiu depois da explosão, outra que explodiu antes do tempo e eles saíram molhados (sabe do que...), uma que até hoje não explodiu. Depois, como combinado, cerveja e pizza. Não há pizza como a de São Paulo. Não há cerveja como a que a gente toma com os amigos. O Marcos é um amigo de quem eu tenho saudades, não o vejo há tempos, mas não me esqueço dele.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

No orkut

Tenho conta no Orkut já há algum tempo, mas tenho preguiça de fuçar. Hoje, meio estressado, recebi um emeio dizendo que alguém tinha deixado um "scrap" pra mim. Fui lá, li e comecei a cavoucar as comunidades, quando topei com uma: "Todo dentista odeia..." que tem frases incríveis. Selecionei algumas:

- Se seu dente dói quando bebe água, modifique seus hábitos, beba cerveja!

- Não me diga que a restauração ficou alta depois que eu tirar a luva!!! Senão, vai pra casa assim mesmo. Toma mingau... não precisa mastigar!!!

- Se estiver gripado ou resfriado, seja delicado... ligue antes e remarque a consulta. Se fungar aqui eu vou enfiar um rolo de algodão no seu nariz!!!

- Seja realista,vc nunca cuidou, agora dê-se por muito satisfeito se ficar bem parecido com o orignal. Igualzinho é impossível. Só nascendo de novo.

Será que todo dentista tem vontade de falar isso pro paciente, de vez em quando?

quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Casos de um doutorado III

Alfa e Omega – O princípio e o fim de tudo

Primeiro dia do doutorado em Sampa. Cheguei feito cachorro caído de caminhão de mudança, sem saber pra onde ir, onde ficar, pra onde correr. Um caipira perdido e deslumbrado, matriculado na pós-graduação do maior centro de ensino e pesquisa da América Latina. Fui de mala e tudo pra faculdade, assistir às aulas da manhã.

Terminadas as aulas, fui procurar um computador pra mandar e-mail pra casa, dizendo que está tudo bem. No corredor encontro o Renato, aluno da graduação, todo orgulhoso porque sua turma havia criado uma empresa júnior dentro da faculdade e ele era um dos diretores. Parei pra um dedo de prosa, contamos nossas histórias e ele me pergunta onde eu ia ficar em Sampa.

- Sei lá, tenho que ver, acho que vou procurar um hotel, pensão, qualquer coisa.
- Pô, acho que na casa do Zero tá abrindo uma vaga, teve um cara que defendeu tese esses dias. Vamos lá procura-lo.

Encontramos o Zero no restaurante do CA. O Zero viria a se tornar um dos melhores amigos que eu já encotrei na vida, depois escrevo sobre ele. O Renato contou minha história pra ele e imediatamente ele me convidou pra ir pra casa dele.

- Você dorme lá, a gente vem amanhã juntos pra facu. É bem pertinho dá pra ir a pé.
- Mas eu não tenho roupa de cama, nada.
- Queisso, tem tudo lá, vambora. Depois da aula da tarde eu te espero na sala de informática.

Terminadas as aulas fomos, eu e o Zero, pra casa dele. Realmente era bem perto. Chegamos, pedimos pizza e cerveja – pizza de Sampa, não tem igual no mundo! Dormi em uma das 6 camas vazias que tinha no ap. Morei na república do Zero até o final do doutorado.

Último dia. Defendi minha tese, limpei o armário, tudo pronto pra ir embora. Encontro com o Zero na sala de informática.

- Cara, vamos fazer um churrasco na república!
- Beleza, a gente passa no mercado, compra carne, carvão e cerveja e começamos a assar já.

Saímos juntos e, no corredor, encontramos com o Renato. Eu não o tinha visto mais desde aquele primeiro dia. Ele formado, com pasta 007, todo arrumado, veio nos cumprimentar. Eu não pude deixar de reparar na coincidência de ter encontrado esse mesmo cara no primeiro e no último dia do meu doutorado. Se eu acreditasse em deus eu ia dizer que foi a mão dele, pra me lembrar do dia em que eu cheguei em Sampa, perdido, deslumbrado. Eu tenho uma dívida enorme com o Renato, por ele ter me apresentado o Zero, por ele ter parado naquele corredor pra conversar comigo no primeiro dia, por ele ter aparecido no último dia pra me lembrar disso tudo.

ps. Tem fotos da tese no meu site oficial. Quem sabe onde é pode ver.

terça-feira, 29 de novembro de 2005

Fiquei sem HD. O meu pifou, eu tive que trocar, por isso não tenho postado com a frequência costumeira. Agora, que já está funcionando direito sem que eu arrancasse os poucos cabelos que me restam (thanks à cópia de segurança, pela qual sou fanático e que me salvou já de várias), estou meio adoentado, mas estou preparando um texto sobre uma das histórias do doutorado. Só estou sem condições de revisar.

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Casos de um doutorado II

A disciplina "de vez em quando..."

Na mesma época que eu fazia a disciplina de Perícias Odontológicas, no Departamento de Odontologia Legal, eu me matriculei na de Crescimento e Desenvolvimento Crânio-Facial, no Departamento de Odontopediatria. Ora, eu sou ortodontista, sempre estudei crescimento e trabalho com isso o tempo todo, mas essa disciplina não tinha nada com o tema da minha pós-graduação, onde eu estava estudando as propriedades dos fios ortodônticos, no Departamento de Materiais Dentários. Mesmo assim eu me inscrevi e fui bem aceito por lá.

Primeira aula: cheguei, conheci os colegas (todos odontopediatras) e recebi a ementa da disciplina. Embriologia na cabeça, nada a ver com o que eu esperava. Síndromes, bioquímica, genética, essas coisas. E eu, que só queria estudar o quanto a mandíbula cresce em um paciente Cl. II de Angle dos 5 aos 9 anos...

Bom, já estava na chuva. Segunda aula: cheguei na sala e não tinha ninguém. Voltei pro meu departamento pra ler o Jesus me Chicoteia na internet. Depois fiquei sabendo que a sala tinha sido mudada, mas como TODOS os meus colegas eram da Odontopediatria, eles se esqueceram de me avisar.

Terceira aula: cheguei na sala original, ninguém de novo. Desta vez eu fui no departamento procurar. Meus colegas estavam lá, sem fazer nada e disseram que a aula fora cancelada. Na outra semana eles se lembraram de me avisar 5 minutos antes, qua não haveria aula. Na outra se esqueceram de novo. E assim foi, tinha uma aula, passavam-se 2, as vezes 3 semanas sem. Eu sempre ia procurar no horário certo, mas voltava cabisbaixo alguns minutos depois.

Cursando Perícias e Crescimento no mesmo semestre, meus colegas começaram a apostar quanto tempo eu ia demorar pra voltar pro computador cada vez que eu me levantava para ir pra uma aula, vejam que maldade.

terça-feira, 22 de novembro de 2005

Casos de um doutorado

Acabou a desculpa. Tese defendida, agora não tem mais porque não escrever, só o que pode atrapalhar é a falta de inspiração, mas com as histórias que eu vivi durante minha pós-graduação, tenho certeza que a frequência dos posts será bastante razoável.

A disciplina do "eu sozinho"

Sempre achei a área de perícias interessante. E isso vem de uma época em que ainda não existia o CSI. Já fui perito de plano de saúde, então me considerava apto a me matricular na disciplina "Perícias Odontológicas", durante o doutorado. O interessante é que o departamento em que eu estava matriculado estimulava o cumprimento de créditos em outros departamentos, então eu fui procurar disciplinas na Odontopediatria e até na Odonto Legal, que foi o caso dessa de perícias.

O problema é que eu fui o único matriculado nessa disciplina. Era um crédito bom, as aulas marcadas em um horário em que eu não tinha outras coisas a fazer, me pareceu interessante. Também me matriculei na disciplina de "Crescimento e Desenvolvimento Crânio-Facial", na Odontopediatria. Sempre gostei de estudar crescimento, ora, eu sou ortodontista, trabalho com isso todo dia.

Primeira aula da disciplina de perícias. O professor me recebeu na sala dele, explicou que não reservou sala de aula porque só tinha eu matriculado, mas que se eu quisesse ele ministraria a disciplina só para mim. Opa, aceito! Conversamos um pouco, ele me explicou os fundamentos da disciplina, o que seria discutido, a ementa, essas coisas. Dispensado.

Segunda aula: cheguei, procurei o professor e nada. Ele não veio. Voltei para o computador para brincar na internet, eu teria 4 horas de folga. Deixei avisado no departamento de OL que se ele chegasse eu estaria na sala de informática. Não chegou (“O professor Fulano não costuma vir à faculdade de terça”, segundo a paulistaníssima secretária). Terceira aula: cheguei, o professor estava lá, me cumprimentou e pediu desculpas, pois tinha um compromisso urgente e teria que ir embora. Internet até o meio dia, de novo. E assim foi até o fim: ou ele não aparecia, ou mandava um recado, ou, no máximo, ficava conversando 15 minutos e me dispensava.

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Já é!

Já sou doutor. Defendi minha tese na sexta, dia 18, depois teve churrasco na república onde morei por uns tempos e onde deixo bons amigos. Depois eu conto detalhes.

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

Semana sem blog

Nesta semana eu não vou mais postar porque vou pra Sampa defender minha tese. Torçam para que eu não fale besteira lá na hora.

Próximo post só quando eu já for Doutor!

