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quinta-feira, 27 de abril de 2006

Sobre a mentira e a cara de pau

"Nada ficou no lugar / Eu quero entregar suas mentiras
Eu vou invadir sua aula / Queria falar sua língua"
Adriana Calcanhoto (Mentiras)

De novo os dirigentes do Conselho Federal de Odontologia metem os pés pelas patas e abrem as pernas, alegremente, para os publicitários:

A se confirmar aquilo que foi votado nos dias 6 e 7 de abril, em Recife, pelo plenário do Conselho Federal de Odontologia e os presidentes dos 27 Regionais, em breve o capítulo relativo à propaganda no Código de Ética terá uma nova redação. Ou “uma suave liberalização”, como define o secretário-geral do CFO, Marcos Santana, um dos principais coordenadores da reunião que atendeu pelo pomposo nome de “Fórum Nacional de Discussão do Capítulo de Propaganda e Publicidade do Código de Ética Odontológica”.
Ora, ora, então quer dizer que, a título de "suave liberalização" os 'eleitos' querem que os publicitários ganhem mais dinheiro nas nossas costas, capisci? Ou será que eu estou errado e eles só querem mesmo é ferrar com quem estudou e se dedica a fazer uma odontologia de excelência, privilegiando no processo o dentista de jaleco sujo, que não está nem aí? Senão, vejamos outro parágrafo da notícia:

Com a nova redação o profissional sem diploma de especialidade poderá anunciar uma eventual atividade circunscrita a uma especialização, desde que, obrigatoriamente, informe ao lado sua condição de “clínico geral”. Como se vê, a mudança parece sutil, mas não é.

Ah, agora eu entendi: qualquer um pode anunciar que é ortodontista, mesmo sem o ser de fato, o que era uma antiga reivindicação de um grupelho de picaretas das mais variadas estirpes, que fazem cursinhos de fim-de-semana e adoram propagandear que cobram muuuuito menos pelo tratamento do que o infeliz que fez especialização. Bom. Gostei. Mas o melhor está por vir, a explicação do presidente da Comissão de Sistematização das Propostas dos CROs, Marcos Santana:

”Foi uma decisão sábia, pois o cirurgião-dentista informa a verdade sem induzir o consumidor ao engano”

Então está bom: o 'consumidor' vê o anúncio do 'doutor', dizendo em letras garrafais: ORTODONTISTA, e, ao pé da página, para ler com microscópio, a informação:

Este 'doutor' não é um doutor de verdade, porque não fez doutorado, nem é
ortodontista de verdade, porque não fez especialização em ortodontia, ele só
escreveu isso aí em cima que é pra você achar que ele é doutor e ortodontista,
ir lá no consultório dele, fazer o tratamento e só depois descobrir que caiu em
uma roubada.

Ah, eu quero tanto ver isso acontecer... estou até babando de vontade de ver esses anúncios por aí, tenho absoluta certeza de que eu, que estudei a minha vida inteira, sou mestre e doutor, pago a extorsiva anuidade do CRO todos os anos, serei muito favorecido por essas decisões. O engraçado (se eu falar que é triste me acusam de ser ranzinza) é que o conselho, ao invés de investir na melhoria técnica do CD, faz exatamente o contrário: privilegia aquele que não estudou, que se mete a fazer o que não sabe fazer direito, sem embasamento teórico, empiricamente, o dentista de jaleco sujo. E no fim, para total escárnio de quem estudou, a notícia ainda traz a frase: "Clínicos gerais contemplados, especialistas respeitados", com a argumentação do Sr. Marcos Santana:

“O mais importante é que foi feita uma liberalização sem perder de vista a legalidade, a honestidade e a veracidade, que fundamentam a ética profissional”

Marcos, me dá licença, mas eu vou escrever com todas as letras, em negrito: você mente! Isso que você disse é uma mentira deslavada. Você é um dos responsáveis pelo aviltamento da odontologia, você é um dos vendilhões do templo, cede ao lobby dos piores elementos da profissão, aqueles que não estudaram o quanto deveriam e querem ganhar mais do que os que estudaram, na marra. Você colaborou com isso. Se o seu filho for dentista, aconselhe-o: "Filho, não estude, faça propaganda, que a lei o papai garante".

Durma tranquilo, Marcos. Vire fazendeiro, porque com a odontologia você já ferrou.

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