Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br
Mostrando postagens com marcador Perdas e danos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Perdas e danos. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Outra perda - Arnaud Rodrigues

Urubu tá com raiva do boi, e eu já sei que ele tem razão
É que o urubu tá querendo comer, mas o boi não quer morrer
Não tem alimentação
Urubu tá com raiva do boi (Baiano e os Novos Caetanos)

Eu normalmente não gosto de humoristas. Acho que a maioria do humor no mundo é escrachado demais, apoia-se em expedientes rasteiros como palavrões, clichês e piadas preconceituosas sobre raça, orientação sexual, cor da pele ou origem das pessoas. Pouquíssimos são os humoristas que conseguem escapar dessa praga, e Arnaud Rodrigues era um deles. Acho que ele nem era humorista mesmo, era um cara muito inteligente que tinha bom humor. Resolvia algumas falhas do Chico Anísio, que é quase tão inteligente quanto ele.

Pois o Arnaud Rodrigues, que compôs com o Chico Anísio a dupla de músicos mais descolada que já aconteceu na música brasileira, morreu no final deste carnaval, afogado em um estúpido acidente de lancha. Mais uma grande perda para a música brasileira. Assim, só vão sobrar os Beatles...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Adeus, Pena Branca! (Atualizado)

A tua saudade corta feito aço de navaia
O coração fica afrito, bate uma, a otra faia
E os óio se enche d'água...
Que até a vista se atrapaia.
Cuitelinho (Folclore do Pantanal)

Morre um dos últimos representantes da legítima música caipira brasileira. Sem a choradeira e a dor-de-corno dos sertanojos que se dizem músicos, mas que nunca viram uma partitura na vida. Que se dizem sertanejos mas nunca viram uma vaca de perto. Pena Branca e Xavantinho eram músicos "de raiz", músicos radicais, que cantavam a simplicidade e a vida do campo. Sem afetações, sem copiar country americano, sem palhaçada.

Gravaram coisas históricas como O Cio da Terra, Calix Bento e Cuitelinho, canções que nem caipira são, mas que tomaram o jeito caipira na voz da dupla. Chamá-los de "sertanejos" é uma desonra. Uma afronta. Eram caipiras, sim, de boa cepa, puros de origem e orgulhosos da música que faziam. Não ficaram ricos, mas fizeram um Brasil mais rico, em sua cultura, em sua diversidade, em seu povo.

É realmente uma pena. Aos poucos, infelizmente, nossa música vai perdendo o que tinha de melhor, às custas da ganância de alguns desclassificados que enfiam goela abaixo da moçada os gêneros importados. Aqui no nordeste, onde imperava o forró pé-de-serra, vejo com pesar a invasão do sertanojo, da pior qualidade. Ainda se ouve forró dos bons, mas só em locais freqüentados por corôas ou turistas.

Por outro lado, volto a escrever aqui o que já afirmei em outro post (agora não me lembro e estou com preguiça de pesquisar)*: a música Cuitelinho é do folclore do Pantanal, que fica no Mato Grosso do Sul (a melhor parte dele, pelo menos). Veja no mapa, se duvida.


Atualização: Achei o post que fala da música.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Difícil

Me desculpem, está difícil escrever. Meu pai faleceu no dia 30/07, vítima de um câncer de pulmão. Eu até fiquei inspirado quando outras pessoas queridas se foram, como a Miriam Mourão ou a Célia Rodrigues, mas escrever sobre o meu pai é diferente. Então eu acho que vou ficar uns tempos sem escrever aqui. Paciência. Se eu conseguir, escrevo sobre ele. Se não, vou inventar outra coisa. Mas, prometo, não vou deixar de escrever.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Menos imposto, êba!

Já gozei de boa vida, tinha até meu bangalô
Cobertor, comida, roupa lavada 
Vida veio e me levou
Chico Buarque (
O velho Francisco)

Pois é, agora o governo resolve inventar uma fórmula, complicada e cheia de esquinas, para diminuir um pouquinho o expurgo do rendimento da turma que sustenta o país.  E ainda tem uns idiotas que criticam a medida!

Quem criticou, no caso, foi o excelentíssimo senhor Everardo Maciel.  Lembram-se dele?  Pois foi o secretário de fazenda que aumentou brutalmente a carga tributária por aqui, durante os mantatos FHC.  Será que o cara tem autoridade moral pra falar mal de uma redução  no imposto?  Será que ele paga imposto?  Eu sugiro que a Receita Federal dê uma incerta nas contas do moço, acho que vai sair coelho dessa toca.