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Sêneca

Ah, dane-se! Não é todo dia que eu estou tão p... a ponto de citar Sêneca, então, lá vai:

"Deve-se aprender a viver por toda a vida e, por mais que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer"

Hoje eu não quero escrever

Levantei de mau-humor. Tem dias e dias, e hoje é um deles, acordei achando o mundo um lixo e resolvi não escrever nada que preste. Ia citar Sêneca, só pra dizer que não escrevi nada, mas antes, sei lá porque, passei no blog do Biajoni.

Cara, como é que alguém pode citar Sêneca depois de ler isto?

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Beirola limado

Um dos blogs que eu gostava de ler, o do Jair Beirola, está às moscas. Pena. Era recheado de sacanagem, bem humorado e inteligente, apesar de meio desbocado. Só que o cara não atualiza há meses, eu me cansei de ir lá visitar e encontrar tudo na mesma. Por isso ele foi limado dos meus favoritos (veja lá na coluna da direita) e devidamente substituído pelo Torre de Marfim.

O único blog que não atualiza como deveria e continua recebendo minhas insistentes visitas é o Jesus, me chicoteia, nem sei porque...

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

10 mitos da Ortodontia 5

A dor no tratamento ortodôntico

Não existem duas pessoas iguais. Embora isso faça com que a diversidade torne a raça humana mais interessante, pode ser difícil para quem trabalha com gente. Isso porque as pessoas reagem de formas diferentes ao mesmo tratamento. Em ortodontia, vemos claramente que alguns dentes são muito mais fáceis de movimentar do que outros, alguns clientes são mais sensíveis à dor, alguns mais resistentes.

A princípio, o tratamento ortodôntico não deve causar dor. Se doer é porque alguma coisa está errada. Normalmente a dor é causada por um exagero na aplicação de força no aparelho, o que causa uma lesão dos tecidos de suporte dos dentes, sendo a dor um sintoma dessa lesão. Na maioria das vezes essas dores são passageiras e os tecidos se recuperam com a remoção da força.

No entanto, devemos diferenciar dor de sensibilidade. A primeira não deve ocorrer, mas a segunda é normal durante o tratamento. Isso quer dizer que os dentes podem ficar doloridos, ou seja, não doem se você não mexer com eles. Se for morder algo duro, vai doer. Isso é relativamente comum em algumas fases do tratamento.

Porém a sensibilidade exagerada também não é normal. Em algumas fases do tratamento ela é esperada, mas não durante todo o processo. Assim, você fica ciente de que fazer tratamento ortodôntico não é uma tortura, mas que você vai ter que modificar um pouco a forma como se alimenta, para não ficar sofrendo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Qual o momento certo para a primeira visita ao ortodontista?

Muitos pais conseguem perceber más posições dentárias na boca dos filhos ao escovar os dentes da criança, mas têm dúvidas sobre o momento ideal de procurar o tratamento. Normalmente, o primeiro Cirurgião Dentista a ter contato com a criança é o Odontopediatra, que com certeza poderá ajuda-lo no diagnóstico, mas nada impede que se faça uma consulta com o Ortodontista.

Alguns tipos de más-oclusões devem ser tratados assim que detectados, ainda na fase da dentição de leite. A maioria das más-oclusões começa a ser notada no início da dentição mista, quando a criança acabou de trocar os quatro dentes da frente. Nessa época, são comuns as faltas de espaço, que devem ser tratadas logo. É uma idade em que a criança já aceita o tratamento e consegue cuidar relativamente bem dos aparelhos, o que é muito importante. Em outros casos, o crescimento pré puberal pode contribuir com o trabalho do Ortodontista e favorecer o alinhamento dos dentes, podendo-se até evitar extrações de dentes permanentes.

Se não foi possível o tratamento na infância ou na adolescência, o jovem e o adulto também podem ter seus problemas dentários resolvidos, talvez com maiores limitações pela falta do crescimento, hoje se conseguem excelentes resultados mesmo em idades mais avançadas, mas ninguém melhor que o Ortodontista para esclarecer suas dúvidas e indicar o momento ideal!

Abordando-se o problema no tempo certo, o índice de sucesso é excelente, o tratamento torna-se mais simples e evitam-se danos maiores.

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Mãe, ganhei um saco de feijão!

O menino entra em casa, todo animado. Nas mãos, o tal saco de feijão, um saco de papel pardo, evidentemente cheio. A mãe, preocupada com o assédio que o filho possa ter sofrido na rua, vai investigar:
- Filho, que história é essa de ganhar feijão?
- É que eu estava voltando da escola e um moço me perguntou se eu queria uns feijões. Eu disse que sim e ele me deu esse saco aqui, ó – e mostrou o pacote.
É claro que, ao abrir o saco, a mãe e o menino encontraram feijões da pior qualidade possível, bichados, mofados, um horror. Então a mãe teve que jogar os feijões no lixo e explicar ao menino que ele não deve aceitar presentes de estranhos, nem deve conversar com estranhos na rua, porque isso é perigoso.
Assim também ocorre com um tratamento ortodôntico. Se você vai a um consultório, chega lá com seu filho e o dentista diz que vai fazer o aparelho de graça, alguma coisa está errada. Afinal, porque um profissional iria dar de graça um tratamento que outros cobram, para o seu filho? Será que ele achou o guri bonito? Será que ele é um santo? Ou será que ele mentiu?
Pois por pior que seja a qualidade do material que ele vai usar, este tem um custo. O dentista tem que comprar esse material, além de pagar as contas de água, luz, telefone, o salário da secretária, os impostos, taxas, etc. Como é que ele vai sobreviver se fizer tratamentos de graça?
Então a resposta mais provável para a nossa pergunta é que o dentista mentiu. Ele disse que ia fazer de graça mas vai cobrar de alguma forma. E você vai confiar o tratamento dentário do seu filho (ou o seu mesmo) a um profissional que começou mentindo pra você?

terça-feira, 1 de novembro de 2005

Eu já...

Eu já cortei uma pessoa com uma lâmina e fiquei olhando o sangue pingar
Eu já toquei violão na TV (várias vezes)
Eu já toquei clarinete no palco, com um monte de gente olhando
Eu já li oração na igreja, lá na frente
Eu já fui católico e agnóstico, agora sou ateu
Eu já roí unha, depois parei sozinho
Eu já tive um blog com nome esquisito, agora tenho outro, mais esquisito ainda
Eu já bebi muito, hoje bebo mais ainda
Eu já namorei duas meninas ao mesmo tempo
Eu já tive muitos bichos, ainda tenho alguns, amei a todos
Eu já criei um sapo em casa
Eu já criei um rato em casa
Eu já comi carne de jacaré, capivara, escargot e rã
Eu já comi piranha (o peixe)
Eu já comi testículos de galo e de boi
Eu já cacei, pesquei e comi
Eu já plantei, colhi e comi
Eu já fui cabeludo (ah, que saudade...)
Eu já usei óculos de grau
Eu já viajei de mochila e violão
Eu já fiz tatuagem (duas, e quero mais)
Eu já fui farofeiro na praia
Eu já viajei de bicicleta
Eu já pilotei um avião
Eu já montei vários computadores
Eu já desmontei quase tudo em que coloquei as mãos
Eu já atirei com arma de fogo
Eu já dormi 24 horas seguidas
Eu já emagreci 20 Kg
Eu já engordei bem mais que 20 Kg
Eu já peguei uma tartaruga marinha recém-nascida na mão
Eu já tive um fusca 1964 (não, ele não era novo)
Eu já andei de charrete
Eu já fumei charuto (e me arrependo até hoje)
Eu já me cortei com a faca de churrasco. Feio (foi um acidente)
Eu já fui mordido por várias crianças
Eu já me perdi em São Paulo
Eu já fiz caipirinha de cenoura
Eu já caí de um cavalo
Eu já pintei o meu bigode
Eu já fiquei doente no dia do meu aniversário
Eu já quebrei 8 telhas com as minhas mãos, de uma só vez
Eu já pisei em um ouriço do mar
Eu já escrevi um livro, que não consegui editar
Eu já arrebentei uma porta
Eu nuca acreditei em Papai Noel.

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Odeio segunda feira

Não é crise existencial, é ressaca do final de semana mesmo. Segunda é um dia em que tudo é mais difícil, trabalhar, estudar, até fazer exercício, apesar de que isso pra mim é difícil em qualquer dia, mas segunda é mais.

sábado, 29 de outubro de 2005

10 mitos da Ortodontia 4

4 - Ortodontia x ortopedia

Arroz e feijão, leite e café, goiabada e queijo... nossa, como combinam, como se completam! Tanto que é até estranho falar de um sem o outro. Assim são ortodontia e ortopedia, duas técnicas de tratamento de discrepâncias dento-esqueléticas que raramente podem ou devem ser aplicadas independentemente.

Notamos hoje uma polarização muito grande em torno de uma das técnicas, gente falando bem de uma e mal da outra, como se isso fosse possível. Como se uma técnica ou outra não tivesse aplicação neste ou naquele caso. Ora, como já dizia um professor meu, quando a ferramenta que a gente tem nas mãos é um martelo, tudo o que a gente vê pela frente é prego! Ou seja, quem insiste que “só usa ortopedia” está vendo pregos onde pode ter muito mais coisa. E provavelmente tem. Eu insisto em que qualquer profissional, e principalmente o ortodontista, deve procurar a técnica mais eficiente para tratar o seu paciente. É um erro grave tentar aplicar a sua técnica tão preciosa a TODOS os seus pacientes. Estamos falando de seres humanos, não existem dois iguais, é claro que muitos serão bem tratados pela técnica que o doutor adotou, mas outros não, e daí?

Daí que você tem que conhecer mais de uma. Seu paciente está em fase de crescimento e tem discrepância esquelética? Ortopedia funcional nele. Não funcionou? Ortopedia mecânica. O problema não é esquelético, mas dentário? Ortodontia! Tem discrepância esquelética mas não tem mais crescimento? Cirurgia.

Ou seja, é imprescindível conhecer diversas técnicas, os melhores e piores aspectos de cada uma (todas tem algo a oferecer, até Planas tem alguma coisinha, acredite), suas vantagens e limitações. Escolha o melhor tratamento para o seu cliente baseado no que ele precisa, não no que você pode oferecer. Misture conceitos. Por isso eu acho um absurdo completo a “especialidade” de ortopedia funcional. Ela não pode ser separada da ortodontia, pois uma não está completa sem a outra.

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Dos medicamentos e dos placebos

Eu sou um cientista, pragmático ao extremo, cético de tudo a princípio. Pra mim, medicamento é o que tem princípio ativo, que eu conheço o mecanismo de ação, eu sei que radical da molécula se liga ao receptor da célula e o que isso provoca, ou seja, sei a farmacodinâmica da coisa.

Tenho um amigo que diz que, pra mim, medicamento é o que tem efeito colateral. Em parte eu concordo, porque o próprio efeito colateral pode ser desejável, caso se procure uma forma específica de ação. Só por isso eu já não acredito em homeopatia, orto-molecular, acupuntura, shiatsu, do-in, reabilitação neuro-oclusal, biocibernética bucal e outras bruxarias. Nunca houve prova científica de que qualquer uma dessas técnicas funcione realmente, são meramente apoiadas na crença de que funcionam. Mesmo a ortopedia funcional, que eu uso e indico, não tem grande comprovação científica, mas essa, pelo menos, eu vi funcionar.

Por isso a citronela me espantou. Gente, estou de boca aberta com a eficácia da coisa! Minhas filhas dizem que eu estou virando bruxo também, cozinhando folhas e espalhando pela casa...

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Citronela

Eu tenho um pé de citronela em casa. Parece capim cidreira (ou capim-limão, como alguns chamam), mas tem um cheiro mais parecido com eucalipto, mais doce... bom, fato é que disseram que a tal citronela espanta insetos. Fiz um chá, coloquei no borrifador e experimentei. Funcionou!!!

Eu, que não acreditava em chazinhos, adotei a folha como meu inseticida natural particular. Cheiroso e eficiente.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Aftosa

Eu moro no Mato Grosso do Sul. Canso de corrigir quem confunde meu estado com o de Mato Grosso, do qual nos separamos há 28 anos, mas não é esse o tema da conversa. O problema é que apareceu, há alguns dias, no sul do estado de Mato Grosso do Sul (uia, quanto sul, gente), um foco de febre aftosa, doença que mata boizinhos, porquinhos e outros bichinhos comestíveis mas não faz mal à nossa saúde, até que se prove o contrário.

Essa doença não faz mal à saúde mas faz muito mal aos nossos bolsos. Muito mesmo! Pois vejam vocês que, para debelar os focos da doença, eles matam os bichos doentes e os que não estão doentes mas vivem na mesma região. Enterram todos. Os donos dos bichos chiam, com razão, porque um animal que vale coisa de 500 contos vira adubo, na melhor das hipóteses. Preju na certa, pra eles. Só tem uma coisinha: eles querem ser indenizados pelas perdas, o que é muito justo, ainda que eu, você e o dono da quitanda da esquina não tenhamos absolutamente nada a ver com as perdas do fazendeiro. Só sabemos que o preço da carne do santo churrasco do domingo deve, eventualmente, subir, por diminuição da oferta do produto.

Vamos pensar juntos: nós vamos pagar mais pela carne. Além disso, se o governo indenizar os fazendeiros, o dinheiro sai, claro, do nosso bolso, afinal de contas nós somos o governo na hora de pagar. Pagamos duas vezes.

Agora eu penso sozinho: se o meu consultório explodir, se o compressor der uma curuca e voar pelos ares, arrebentar as paredes e destruir tudo, será que o governo vai me indenizar? Será?

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Música

Eu gosto de tocar meu violão nas horas vagas. Toco mal, mas eu gosto, e daí? Quem não gostar que saia de perto.

Bom, mas todo músico tem umas preferidas, eu tenho trechos:

  • O dueto de acordeão e bandolim no final do Xote de Navegação, do Chico Buarque
  • A última estrofe do Cuitelinho (folclore do Mato Grosso do Sul)
  • Gueixa (a música inteira é linda), do Oswaldo Montenegro

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

A formação do Ortodontista

Palavras do Dr. Roberto Shinyashiki (putz, será que é assim que escreve o nome dele?)

"Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso."

Exatamente o que acontece hoje na Ortodontia. O cara sai da faculdade achando que é deus. Ou faz um cursinho de final de semana ou nem isso e, na ânsia de ganhar dindim, se esquece que está tratando um ser humano. Triste...

Referendo

Seguinte:

Eu acho que esse referendo é a maior piada, e de mau gosto, que os sucessivos governos já armaram para o povo. A gente perde votando sim ou votando não. A gente perde o domingo! Ao invés de ficar em casa enchendo a cara de cerveja, a gente tem que sair pra apertar a merda do botão dos caras...

Coisa inventada por ditadores inseguros, o voto obrigatório é o maior contra-senso da história da humanidade. Vai contra os mais básicos princípios da liberdade, ao obrigar o cidadão a escolher entre este ou aquele. Piora quando ninguém se levanta contra isso, apenas vozes solitárias como a minha. Além do mais, o cidadão continua desinformado, pois não sabe das possibilidades que se descortinam à sua frente quando encara a fatídica (e obrigatória) maquininha. Ensinam o infeliz a votar neste, naquele e no outro bandido, ensinam a votar em branco (o que é o mesmo que votar no bandido mais votado), mas não ensinam a anular o voto.

Bom, no fim das contas, eu acho que votar é um direito. Tá escrito na constituição, eu concordo, votar é direito de todo o cidadão. Eu sou cidadão, tenho o direito de votar. Mas, peraí... se eu tenho o direito de votar, eu também teria que ter o direito de NÃO votar. Só que esse me foi cassado. Eu sou OBRIGADO a votar, porque se eu quiser fazer concurso público e também mamar nas fartas tetas do governo, tenho que apresentar o comprovante de voto. A prova que eu sou bonzinho e obedeci o patrão. Então, pra mim, tanto faz sim ou não, o meu direito de não votar já foi cassado (êta, democracia boa) e eu, revoltado, voto no 3. Se eu não fosse obrigado, talvez escolhesse um lado, conscientemente, democraticamente. Como me obrigam, não estou nem aí qual lado vença, eu quero é bagunçar!!!

Em tempo: acabo de ler uma frase que achei perfeita para definir a inutilidade dessa inhaca toda: "O que mais me impressiona nessa discussão toda, é que 95% dos que votarão 'NÃO' no referendo são uns bundas-moles, que nunca chegaram nem perto de uma arma de fogo e nunca tiveram (ou terão) colhões para exercer o tal do 'intocável direito' de comprar uma."
(Psycho, ex-aprendiz do Justus)

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Confesso

Que gosto de assistir ao filme "Perfume de Mulher". Soa meio gay, essa afirmação?

Gosto também de três beldades:

  • Denise Richards
  • Rachel Weiss
  • Gabrielle Anwar (absoluta)

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

10 mitos da Ortodontia 3

Má oclusão x maloclusão*

Quando se escreve no Word, não tem jeito: maloclusão vem grifado em vermelho. Já é uma dica do que se vai dizer aqui, essa palavra está errada. Apesar de que muitos ortodontistas a usam pelo Brasil afora, a palavra está errada, me perdoem os corações sensíveis.

Primeiro, um pouco de história: a Odontologia começou atrasada no Brasil. Colonização portuguesa, extrativista e exploratória, nos deixou com complexo de último da lista, então os primeiros livros que nós usamos para estudar eram impressos em espanhol. Vinham do Uruguai e da Argentina, países que já estavam bem mais adiantados nas ciências dentárias. Dessa época herdamos a pulpotomia (de “pulpa”, que é polpa em espanhol) e o mantenedor de espaço (mantener = manter). Esses termos se tornaram comuns na Odontologia brasileira, tanto que não há livro em português que fale em polpotomia e mantedor de espaço, como seria o certo.

Anos depois o Brasil conseguiu se atualizar e hoje está bem à frente dos nossos vizinhos, em termos de ciência. Temos autores consagrados, bons livros em português, tanto traduzidos como de autores nacionais. Mas nosso complexo de vira-lata ainda prevalece e, quando lemos artigos em outra língua, é muito forte a vontade de “adotar” uns termos bonitos. É o caso da maloclusão. Vem do inglês malloclusion, e não tem o menor cabimento na nossa língua, mas eu acho que vai acabar virando padrão como os termos do espanhol, de tanto que é usada.

Se você pensar um pouco, vai ver que uma oclusão pode ser boa ou má. Se for má, será uma... má oclusão. Mal é o antônimo de bem. Para ser maloclusão, seu contrário teria que ser uma bem-oclusão, que, convenhamos, fica feio pra chuchu. Então, o que você acha? Fique à vontade, comente, xingue se quiser, eu não fico magoado, juro!

* Este foi um dos posts com o maior número de comentários e que rendeu outro post, também comentado.  Siga os passos em "A tal da maloclusão (de novo!)"

