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sábado, 14 de março de 2009

As agruras de ser professor

O que eu queria, o que eu sempre quis
Era ser dono do meu nariz
Arnaldo Antunes (Autonomia)


Ontem, em conversa com os colegas. Discutia-se, em uma animada roda em torno de uma churrasqueira acesa e devidamente abastecida por número bastante e suficiente de espetos, sobre o papel do professor. Devo confessar que alguma cerveja lubrificava nossas normalmente tão conspícuas mentes...

O cerne da discussão seria a possibilidade de auto-avaliação pelos alunos - argumentava-se que nenhum aluno em sã consciência admitiria que foi insuficiente seu desempenho em uma disciplina e merecia ser reprovado, repetindo-a.  Assim, alunos absolutamente incapazes seriam aprovados e nós estaríamos colocando no mercado* alguns maus profissionais.  Foi então que um dos envolvidos fez a seguinte pergunta:

- Qual é o seu papel como professor?

Bela pergunta, cara-pálida.  Como respondê-la?  Por acaso é papel do professor filtrar maus profissionais?  Por acaso é responsabilidade nossa impedir que estes cheguem ao mercado?  Teremos mesmo a missão de depurar a turba que, ano após ano, consegue penetrar os insondáveis mistérios do vestibular e assoberbar as escolas?  As conclusões foram, no mínimo, esclarecedoras:

No ensino superior, espera-se que o aluno tenha consciência e maturidade para procurar seus próprios caminhos.  Cabe ao professor disponibilizar a informação e facilitar o acesso a esta.  Professor não ensina.  Não se pode enfiar a informação goela abaixo do aluno.  Disponibilizamo-la e ele, se achar por bem fazê-lo, assimila.  Já é uma tarefa árdua essa, já é difícil e complicado, sem ter que ficar pensando se aquele aluno será ou não um bom profissional.  Para filtrar maus profissionais existem órgãos competentes (ou nem tanto) como os CRO's da vida.  A nós, professores, cabe tentar fazê-los compreender que só através do conhecimento é que se pode melhorar.  Nos cabe estimular e inspirar o aluno, não segurá-lo dentro da universidade além do que ele quer ficar.  Cada um que encontre o seu caminho.  Quem entra lá pode sair um ótimo ou um péssimo profissioanal, independente de ter bons ou maus professores.  Só depende dele.

* Notem, estimados leitores, que eu capitulei e acabei reconhecendo que a Odontologia virou, mesmo, um comércio desavergonhado.  Assim, nada mais coerente do que chamar de "mercado" o ambiente em que trabalhamos.  Se é pra vender coisas que o cidadão nem sequer sabia que desejava, que seja algo decente, pelo menos.

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