Eu continuo advogando a sonegação pura e simples.  Pra mim, isso não é crime, é legítima defesa. Pena que eu sou assalariado agora, não dá pra sonegar, mas se eu voltar à clínica, é claro que eu vou esconder tudo o que puder, porque o assalto é grande.  E o senhor Everardo que se dane, eu quero que ele vá dar as opiniões dele ao diabo!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A queda da guerreira

A morte pra mim não é despedida
Porque a morte é a vida

Que se faz continuar

Martinho da Vila (Clara Nunes)


Hoje eu soube que morreu a minha cachorrinha, lá em Campo Grande, por obra e arte da piometria, uma infecção uterina que já me levou a Nina, uma pastor alemão que eu adorava. Agora foi a Fly, um bicho que chegou na minha casa por vias tortas, não agradava às pessoas, mas era uma criatura capaz de feitos incríveis.

Eu estou muito triste. Mais uma coisa pra me entristecer... mas eu vou superar, tenho certeza que dei a ela o melhor que podia, cama quente, comida boa, carinho, bricadeiras e uma mãezona, a Sissy, que cuidava dela como de um filhote. Era eu quem brincava com ela, nos poucos momentos em que nos encontrávamos. Ela era irrascível, teimosa, agressiva, fominha, mas eu gostava dela. Cachorro, quando morre, é como se morresse uma pessoa da família.

Sapavéia, a amiga que me recebeu em casa e está me aguentando até agora, disse uma coisa interessante: que, segundo Chico Xavier, quando está pra acontecer uma coisa muito ruim com a gente, o bicho próximo pede, espiritualmente, para ficar com o sofrimento. Se for assim, eu tenho que agradecer à minha pobre pinscher marrom, tão pequena, tão valente, tão guerreira. Ela venceu tantos obstáculos na vida que eu prefiro nem pensar. A Sapavéia é muito espiritualizada. Eu não, eu sou ateu, à toa e sem-vergonha, mas essa idéia mexeu comigo.

Vai, Fly, vai morder o calcanhar de algum anjo por aí, e saiba que nós todos sempre a amamos muito.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

10 Mitos da Ortodontia

O MAIOR DE TODOS - O APARELHO DE GRAÇA*

Hoje é comum oferecerem aparelho ortodôntico grátis. Eu ouvi falar disso há alguns anos, em um curso de marketing. Antes de tudo eu preciso avisar que eu acho marketing muito bom pra quem é incompetente. Dentista que não presta precisa fazer propaganda. Mas naquele tempo eu era jovem, inocente, achava que isso poderia me ajudar em alguma coisa...

Bom, o palestrante perguntava aos ortodontistas se eles cobravam a montagem do aparelho e todos responderam sim. Então ele argumentou: “Se você não cobrar a montagem e aumentar um pouco o preço da manutenção mensal, ao final de 18 meses, que é o tempo médio de duração de um tratamento ortodôntico, terá ganhado mais do que ganharia se cobrasse a montagem e a manutenção nos preços normais.”

Legal, você disse que não cobrava, cobrou até mais do que o normal e todo mundo fica feliz. Só tem um problema: você mentiu. Descarada e vergonhosamente, mentiu na primeira consulta com o seu cliente. Mentiu no começo de uma relação que deve durar um ano e meio, e que deveria se basear na confiança mútua, pois o cliente confia que você vai fazer o tratamento direito e você confia que ele vai colaborar usando e cuidando dos aparelhos.

Eu acho que o dentista que faz isso deveria ir preso. Sem meio termo. Porque, se por um lado ele mente para o seu cliente, por outro ele joga no lixo a dignidade da profissão. Alguns clientes me perguntam porque eu cobro o aparelho, e eu sou obrigado a dar uma aula de dignidade para a pessoa. Sou obrigado a explicar que TODO MUNDO COBRA, só que alguns mentem e eu não. Que ninguém trabalha de graça e, se trabalhar, é porque não investiu na sua formação e não se valoriza como profissional. Se o profissional não se valoriza, o cliente o valorizará?

Por outro lado, essa história é exatamente igual a conto do bilhete premiado. O cliente acha de deu uma de esperto, conseguiu de graça um aparelho que o vizinho pagou caro, enganou o ortodontista, aquele otário. Mas na verdade, quem sai depenado, quem é o otário é o cliente, que ouviu uma mentira deslavada, fez que acreditou e acabou pagando mais por um tratamento desonesto.

* Este post gerou outros.  Siga a discussão em