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Data e hora

Minha defesa de tese foi marcada: dia 18/11/2005 às 09:00h, na Faculdade de Odontologia da USP.

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Palavras

Alex Cruz escreveu em seu blog sobre "Dominar a palavra", um belo artigo onde ele cita frases do personagem Fabiano, de Vidas Secas (Graciliano Ramos). Lá pelas tantas:

"Sempre que os homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía logrado. Sobressaltava-se escutando-as. Evidentemente só serviam para encobrir ladroeiras. Mas eram bonitas.

Comparando-se aos tipos da cidade, Fabiano reconhecia-se inferior. Por isso desconfiava que os outros mangavam dele. Fazia-se carrancudo e evitava conversas. Só lhe falavam com o fim de tirar-lhe qualquer coisa."

O engraçado (ou triste) é que eu me sinto exatamente assim. Quando recebo correspondência do CRO, quando vejo autoridades falando bonito na tv, quando leio as publicações oficiais do governo, das associações, dos conselhos, dos sindicatos e outros inúteis, eu me sinto exatamente como o Fabiano de Vidas Secas: só falam com o objetivo de encobrir algum ilícito ou de me prejudicar em alguma coisa. Nunca recebi notícia boa desses órgãos, porque será?

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

10 mitos da Ortodontia 2

2 - Análise cefalométrica x análise facial

É bobagem dizer que análise cefalométrica não serve para nada. Já ouvi isso muitas vezes. É claro que sempre tem alguém que tem bom senso e não descarta um ou outro tipo só porque “acha” que não serve. Mas é bobagem propagandear que não usa um deles.

Eu sempre achei que análises são complementares. Nenhuma análise é completa, quanto mais você estuda, mais vê que precisa de dados para fazer um diagnóstico e planejamento corretos para o seu paciente. E as análises, tanto a facial como a cefalométrica e as análises de modelos, são de fundamental importância. Com a primeira você trabalha principalmente os aspectos estéticos, com a segunda pode ver que estruturas estão bem ou mal posicionadas em relação a outras estruturas e com a terceira a relação de espaço existente. Uma complementa a outra. Se você tem experiência suficiente para diagnosticar e planejar o tratamento do seu paciente sem recorrer aos números das análises cefalométricas e de modelos, parabéns. Isso exige uma bagagem prática muito grande, muitos casos tratados (com análise cefalométrica) e muitos bons resultados.

Por outro lado, depois de algum tempo de clínica, todo profissional começa a saber, só de olhar para a face do paciente, o que esperar do tratamento. É questão de vivência clínica, experiência. Isso não significa que se deve abandonar completamente o apoio e a certeza dos números. Nesse ponto, o “feeling” do profissional é uma complementação muitíssimo bem-vinda à frieza das relações numéricas dos traçados e das medidas.

sexta-feira, 30 de setembro de 2005

IHUUUUU!!!

Quando eu digo que tratamento de graça não existe, que quem diz que faz de graça está mentindo, que se deve procurar um profissional capacitado para o tratamento (é, os bons NUNCA dizem que vão fazer de graça), é por isso, olhe só:

Direito do Consumidor
Erro de tratamento de dentista vale indenização de R$ 5 mil
Sexta, 30 de Setembro de 2005, 9h48
Fonte: Portal do Consumidor

A Justiça de Minas Gerais condenou um dentista a indenizar uma paciente em R$ 5 mil por danos morais e materiais após a realização de um tratamento ortodôntico malfeito.
Uma cabeleireira de Uberaba (MG) foi submetida ao tratamento corretivo para "mordida cruzada" em agosto de 2000. O tratamento foi interrompido um ano e meio depois, já que a paciente reclamava de dores na face. Entretanto, a colocação inadequada do aparelho já havia provocado uma deformação no contorno do queixo da cabeleireira, que ficou projetado para a frente.


Os laudos periciais concluíram que houve imperícia na montagem do aparelho, bem como na própria mecânica aplicada no tratamento. No julgamento do recurso, os desembargadores Dídimo Inocêncio de Paula, Elias Camilo e Heloísa Combat consideraram que o dentista não agiu com as cautelas necessárias ao desenvolvimento de sua atividade profissional.
Por causa transtornos psicológicos e estéticos sofridos pela paciente, os juízes determinaram o pagamento de indenzação de R$ 5 mil, além da devolução da quantia paga para a realização do tratamento (R$ 1.238) corrigidos monetariamente.


O canalha que fez o tratamento levou sorte. Acho que é porque os juízes perceberam que boa parte da culpa é da sem-vergonha da cliente, que achou que estava fazendo um grande negócio. Enganado é a vó! Quem entra numa dessas sabe que a coisa não pode terminar bem. É como no golpe do bilhete premiado: o otário achando que é muito esperto.

Círculo vicioso

Já há algum tempo eu ando com uma idéia me martelando a cabeça: a de que a odontologia é uma profissão suicida. Sempre achei isso porque dentista insiste em prevenção. Ora, se a tal prevenção der certo, ninguém mais vai ter cáries, problemas periodontais, gengivites, essas coisas. Pronto, está decretado o fim da necessidade de ir ao dentista. Basta o cidadão cuidar bem dos seus dentes, cumprir direitinho as recomendações de milhares de “entendidos” no assunto - a professora da escola, o médico pediatra, sites na internet.

Pois bem, agora eu estou começando a ver que a história não é bem essa. Começo a perceber que a odontologia, que começou como uma especialidade da medicina (e é até hoje, na Europa) não é assim tão inocente. A odontologia se realimenta, os dentistas nunca vão deixar o seu ganha-pão sumir. A não ser pelos adeptos do marketing, os bons dentistas sempre terão de onde tirar uns caraminguás para sustentar a família. Porque eu digo isso? Porque cáries, doença periodontal, gengivite e outras mazelas bucais sempre existirão enquanto existirem dentistas.

Todos sabemos que algumas pessoas são, naturalmente, resistentes a essas doenças. Se não tratarmos os doentes, a seleção natural cuida de elimina-los e, os que sobram, são os resistentes. Ou seja, se todos os dentistas do mundo, de repente, desaparecerem, dentro de três ou quatro gerações TODAS as pessoas serão resistentes. Acabou-se a dor de dente, o sangramento gengival, o mau hálito. E com isso, acabou-se a tortura das agulhas, alta rotação, raspagens, cirurgia.

Então é assim: os dentistas tratam os doentes porque eles não têm resistência, terão filhos também susceptíveis que deverão ser tratados e o círculo continua indefinidamente, até que o último dentista desapareça e permita que a humanidade se livre desse fardo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Luto

Morreu hoje Helena Meireles, veterana violeira de Mato Grosso do Sul. Vai deixar saudades.

O interessante é que Helena tocava violão e ficou conhecida com violeira, que é quem toca viola. Vai entender... mas seja como a chamem, era uma tremenda artista, humilde, humana, um símbolo da nossa música pantaneira.

Ora, bráquetes...

Das profecias cabalísticas e do final dos tempos

Há muitos anos, em um país distante, vivia um homem. Ele era filósofo (mas não era formado em filosofia), poeta (não era formado em poesia), músico (não era formado em música), mago como Paulo Coelho (não era formado em mágica) e, quando lhe sobrava tempo, ortodontista (e era formado em Odontologia, com pós-graduação!). Seu nome era Miguel de Nós-Te-Damos.

Pois bem, esse homem previu o final dos tempos. Ele disse: “Ao décimo primeiro dia do oitavo mês de 1999 ocorrerá um eclipse. Nesse dia terá início o final dos tempos, e o homem vai pirar. Vai começar até a prometer aparelho de graça para o povo.”

Então, seus seguidores perguntavam: “Mas Nós-Te-Damos, aparelho de graça é bom para o povo, porque isso deveria significar o princípio do fim?” E ele respondia: “Meus filhos, naquele tempo, de graça, até tiro o povo vai levar. Um aparelho pode ser gratuito, mas o tratamento custará os olhos da cara, a formação de um profissional habilitado a fazer esse tratamento vai levar longos e duros anos, será para ele um investimento enorme. Esse profissional, bem formado e atualizado, jamais vai aceitar fazer NADA de graça, pois todo o trabalho deve ser remunerado, e aí reside a dignidade de qualquer profissão. Isso significa que, nesses dias, essa dignidade terá sido esquecida.”

E seus seguidores se prepararam para o final dos tempos, como disse Nós-Te-Damos, meditando, orando e poupando os poucos trocados que tinham, pois, ainda segundo o Mestre, um lugar no céu, ao lado do Todo-Poderoso, poderia custar bem caro, e quem fosse duro iria direto para o inferno!

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

10 mitos da Ortodontia - a série

1- O crescimento crânio-facial e a ortopedia funcional dos maxilares

Eu sei que quem trabalha com ortopedia funcional acredita de coração que os aparelhos conseguem estimular crescimento. Eu até concordo que, em alguns casos específicos, os aparelhos funcionais podem fazer com que o paciente cresca o máximo que seu patrimônio genético lhe permite. Porém, alguns pontos devem ser muito bem pensados, para que o profissional não faça promessas que não podem ser cumpridas.

O primeiro deles é que ninguém, até hoje, conseguiu provar que um aparelho, qualquer que seja, fez um paciente crescer. Não é possível saber se o crescimento que ocorreu com o uso do aparelho foi devido a esse uso ou se foi um crescimento que o paciente teria, mesmo sem o tratamento. Antigamente até seria possível uma experiência digna do Dr. Mengele, com um par de irmãos gêmeos, tratando-se um deles e não o outro, depois comparando-se o crescimento dos dois, mas hoje isso não é mais aceito eticamente. Ainda bem. Mas, infelizmente, essa percepção ética impede que se prove se o tratamento é realmente efetivo.

