Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Os que eu sustento

Trabalho no ritmo desse Chamamé
Meu pouco Salário faz minha ilusão
Taiguara (Voz do leste)

Confesso que entrei 2007 cansado e desiludido. Sou classe média, como quase todo Cirurgião Dentista neste país. Sei de pouquíssimos que ganham o suficiente para não precisar fazer malabarismos no final do mês para pagar as contas. O problema é que a "classe média", mais do que uma classificação econômico-social, tem se tornado uma piada, de mau gosto.

Cada vez mais, nós é que pagamos por tudo o que acontece no país. Sustentamos pobres e ricos. Os pobres recebem o dinheiro que o governo me extorque dia após dia, via impostos absurdos que incidem até sobre os serviços mais essenciais de que uma criatura pode precisar. Além dos pobres, os políticos e outros figurões do governo também viajam de jatinho e bebem Moet & Chandon com o meu dinheiro. Contra isso eu posso fazer muito pouco: tentar sonegar ao máximo todos os impostos que eu conseguir e esbravejar neste blog.

Eu também sustento os ricos. Eu tenho que comprar coisas, gasolina (que tem adição de álcool, produzido por riquíssimos usineiros), carne (produzida por ricos fazendeiros), carro, roupa, sapato, cerveja, e por aí afora. Cada vez que eu compro um gênero de primeira necessidade, como esses que citei acima, eu estou dando dinheiro para um empresário que não vai precisar contá-lo no fim do mês para pagar as contas, como eu faço.

A bem da verdade, eu prefiro sustentar os ricos. É que eu não sou obrigado a comprar as coisas, compro porque quero, sinto vontade e tenho um retorno. Eu adquiro alguma coisa. Já quando eu sustento os pobres, o dinheiro me é tomado à força, extorquido, roubado. Além disso, meu retorno é zero! Se eu der 20 paus a uma família de índios que está dormindo na calçada em frente ao mercado municipal, eu ajudei a família e me sinto bem com isso, tenho um retorno emocional, sou recompensado na minha consciência. Se o governo me rouba e dá esse dinheiro aos índios, pra mim, só ocorreu o roubo. E os índios ainda saem dizendo que foi o Lula que ajudou.

Hoje eu li uma entrevista com a economista Patrícia Andrade, em que ela diz uma coisa que eu sempre pensei, e até cheguei a falar algumas vezes. Ela escreveu um artigo em resposta ao Arnaldo Jabor, falando sobre meninos de rua. O Jabor dizia que todos nós temos culpa por aqueles meninos estarem pedindo dinheiro nos sinais de trânsito e a Patrícia Andrade argumentou que ela não tem culpa nenhuma, que ela sempre cumpriu com seus deveres. Nossa, eu sempre pensei assim! Eu acho exatamente isso, eu não sou culpado pela pobreza, pelo contrário, eu sustento um governo patriarcal e populista, que eterniza a pobreza contra a minha vontade. Eu sei que só a educação de qualidade pode acabar com a pobreza. Para isso é preciso uma política agressiva, professores bem formados e bem remunerados, investimento pesado em infra-estrutura e tals, mas o governo prefere o fome-zero...

Mas eu sei que os sucessivos governos não querem acabar com a pobreza. Não é um bom negócio. Manter uma parcela do povo na pobreza é uma coisa boa, porque o governo diz que dá a eles, e eles mantém os governantes no poder. Círculo vicioso.

Nenhum comentário: