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Da Paraíba para o mundo, com amor:

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quarta-feira, 18 de março de 2009

Aposentadoria do Prof. Guedes

Diz quem foi que fez o primeiro teto que o projeto não desmoronou 
Quem foi esse pedreiro, esse arquiteto, e o valente primeiro morador 
Diz quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor
Chico Buarque (
Almanaque)

Recebi, há alguns dias, e publico aqui, a informação da aposentadoria do Prof. Guedes-Pinto, baluarte da Odontopediatria no Brasil, meu professor e amigo.  Pessoa que admiro muito, apesar de, ou  - mais provável - pela personalidade fortíssima, que nunca se deixa abater, que nunca recua frente a qualquer desafio, que leva a vida como uma luta constante contra tudo o que acha errado.

Admirável, Prof. Guedes.  Professor e cientista, ser humano de enorme coração e igual capacidade para uma boa briga.

Ele se aposenta com plena capacidade física e a mesma mente sagaz e curiosa que sempre demonstrou, evidenciando uma incoerência do sistema educacional brasileiro, a tal aposentadoria compulsória.  Já fiquei feliz por alguns professores chegarem à idade da compulsória, porque estavam ocupando um lugar que poderia ser ocupado por um profissional jovem e competente, com maior capacidade de trabalho e pesquisa.  São professores que não produzem mais, continuam no cargo talvez por pura vaidade, ou inércia, ou sei lá o quê, lendo jornal na sala dos professores enquanto seus assistetes ministram as aulas.  Não é o caso do Prof. Guedes, ativíssimo tanto em sala de aula como na coordenação de pesquisas.

Bem, só o que eu posso fazer é divulgar o prêmio e o encontro comemorativos e desejar a ele que continue produtivo e curta mais a família.


sábado, 14 de março de 2009

As agruras de ser professor

O que eu queria, o que eu sempre quis
Era ser dono do meu nariz
Arnaldo Antunes (Autonomia)


Ontem, em conversa com os colegas. Discutia-se, em uma animada roda em torno de uma churrasqueira acesa e devidamente abastecida por número bastante e suficiente de espetos, sobre o papel do professor. Devo confessar que alguma cerveja lubrificava nossas normalmente tão conspícuas mentes...

O cerne da discussão seria a possibilidade de auto-avaliação pelos alunos - argumentava-se que nenhum aluno em sã consciência admitiria que foi insuficiente seu desempenho em uma disciplina e merecia ser reprovado, repetindo-a.  Assim, alunos absolutamente incapazes seriam aprovados e nós estaríamos colocando no mercado* alguns maus profissionais.  Foi então que um dos envolvidos fez a seguinte pergunta:

- Qual é o seu papel como professor?

Bela pergunta, cara-pálida.  Como respondê-la?  Por acaso é papel do professor filtrar maus profissionais?  Por acaso é responsabilidade nossa impedir que estes cheguem ao mercado?  Teremos mesmo a missão de depurar a turba que, ano após ano, consegue penetrar os insondáveis mistérios do vestibular e assoberbar as escolas?  As conclusões foram, no mínimo, esclarecedoras:

No ensino superior, espera-se que o aluno tenha consciência e maturidade para procurar seus próprios caminhos.  Cabe ao professor disponibilizar a informação e facilitar o acesso a esta.  Professor não ensina.  Não se pode enfiar a informação goela abaixo do aluno.  Disponibilizamo-la e ele, se achar por bem fazê-lo, assimila.  Já é uma tarefa árdua essa, já é difícil e complicado, sem ter que ficar pensando se aquele aluno será ou não um bom profissional.  Para filtrar maus profissionais existem órgãos competentes (ou nem tanto) como os CRO's da vida.  A nós, professores, cabe tentar fazê-los compreender que só através do conhecimento é que se pode melhorar.  Nos cabe estimular e inspirar o aluno, não segurá-lo dentro da universidade além do que ele quer ficar.  Cada um que encontre o seu caminho.  Quem entra lá pode sair um ótimo ou um péssimo profissioanal, independente de ter bons ou maus professores.  Só depende dele.

* Notem, estimados leitores, que eu capitulei e acabei reconhecendo que a Odontologia virou, mesmo, um comércio desavergonhado.  Assim, nada mais coerente do que chamar de "mercado" o ambiente em que trabalhamos.  Se é pra vender coisas que o cidadão nem sequer sabia que desejava, que seja algo decente, pelo menos.