O segundo ponto é que ninguém cresce mais do que o que está programado geneticamente. Acontece muito de o crescimento ficar prejudicado por problemas diversos, um travamento de oclusão, má nutrição, hábitos e outros fatores, e nesses casos o tratamento ajuda a eliminar esses fatores e permite que o crescimento se dê por completo. Mas um paciente cuja família toda tem deficiência mandibular nunca terá uma mandíbula maior que seus pais, a não ser que se faça cirurgia ortognática. Pode-se expandir uma maxila em mais de 8mm, mas será uma expansão mecânica. Não é estimulação de crescimento. Se geneticamente o paciente tem maxila pequena, pode estimular à voltade, não vai crescer o suficiente. Qualquer osso só cresce até onde a genética manda.

O terceiro é que, ao contrário do que juram alguns adeptos de teorias piradas, adulto não cresce. E eu coloco em negrito porque disso eu tenho certeza. Não importa que tipo de aparelho você use, depois que terminou a fase de crescimento puberal (nos meninos, lá pelos 16 anos e nas meninas por volta dos 13), não há tratamento no mundo que faça um paciente crescer. O único jeito de se aumentar o tamanho de um osso depois dessa fase é com distração osteogênica, uma técnica cirúrgica, invasiva e ainda pouco pesquisada. Muito radical. Mas, quem sabe, tema para tese de pós-doutorado. Você instalou aparelho de ortopedia em adulto e conseguiu resultado? Pode acreditar, foi remodelação óssea e movimentação dentária, nada mais.

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Impostos, outra vez

Mas será possível que isso não acaba nunca?

Comecei a ler na revista Veja a crônica do Claudio de Moura e Castro. Desconfio do articulista desde o dia em que ele contou o caso de um laureado professor de ginecologia e obstetrícia que foi chamar um aluno sem título algum mas com grande experiência em PS para atender à sua filha, que estava em um parto complicado. Ele argumentava, na época, que títulos acadêmicos não valiam nada frente à experiência do aluno. Pois bem, da próxima vez que ele for ao dentista, provavelmente vai escolher um que não tenha estudado tanto, porque isso pode ser ruim, vai saber...

Bom, o que o moço escreve agora (e assina, vejam só) é que a classe média não tem o direito de ficar indignada frente à roubalheira dos nobres deputados porque também rouba. Por roubar ele entende sonegar imposto. Ora, vamos e venhamos: se eu for assaltado na rua e o bandido não encontrar os 20 contos que eu escondi na meia, eu vou ficar muito feliz. Serei preso por isso? Certamente que não. Mas quando o governo me assalta a conversa muda de tom: eu TENHO que mostrar o dinheiro da meia também, ou então o criminoso sou eu.

Ah, Sr. Castro, vá pentear macacos. Eu queria ver o senhor viver com salário de professor. Certamente não vive. Quanto a Veja lhe paga? O senhor declara tudo? Tem certeza? Tem moral pra falar de quem esconde o dinheiro do ônibus na meia?

Pelo menos, lá pelas tantas, ele confessa que acha que "o próprio Estado induz à sonegação, criando impostos que levariam à falência muitas empresas pequenas, se elas fossem pagá-los".

Ah, bom.

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Entidades de classe - pra que servem?

CAPÍTULO II - As Associações

Associações de classe são indispensáveis. Unem os colegas em torno de um objetivo comum, seja ele tomar cerveja, jogar bola ou discutir grandes questões científicas e filosóficas da profissão. A maior das associações de Odontologia do país é a ABO. É a "mãe" as associações. As filhas são as associações de especialidades, como a de Endodontia (ABE), de Odontopediatria (putz, desculpem, esqueci a sigla) e de Ortodontia (ABOR), entre outras, com suas filiadas nos estados.

Bom, as associações acabaram assumindo grandes falhas de outras entidades, e hoje concentram a grande maioria dos cursos de especialização. Cursos deveriam ser ministrados por universidades, mas como poucas se mexem nesse sentido, as associações assumiram essa tarefa. Além disso, muitas questões envolvendo legislação são resolvidas lá dentro. A ABO acabou assumindo também o papel de sindicato, entrando na justiça ou denunciando problemas que atingem a classe, abrindo processos junto ao CFO ou até, no caso da controversa lei do "ato médico", tomando a frente na campanha contra o absurdo.

É claro que, com o sucesso da ABO, uns e outros ficaram descontentes. Sempre tem um pra ter inveja do sucesso do outro, e ao invés de ajudar, critica e tenta diminuir seus feitos. Pois então criaram-se outras associações que se pretendem nacionais, porém, sem a penetração e a influência da ABO.

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Democracia

O PT está praticamente acabado. Eu, que vi o partido nascer, nos meus tempos de faculdade (como aluno, oras) sinto as dores de vê-lo decair em uma barafunda de corrupção e disputas internas, mentiras, bandidagem e canalhice maiores do que as dos partidos que eu sempre detestei até hoje. E no entanto, eis que vejo, no desenrolar das eleições internas do PT um lampejo do sentimento romântico democrático que eu tinha na época da faculdade: eleições livres e NÃO OBRIGATÓRIAS!!!

Aleluia! Até que enfim, o partido, ainda que alquebrado e desesperançoso de seu futuro, nos dá uma aula de democracia tornando suas eleições facultativas a seus filiados. Que beleza! Justo o PT, que ultimamente tem se mostrado autoritário, exigindo de seus deputados que votassem em Sarney e expulsando quem se recusou a votar em um dos mais emblemáticos símbolos do continuismo e do fisiologismo. Justo o PT, que nem sequer ousa falar em ética, tão sujo e desmoralizado está frente à população. Justo esse partido, que de esperança de esquerda se tornou um fiasco de centro-direita, nos dá uma lição de como se fazem eleições. Que sejam confusas, que dividam o partido, que marquem seu final suspiro como repositório dos nossos acalentados sonhos juvenis, mas essas eleições nos dão a esperança de que nem tudo está perdido.

Eu, que não aguento mais ouvir falar em obrigação, fico de alma lavada. Eleições costumam ser obrigatórias, até eleição de síndico, agora, resolve ser obrigatória. Eleição do presidente do CRO é obrigatória. O CRO e o Brasil têm muito o que aprender com o PT. Do bom e do ruim.

quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Quase!

Eu sei, eu sei, prometi que não faria posts pessoais aqui neste blog, mas este eu não resisto: minha tese de doutorado está pronta, fazendo a última correção na biblioteca. Depois disso é só apresentar. Então, estou dando o último passo rumo ao meu título de doutor, que jornada!

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

10 mitos da Odontologia

Alguns podem até discordar, mas vão ter que me convercer que essas 10 afirmações NÃO SÃO puro delírio:

1. Dentistas podem ser gente boa
2. Você consegue ganhar dinheiro honestamente com a Odontologia
3. Seus clientes serão todos honestos
4. Você pode confiar nos seus colegas
5. É possível estimular crescimento em adultos
6. Prevenção
7. Planas não era louco. Era um cientista.
8. Resina é melhor que amálgama
9. Seus clientes são fiéis
10. Você não vai se arrepender de ter escolhido esta profissão.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Alívio

Oliver, o cachorro do Alex Castro, foi encontrado, está vivo e bem. Eu torci muito por ele, estou feliz.

segunda-feira, 5 de setembro de 2005


adopt your own virtual pet!

Adotei um porco-espinho marciano virtual. Não resisti à tentação de fazer uma gracinha inútil neste blog tão sisudo e rabugento. Parece que eu só reclamo, né? Pois o Carrapicho segue o cursor do mouse e faz acrobacias quando a gente clica nele. Se clicar 3 vezes seguidas, tem uma surpresa, experimente.

Ajuda

Alex Castro estava em New Orleans com seu cachorro Oliver quando veio o furacão. Ele conseguiru sair, mas não deixaram levar o cachorro, que ficou na casa. Quem puder, ajude. Transcrevo aqui o pedido de ajuda dele, quem puder ajudar ou copiar de alguma forma, fará um ato humano. Estou torcendo pelo cãozinho.

Chutando o Balde

Não motivo para se preocupar com privacidade e discrição a essa altura do campeonato. Se tudo deu certo e o Oliver ainda está vivo dentro de casa, seu tempo está acabando. Preciso de toda a ajuda que puder arranjar. Foi esse blog maldito que me levou pra Nova Orleans, vejamos se ele também me ajuda a salvar meu cachorro. Façam o que quiserem com o texto abaixo. Podem reenviar, postar em fóruns, qualquer coisa. Preciso de vocês AGORA. Por favor.

