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terça-feira, 25 de outubro de 2005

Aftosa

Eu moro no Mato Grosso do Sul. Canso de corrigir quem confunde meu estado com o de Mato Grosso, do qual nos separamos há 28 anos, mas não é esse o tema da conversa. O problema é que apareceu, há alguns dias, no sul do estado de Mato Grosso do Sul (uia, quanto sul, gente), um foco de febre aftosa, doença que mata boizinhos, porquinhos e outros bichinhos comestíveis mas não faz mal à nossa saúde, até que se prove o contrário.

Essa doença não faz mal à saúde mas faz muito mal aos nossos bolsos. Muito mesmo! Pois vejam vocês que, para debelar os focos da doença, eles matam os bichos doentes e os que não estão doentes mas vivem na mesma região. Enterram todos. Os donos dos bichos chiam, com razão, porque um animal que vale coisa de 500 contos vira adubo, na melhor das hipóteses. Preju na certa, pra eles. Só tem uma coisinha: eles querem ser indenizados pelas perdas, o que é muito justo, ainda que eu, você e o dono da quitanda da esquina não tenhamos absolutamente nada a ver com as perdas do fazendeiro. Só sabemos que o preço da carne do santo churrasco do domingo deve, eventualmente, subir, por diminuição da oferta do produto.

Vamos pensar juntos: nós vamos pagar mais pela carne. Além disso, se o governo indenizar os fazendeiros, o dinheiro sai, claro, do nosso bolso, afinal de contas nós somos o governo na hora de pagar. Pagamos duas vezes.

Agora eu penso sozinho: se o meu consultório explodir, se o compressor der uma curuca e voar pelos ares, arrebentar as paredes e destruir tudo, será que o governo vai me indenizar? Será?

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