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terça-feira, 5 de maio de 2009

Filme

Os letreiros a te colorir embaraçam a minha visão 
Eu te vi suspirar de aflição e sair da sessão, frouxa de rir 
Chico Buarque (As vitrines)

Não sou de postar críticas de filmes, mas essa eu vou cometer.  Assisti ao filme Noel - Poeta da Vila, DVD emprestado pela minha amiga Sapavéia.  Conta a vida de Noel Rosa.

Primeiro eu preciso dizer que eu adoro Noel.  Quem não ouviu, cheirou, fumou, bebeu e se alimentou da arte de Noel não pode dizer que já ouviu samba.  Eu, músico, sambista, injetei Noel nas veias! O homem era simplesmente um monstro, nos poucos anos que viveu, revolucionou a música brasileira.   Mas o filme não chega aos pés do biografado.  A arte é boa, reconstituição da época Ok, os atores são ótimos, inclusive os (pra mim) desconhecidos.  Mas pra quem conhece a história, ficou faltando algo.  

Faltou a correspondência entre os fatos da vida dele e as músicas que ele fez.  Aliás, a música, no filme, é figurante.  Em primeiro plano, os amores, a doença, as desgraças que aconteceram com ele.  Ora, se o homem foi um deus do samba, da poesia e da música, porque não colocar essas coisas em destaque?  Ficaram em segundo plano, como coadjuvantes, como se fosse para ilustrar, um pano de fundo.  Decepcionante.

Figuras importantíssimas na vida dele, como Wilson Batista, Mario Lago e Francisco Alves, aparecem rapidamente.  Quem mais aparece são as mulheres, que não foram, para ele, além de musas.  O samba era seu amor.  Ao invés de um relato histórico sobre uma personalidade importante, o filme virou um romance melado, com final triste, expondo em cores cruas a decrepitude a que a tuberculose o levou.  Melhor seria se mostrasse as situações em que ele compôs cada música, se as músicas fossem tocadas no filme (apenas partes puderam ser ouvidas), se a história fosse mais fiel e real, menos focada no folclore e mais na verdade.

Desnecessárias as cenas de sexo quase explícito, apelativo.  Desnecessária a cena dele vomitando sangue.  Desnecessária a melação e a transformação de um gênio em um fraco.  É uma pena, com aquele ator (Rafael Raposo, ótimo!) poderia ser um grande filme.  Honrou a tradição do cinema brasileiro de transformar ótimas oportunidades em retumbantes decepções.  E, cheio de logotipos de órgãos oficiais, deve ter recebido dinheiro do governo.  Mais uma coisa que eu pago compulsoriamente, revoltado.

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