* * *Subject: Poodle Starving at 8231 Spruce St - URGENT / REWARD Quick Summary:Oliver, male, grey poodle, 10 lbPictures of him: http://www.flickr.com/photos/cruzalmeida/sets/89945 Locked inside: 8231 Spruce Street (between Dante and Dublin, near S.Carrollton), Uptown, New OrleansOwner's Contact info: Alex Silva 510 644 2895 or 510 759 6290, cruzalmeida@sobresites.comAlternate break-in point: backyard door, second floor.You have my permission to break in. Signed: Alexandre Silva.* * *

My name is Alex Silva, and I'm a Brazilian grad student at Tulane. I had just moved into New Orleans when Katrina struck. I knew no one, had no car, no connections, no resources, no anything, and I was forcibly evacuated along with Tulane's faculty and students.At that point in time, the extent of Katrina's damage was not yet evident, and we were told we'd be away for at most 4 days. As they did not allow pets in the evacuation buses, I was forced to leave my dear dog, Oliver, behind. This was an excruciating decision, as Oliver has always been with me since I've owned him. In fact, I brought him to New Orleans from Brazil, as he is the most important thing in my life.He's been inside my house since this past Saturday, Aug.27th, and I left him with food and water for roughly 5-7 days. He used to be a street dog, so he's pretty resourceful and knows how to save food. But he must be starving by now!He is a grey poodle and there are pictures of him here (http://www.flickr.com/photos/cruzalmeida/sets/89945). He's locked inside the second floor of my house at 8231 Spruce Street, between Dante and Dublin, near S.Carrollton, in Uptown, New Orleans. The house is locked, whoever saves him would have to break in. The door is a small price to pay for my best friend's life.My house phone number in New Orleans is 504 864 0626. I'm currently at my sister's in California, my numbers are 510 644 2895 and 510 759 6290. My email is cruzalmeida@sobresites.com. If there is anything anyone can do, I would be immensely grateful and would pay a financial reward. This is my LAST hope, or he'll surely DIE!
Please please help.

De novo, o recibo!

Ou, de como a vítima pode virar o criminoso

Eu não assisto ao Fantástico, na Grobo. Acho um programa ruim, chato, sem critério jornalístico, amador. Neste domingo eu tive o azar de zapear na Grobo justamente na hora em que o dito-cujo fazia uma reportagem sobre corrupção. Eles propunham um teste: "Se o médico ou o dentista oferece um preço menor para você não pegar o recibo, você aceita?". O teste era simples, aceitou é corrupto.

Bom, peraí, vamos começar do começo, pra eu ver se entendi direito: eu trabalho como um burro para ganhar meus caraminguás, sou extorquido pelo governo de tudo quanto é jeito e, quando eu procuro esconder umas migalhas da corja de malfeitores que está no congresso deitando e rolando com o nosso dinheiro, O CORRUPTO SOU EU???

Mas, meninos, esperem um pouco, eu sou a vítima! Sou eu quem paga a bandalheira e a roubalheira nesse país! É o meu dinheiro que eles estão roubando, e a grobo me chama de corrupto? Eu?!?

Por isso, nobre colega trabalhador bucal: minha campanha é: sonegue! Esconda tudo o que você puder. É o único jeito de sobrar algum no final do mês para tomar uma cerveja gelada. Se você for pagar tudo o que os bandidos querem, vai ter que vender sua alma ao diabo para conseguir alimentar sua família. Então, sonegue. Não dê recibo. Eu nem dou desconto, quando o cliente não pede recibo eu não dou mesmo. E quando pede eu coloco dificuldades. Sem ter vergonha, porque isso é legítima defesa. Do meu trabalho, da minha cidadania, da minha dignidade. É meu direito!

quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Desenvolvimento



Reparou no subtítulo? "A land untouched by modern dentistry". Só não consegui entender se o autor do guia da Molvania considera isso uma vantagem ou um problema...

Liberdade

Se é obrigatório, não é democrático. Agora todo mundo tem o direito de fazer operação de hemorróidas, de graça, obrigatória.

Bom, né?

segunda-feira, 22 de agosto de 2005

Governo Federal

Uôpa, agora parece que a corja federal resolveu botar pauzinhos na fogueira da Odontologia. Programa Brasil Sorridente, do Ministério da Saúde. Quem não tiver paciência para ler tudo, pelo menos saiba mais ou menos do que se trata:
"Até o lançamento do Brasil Sorridente, em março de 2004, a atuação do governo federal com a saúde bucal se resumia ao repasse de recursos para cada equipe de profissionais montada pelo município...
...Cada equipe é formada por um dentista, um auxiliar de consultório e um técnico em higiene bucal. Esses profissionais estão aptos a fazer extração dentária, restauração, aplicação de flúor, resina e próteses dentárias gratuitas. Eles também estão sendo orientados a diagnosticar o câncer de boca, um dos principais problemas da saúde bucal no País."

Ou seja, mais uma vez o foco está errado. Ao invés de dar educação e condições de prevenção, aposta-se no populismo da dentadura gratuita. E ainda tem mais:

"Além do atendimento básico, pelo Brasil Sorridente a população passa a ter acesso também a tratamentos especializados, como canal, doenças da gengiva, cirurgias odontológicas, câncer bucal em estágio mais avançado, endodontia e ortodontia. Isso será possível com a construção de Centros de Referência. Antes do Brasil Sorridente apenas 3.3% dos tratamentos especializados eram feitos pelo Sistema Único de Saúde. Dois desses centros já estão em funcionamento: um em Sobral (CE) e um em Caruaru (PE). Até o final de 2006, 354 centros de referência serão inaugurados em todo o País, sendo 100 ainda em 2004."

É brincadeira? Agora, Cara-Pálida, além de você destinar a maior parte do seu rendimento para o sócio, ainda tem que disputar clientes com ele, que vai tratar "de grátis". Só para esclarecer: você é extorquido nos impostos, eles pegam esses impostos e constroem clínicas para atender os seus possíveis clientes, que deixam de ir ao seu consultório e, assim, você recebe menos. E eles estão usando O SEU DINHEIRO para isso, entendeu?

quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Composição de medicamentos

Notícia de hoje no site do Terra: Bebê é internado após usar remédio "Doutorzinho". Bom, até aí a história é previsível, porque remédio fazer mal pra criança não é exatamente novidade. O problema, independente do uso errado que os pais fizeram da medicação, é que o tratamento foi dificultado porque ninguém sabe direito o que tem dentro do frasco. Tem cheiro de cânfora, mas não consta a composição. Tratamento sintomático e ponto!

Isso me lembrou da minha época de acadêmico, quando estava na moda, na minha faculdade, tratar alveolite com uma medicação chamada "Alveosan". Pois o tal medicamento era vendido (não sei se ainda existe) na dental, para os CD´s, uma pomada marrom com cheiro forte que vinha SEM BULA, só trazia escrito, no tubo, que era indicada para o tratamento de alveolite. Funcionava, até porque a quantidade de casos de alveolite que a gente tinha era brincadeira... talvez porque os pacientes já chegassem na clínica com infecções periapicais intratáveis, talvez pela quantidade de tártaro (que caía no alvéolo durante a extração), ou porque ainda não se usava autoclave, só estufa térmica, ainda mais que a esterilização do instrumental era responsabilidade do próprio acadêmico, imagine...

Mas o fato é que se usava uma medicação que NINGUÉM sabia o que continha. O professor indicava, os alunos usavam. Eu sempre preferi usar o curativo para alveolite que o papai ensinou (é, meu pai é CD também e foi professor, meu inclusive): óxido de zinco e sulfa em pó (aquela, de colocar em machucado) em proporções iguais, eugenol pra fazer a massa. Anestesia, curetagem caprichada e preencher o alvéolo com a massaroca recém misturada, mandar o cliente pra casa. Em uma semana a bolota de massa, endurecida, cai, e o alvéolo está curado. Simples e a gente sabe o que está colocando na boca do cliente.

quarta-feira, 17 de agosto de 2005

Quantos?!?


Nove entre dez dentistas recomendam escovar os dentes diariamente.

terça-feira, 16 de agosto de 2005

Colgate no Terra

Não, não é Colgate na terra, é no Terra mesmo. É um site que eu ainda não conhecia, que fala de saúde bucal. Me pareceu interessante, pelo menos não vi nenhuma barbaridade escrita lá, ainda preciso ler com mais calma. Se você quiser ver com seus próprios olhos, está aqui.

Sites, livros, folhetos, agora parece que a Odontologia resolveu sair do armário. Ou é isso, ou o povo tá desesperado para conseguir uma fonte alternativa de renda, porque o consultório não dá mais para cobrir as despesas. Eu, pessoalmente, aposto nessa última hipótese, porque a quantidade de "profissionais" no mercado hoje é assustadora. Pior: se esses profissionais cobrassem preços justos por seu trabalho e não fizessem propaganda enganosa, a coisa não estaria tão feia. Aliás, responda depressa aí, cara pálida: existe alguma propaganda que não seja enganosa?

terça-feira, 9 de agosto de 2005

E por falar em obrigação...

Lendo o blog Malvados, um dos meus favoritos, encontrei uma coisinha interessante, que me fez ficar ainda mais revoltado com a quantidade de dinheiro que nós, pobres trabalhadores bucais, temos que dar ao nosso sócio majoritário, vejam só:



É quase certo que esse será o próximo passo, quase certo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

Obrigado não! - o retorno

Capítulo 2 - O DESARMAMENTO

E como se não bastassem as eleições para os diversos bandidos que se fazem de gente de bem, como vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidentes diversos (do país, condomínio, ABO, CRO etc), nós ainda seremos obrigados a votar no tal desarmamento. Somos obrigados a ir lá dizer se somos a favor ou não do desarmamento.

Ora, eu, pessoalmente, não sou a favor nem contra, muito pelo contrário! Eu sou a favor da liberdade de escolher se eu quero votar ou não. Eu sou contra ser obrigado a sair de casa em um feriado para fazer uma coisa tão inútil como votar nessa porcaria.

terça-feira, 2 de agosto de 2005

Obrigado não!

Quando comecei este blog eu jurei pra mim mesmo que não ia colocar coisas pessoais aqui, só assuntos relacionados à Odontologia. Hoje vou escrever sobre uma coisa que me deixa indignado, e tem muito a ver com Odontologia, embora alguns possam discordar: a obrigatoriedade de certas coisinhas ridículas e inúteis. Às vezes eu sinto que tem alguém sem ocupação inventando um jeito de atazanar a vida dos outros, veja só:

Capítulo 1 - O RECADASTRAMENTO

Muito bem, o CFO resolve, sabe-se lá por que motivo, mudar o modelo da carteira profissional. Ora, todo mundo sabe que essa carteira é completamente inútil, mais um trambolho para ocupar espaço na gaveta, porque a gente tem carteira de identidade, de trabalho, de motorista, de doador de sangue, órgãos, olhos, de estudante, cartão do banco, de crédito, do ônibus, etc, etc, etc. Mas, tudo bem: se o CFO acha que essa carteira é tão importante, mude, pode mudar, eu não me importaria. Claro, eu não me importaria se não fosse OBRIGATÓRIO eu largar tudo e ir até o CRO para dizer para eles os meus dados. Será que eles não pensaram em colocar um formulário na internet?

Não! Isso seria muito fácil. A tal pessoa desocupada tem que arrumar um jeito de complicar a vida da gente. Pois eu tive que ir ao CRO falar com a secretária, dizer a ela uma porção de coisas que poderia dizer por telefone, ou preenchendo um formulário qualquer, internet, correios, SMS do celular, qualquer coisa que não me obrigasse a ir até lá.

É, eu sou um anti-social incorrigível!
Aguarde o capítulo 2, para breve.

terça-feira, 19 de julho de 2005

Entidades de classe - para que servem?

O SINDICATO

Nosso sindicato tem, para começar, nome errado. Ora, eu sou Cirurgião Dentista, está lá no meu diploma de graduação, escrito com todas as letras. Porque é que eu não tenho um Sindicato dos Cirurgiões Dentistas? Porque é que, se eu quiser me filiar, tem que ser ao Sindicato dos Odontologistas? Não acho certo.

Bem, mas a princípio, nosso sindicato deveria servir para nos defender em pelejas contra governo, empresas, secretárias demitidas, essas coisas. Você alguma vez foi defendido por alguma entidade, cara pálida? Não?!? Mas será possível que você não paga a "contribuição sindical", tão querida e obrigatória na nossa vida? Pois é, para cobrar elas são ótimas, mas na hora de prestar o serviço para o qual foram criadas, as nossas entidades de classe deixam muito a desejar. Os sindicatos se metem a ministrar cursos, promover eventos ou, no mínimo, só arrancar dinheiro da gente mesmo. E a defesa da classe, quando existe, fica por conta do Conselho ou da Associação (vamos falar deles depois). Ou seja, o sindicato existe, cobra, não atua e ainda faz coisas que não deveria.

segunda-feira, 11 de julho de 2005

Choradeira

Engraçado, nem demorou nada e começou a choradeira por causa do livro do tal colega Bilbancos... pois não é que na edição seguinte da Veja já apareceu o imimimimimi dos debilóides de plantão? Pois vejam, na carta da "doutora" (ela se assina assim, Doutora, vejam só, será que tem doutorado? Duvido!) Evelise Santos, ela reclama que o colega desconhece a especialidade ortopedia funcional dos maxilares. Pois deveria desconhecer mesmo, essa especialidade é cruza de demômio com coisa ruim. Especialidade mentirosa, pois não há crescimento em adultos, então não dá pra fazer ortopedia neles. A "doutora" mente, para ela e para os seus pacientes.

Outra que reclama é a CD Maria Aparecida Yacoub. Essa, pelo menos, assinou que é especialista, não "doutora" (credo, quanta arrogância da moça, que horror). Também argumenta que existe a especialidade. Oras, existe coprofagia, e nem por isso é uma coisa normal. Vamos, gente, acorda! Isso é mentira, não dá pra fazer ortopedia em adulto, não tem como! Pra modificar maxila e mandíbula, só com cirurgia.

Tenho dito.

quarta-feira, 29 de junho de 2005

Livro

Li, na última edição da revista Veja sobre o trabalho do colega Fábio Bilbancos (Boca! Tudo o que você precisa saber para ter um sorriso saudável), um livro sobre saúde bucal para o leigo. Tudo bem, parece que o moço conseguiu escrever em linguagem acessível e didática sobre a Odontologia e temas relacionados. Pelo pouco que vi, a impressão é boa, mas fica uma pergunta: porque cada vez mais os CD´s procuram alternativas para ganhar uns trocados? Será que a nossa profissão está tão aviltada que o bom e velho consultório já virou bico para a maioria?

O que vejo hoje é um bando de dentistas querendo a todo custo dar aulas, escrever livros e artigos (não artigos científicos, mas em revistas de fofocas), fazer propaganda em tudo quanto é mídia, aparecer na TV... parece que virou festa: ao invés de ser um tratamento de saúde, a Odontologia se voltou quase que exclusivamente para a estética e os tratamentos viraram produtos que os dentistas tentam empurrar goela abaixo dos pacientes, vender, vender, vender!!!

E o nosso colega Fábio vai faturar, com certeza, alguns trocados vendendo o livro e alguns pacientes a mais. Ou fregueses. Porque o tratamento é um produto que deve ser comprado o mais rápido possível, não importa se o freguês precisa dele ou não.

segunda-feira, 20 de junho de 2005

Os médicos estão no mesmo barco

Bom, parece que, pelo menos, os nossos amigos "etcos" colocaram os médicos também no filme infame (Fernanda Torres, com a voz de quem foi envenenada por cianureto: "E quando o dentista me propôs um desconto para não levar recibo, eu recusei!!!")

Pelo menos essa é uma boa notícia: os médicos são bem articulados, têm um sindicato decente, um conselho atuante (que não está cheio de fantoches) e associações realmente fortes. Menos mal, é provável que possamos pegar carona na indignação deles com essa palhaçada.

ETCO - só porque eles querem!

Como se já não bastasse o governo federal, que nos leva a maior parte do dinheiro que deveria servir para nosso sustento, agora aparece esse tal de instituto etco (assim mesmo, sem o "i" e sem acento), clamando por ética e cidadania. Em um dos filmes, veiculados pela rede globo, fala-se da questão do recibo do dentista. Acontece que o tal instituto é dirigido por um certo Emerson Kapaz, industrial paulista com os bolsos cheios de dinheiro e que pode reclamar de barriga cheia dos juros e dos impostos do país.
Ora, senhor Kapaz, para mim o senhor é inKapaz de avaliar o que passa um profissional que estudou a vida toda e agora tem que entupir dentes com resina composta importada para ganhar uns trocados. Eu queria saber se o senhor Kapaz deu recibo em TODAS as transações que fez na vida. Duvido! Olhe para o seu rabo, antes de puxar o dos outros.

Pô, cadê o nosso sindicato para reclamar?!? Cadê o CFO pra mandar esses caras engolirem esse filme? Porque nós pagamos, além do sócio (o Lula e sua corja) o conselho, as associações, o sindicato e outros ladrões?

Assim, eu, Mr. Teeth, com todos os dentes de fora, lanço uma campanha de cidadania: não aos impostos escorchantes do governo dessa maldita república de bananas!!! Colega, não dê recibo, principalmente se o seu cliente for industrial, principalmente se o sobrenome dele for Kapaz! Desobediência civil já! Vamos juntar todo o dinheiro que o governo nos roubaria em impostos e fazer uma campanha na rede globo contra os industriais paulistas, populistas, cariocas curiorocas e outras poporocas!

terça-feira, 14 de junho de 2005

O nível da Pós-Graduação

Qual a diferença entre cursar especialização, mestrado ou doutorado?

Claro, alám das prerrogativas do mestre, de poder coordenar cursos de especialização (e ganhar um monte de dinheiro com isso), existem características importantes nesses cursos e títulos que nem sempre são respeitadas no nosso país, motivo por que pouca gente sabe, com certeza, quais são as atribuições de cada um deles. Vamos tentar clarear um pouco esse poço escuro:

Especialização: é o primeiro nível da pós-graduação, o primeiro título que você pode receber depois de formado. Existem uns picaretas por aí que colocam depois do nome: pós graduado em entortamento de raiz de canino. Mentira, isso não existe. O cara, provavelmente, fez um cursinho de final de semana, aprendeu pela metade e resolveu que isso era uma grande coisa. Ou ele tem, no mínimo, especialização, ou só tem título de graduação. Por outro lado, esse é o título certo para quem quer trabalhar na clínica, no consultório, atendendo seus clientes. O especialista é o profissional que se aprofundou naquela disciplina, estudou a fundo e sabe exatamente o que fazer para resolver os problemas clínicos que se apresentam. É o "super-dentista"!

Mestrado: É o curso para quem quer ser professor, ainda que eu nunca tenha entendido porque um ser humano poderia ter essa vontade: trabalha-se muito, ganha-se pouco e às vezes encontra-se um ex-aluno na rua, que ganha bem mais do que você... bem, mas o mestrado é para o professor. É por isso que o coordenador dos cursos de especialização em Odontologia têm que ser mestres. Devem ser professores, para isso. O problema é que, com o aumento da oferta de cursos de mestrado e com a aberração dos mestrados profissionalizantes, aumentou muito o número de mestres por aí, e não tem faculdade suficiente para todo mundo, resultado: mestres trabalhando no consultório, lugar de especialista.

Doutorado: O doutor é, antes de tudo, um pesquisador. Os cursos de doutorado, a princípio, devem ser voltados à pesquisa, à orientação e ao desenvolvimento de novas técnicas e materiais. Doutores só deveriam lecionar em pós-graduação, mestrados e doutorados, pesquisar e orientar pesquisas. Novamente os paradoxos do nosso país fazem com que os doutores acabem nas salas de aulas da graduação e da especialização, ou por falta de laboratórios para as pesquisas, por falta de dinheiro, por falta de alunos interessados em fazer iniciação científica, por falta de dinheiro no bolso do doutor, que precisa procurar outra fonte de renda. Infelizmente é a nossa realidade, cabe a nós tentarmos mudá-la.

quarta-feira, 8 de junho de 2005

CFO - ajuda ou atrapalha?

Eu já tinha avisado que eu gosto de reclamar, principalmente do CFO. Pois então eu vou explicar os motivos. Nossa profissão é difícil, trabalhamos sozinhos, sem ter com quem dividir as responsabilidades. Médicos têm os colegas para ajudá-los, qualquer cirurgia, por pequena que seja, sempre tem uma equipe. Não na Odontologia. O CD está sempre sozinho. Se errar, babau!

Então, o nosso Conselho deveria ser um órgão que nos ajudasse a superar melhor os grandes desafios da profissão, indicando os melhores cursos, fiscalizando esses cursos (aliás, esse é um tópico ao qual que quero voltar, muita polêmica!), tirando do mercado os maus profissionais, implementando um código de ética decente, melhorando a legislação. Ao invés disso, inventa eleições obrigatórias, recadastramentos obrigatórios e outras obrigações a mais. Mas será possível que esse órgão só existe para incomodar a vida da gente? Inventa "novas especialidades" (outro tópico para discutir depois) e exames para especialidades, como se já não houvessem especialidades e especialistas o bastante.

Eu acho que os dirigentes do nosso conselho deveriam rever suas prioridades, tentar ajudar um pouco, ao invés de atrapalhar a já tão difícil vida do Cirurgião Dentista.

terça-feira, 7 de junho de 2005

Frase

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto"

Rui Barbosa

segunda-feira, 6 de junho de 2005

Comercial da Coca Cola

Direto do site da ABO-nacional: o Conar - Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária retirou do ar o comercial da Coca Cola em que um jovem abria uma garrafa de refrigerante com os dentes, veja aqui. Muito bem, falta agora uma concientização de que piercing na língua também pode causar fraturas de dentes, erosões em mucosa e outros probleminhas bucais, mas esse aí já é um bom começo. Leia a notícia, eu recomendo!

Onde fazer especialização - a equipe

Você pensou que tinha acabado? Nãããão, ainda tem coisas para você verificar, antes de fazer sua matrícula naquele tão sonhado curso de especialização.

Seja qual for a especialidade que você escolheu, um ítem importantíssimo é a equipe de professores que ministra o curso. Não se engane: alguns coordenadores colocam nomes estrelados na equipe mas, no dia-a-dia do curso, quem está em contato com os alunos não são essas estrelas. Verifique direitinho quem é que fica responsável por cada disciplina, se esse professor será o que vai acompanhá-lo na clínica, no laboratório, quantas aulas teóricas ele vai ministrar. Você pode encontrar nomes desconhecidos mas, nem por isso, menos capacitados. Alguns profissionais não aparecem muito, questão de marketing: alguns são bons e não aparecem, outros são famosos mas não são tão bons. Continua valendo a regra: pesquise o currículo, pergunte a profissionais em quem você confia, ouça a opinião do seu professor da graduação.

Tenha em mente que a titulação da equipe permanente é tão importante quanto a do coordenador. Uma estrela à frente de uma equipe mal preparada não consegue manter a boa qualidade do curso. Já uma equipe que funciona como tal, que se entende, com professores capacitados e que trabalham juntos há anos consegue resultados bem mais interessantes.

Aguarde, depois escrevo mais.

sábado, 4 de junho de 2005

Onde fazer especialização - a instituição

Depois de namorar o curso e verificar as credenciais do orientador, convém que você avalie a instituição em cujas instalações ele é ministrado. Sinceramente, eu acho que TODO o estudo da Odontologia deveria ser nas universidades, sejam elas públicas ou privadas, mas sempre dentro de universidades. Infelizmente não é o que acontece. No Brasil de hoje, a maioria dos cursos de pós-graduação em nível de especialização acontece em entidades de classe. As ABO´s foram pioneiras, mas hoje existem cursos em sindicatos, associações de especialidades e até em clínicas das forças armadas e particulares. Eu acho isso um absurdo, mas essa é só a minha opinião.

Em todo caso, como as forças armadas servem para defender o país, o sindicato deveria servir para representar a classe e as clínicas particulares não têm nada a ver com ensino, procure uma instituição que possua boa infra-estrutura. Boas clínicas e laboratórios são essenciais e, principalmente, instituições de renome. As ABO´s e as universidades (com os poucos cursos que estas últimas oferecem) são, normalmente, apostas seguras.

sexta-feira, 3 de junho de 2005

Corrupção tem cura?

Tenho visto por aí teorias de que a corrupção no Brasil acontece porque há impunidade. Não concordo.
A corrupção no Brasil é endêmica. Nisso eu estou com o João Ubaldo, que escreveu na Veja que o brasileiro é, por cultura, corrupto. Nenhum bandido, seja ele um Lalau da vida, seja o cobrador do ônibus que dá o troco a menos, acha que vai ser flagrado e punido, por mais que a máquina policial funcione bem. Ele sempre acha que é mais esperto e que vai se safar.

O problema só vai acabar quando todos os que têm acesso ao bem público entenderem que aquilo que está sob seu poder não é de um indivíduo, mas de todos. E deve ser tratado com todo o cuidado. Porque, nessa conta, se um perde, todos perdem, mesmo aquele que embolsou a propina, porque o país fica pior a cada malandragem.

Sendo assim, eu acho que a corrupção tem, sim, cura. Mas é cultural. E, infelizmente, só se consegue mudar a cultura de um povo à custa de muito sacrifício e isso demora muito... ou seja, não é para os meus olhos um Brasil sem bandidagem.

quinta-feira, 2 de junho de 2005

Onde fazer especialização - o coordenador

Muito bem, você se formou, agora é um Cirurgião Dentista (não fale "dentista" que é feio...) e resolveu se especializar. Com a grande quantidade de cursos oferecidos por milhares de instituições no país, você fica, naturalmente indeciso, então o titio Teeth vai ajudar:

Em primeiro lugar, conheça o coordenador do curso que você está namorando. Procure o nome dele no site do CNPq, lá tem a plataforma Lattes, um currículo bem completo de todos os pesquisadores do Brasil. Tudo bem, tem alguns profissionais, mais antigos, que não têm o nome lá, porque a gente tem que se cadastrar e manter o currículo atualizado, nem todo mundo faz isso. Mas não atualizar o currículo já é um mau sinal. Então escolha um curso cujo orientador tenha um currículo decente, titulação, publicações na área de interesse e, principalmente, que seja conhecido e respeitado no meio acadêmico. Pergunte ao seu professor da graduação se ele conhece o coordenador do curso, entre em contato com a Associação da especialidade que você quer seguir (já existem muitas, de Prótese, Endodontia, Ortodontia, etc.) e continue procurando.

Essa dica vale ouro, depois eu escrevo outras, tenha paciência, eu tenho clientes para atender!

quarta-feira, 1 de junho de 2005

Normas

Estas são algumas normas para a participação neste weblog:

1. Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco.

2. Como eu sou o dono do blog, eu faculto a você o direito de fazer comentários, mas me reservo também o direito de ignorar ou mesmo apagar os comentários dos quais eu não goste. Deixe pelo menos o seu nome. Comentários anônimos não serão publicados.

3. Na descrição do blog eu digo que sou politicamente incorreto, anarquista, libertário, boca-suja e que me encontro no limite da ilegalidade. São verdades absolutas:

  • Eu não ligo para o que seja politicamente correto ou não. Se eu achei errado, eu escrevo com todas as letras, dane-se se ofender alguém.
  • Detesto hierarquias, principalmente quando são invertidas. Eu acredito que as "autoridades", constituídas ou instituídas, não estão acima de nós em uma eventual escala hierárquica. Essas pessoas são nossas empregadas, nós votamos nelas para colocá-las em uma posição em que podem administrar os nossos bens, ou seja, os bens públicos. Pagamos seus salários. Então, vereadores, deputados, senadores, presidentes (da república, do CRO, do que seja), síndicos etc, são nossos empregados. Infelizmente nós ainda não podemos mandá-los embora quando eles não cumprem suas funções com decência. Sonho com esse dia.
  • Acredito viceralmente na liberdade, desde que esta vá até onde começa a do meu semelhante. Luto pela liberdade de comandar minha própria vida, mas está difícil...
  • Às vezes eu falo (e escrevo) palavrões. Coisas da vida.
  • Digo que me encontro no limite da legalidade mas eu sei que às vezes eu chego a forçar esses limites. Detesto polícia. As forças armadas (exércitos, polícias etc) são antros de corrupção e seus membros se julgam superiores aos mortais comuns porque andam armados. Formam, junto às "autoridades" o conjunto que representa a hierarquia invertida, ou seja, policiais são pagos por nós para nos proteger e não para nos amedrontar, como ocorre hoje no Brasil. Também não hesito em encorajar meus interlocutores a sonegar impostos, quando vejo que estes são injustos. Forço ou não o limite?